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Parceria pela catálise (1 notícias)

Publicado em 28 de fevereiro de 2007

Indústria e instituições de pesquisa uniram forças para o aperfeiçoamento de catalisadores. Assinado no fim de 2006, começa a vigorar este mês um convênio de três anos entre a Petrobras, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Capazes de realizar rapidamente reações químicas que a natureza demora séculos para produzir, os catalisadores são indispensáveis para o refino de petróleo. Melhorar sua eficiência não é tarefa simples, mas pode significar, para a indústria petrolífera, grande economia de tempo e dinheiro. As refinarias brasileiras consomem 28 mil toneladas de catalisadores por ano.
De acordo com Daniela Zanchet, pesquisadora do LNLS, o projeto faz parte da Rede de Materiais Aplicados ao Refino de Petróleo, uma das redes temáticas de pesquisa da Petrobras. "O projeto consiste na implementação de infra-estrutura para a caracterização avançada de materiais por tecnologia de luz síncrotron e microscopia eletrônica", disse à Agência FAPESP.
Daniela explica que a tecnologia síncrotron permite a observação da estrutura atômica do material, para que se entenda com precisão o que ocorre com as partículas durante a reação. A caracterização do catalisador permite o aperfeiçoamento do produto, tornando-o ao mesmo tempo ativo e estável.
"Há catalisadores formados por óxido de ferro, com partículas com cerca de 50 nanômetros. Com a tecnologia do laboratório podemos descrever o que se passa em nível atômico e entender se há crescimento da partícula, se há outros elementos misturados ou se o material perdeu a atividade catalítica, por exemplo", disse a pesquisadora.

Investimento considerável
O interesse da Petrobras, segundo Daniela, faz parte de uma estratégia de aproximação com instituições de pesquisa. "Eles têm uma atuação forte em pesquisa, mas os projetos são muito numerosos e interessa à empresa descentralizar as atividades, aproveitando a estrutura e os recursos humanos disponíveis nas outras instituições", disse.
Em contrapartida, a empresa investirá no pagamento dos cientistas contratados para o projeto pelo laboratório e pelas universidades e no desenvolvimento da instrumentação. A Petrobras não divulgou os valores envolvidos, mas a primeira parcela já foi depositada.
"Na fase inicial, trabalharemos apenas com a implementação de infra-estrutura para atender às necessidades dos diversos projetos da Petrobras. Mais tarde, vamos alinhavar a parte de pesquisa e desenvolvimento", disse Daniela. Três pesquisadores foram contratados para o projeto no LNLS.
A interação entre os participantes será feita de duas maneiras. Em alguns casos, a Petrobras apresentará um problema específico que os cientistas do LNLS vão procurar resolver. Em outros, os pesquisadores das universidades terão acesso diferenciado às linhas de luz síncrotron para se dedicar às necessidades do projeto.

Outras parcerias
A experiência do LNLS na interação com a indústria no ramo de catalisadores começou em 2002, quando o laboratório assinou convênio com a empresa Gtech, de São Gonçalo (RJ), que produz sorbitol. O produto é usado nas indústrias farmacêutica e alimentícia. "Em 2004, tivemos um projeto de apoio à nanociência aprovado pelo CNPq, para melhorar o processo de produção da empresa. Começamos também naquela época uma pesquisa mais exploratória, tentando a síntese coloidal para explorar novos catalisadores. O projeto acabou no fim do ano passado, com retorno bastante positivo", disse Daniela.
Em 2005, o LNLS trabalhou no processo de caracterização dos catalisadores produzidos pela Oxiteno, empresa especializada em passar a produção de catalisadores da escala piloto para a industiral.
"A idéia era dar algumas diretrizes para melhorar esse processo. Deu certo e renovamos o contrato para 2007. Estamos mostrando a importância da aplicação na indústria das técnicas desenvolvidas no laboratório. E essa interação traz, continuamente, melhorias para a infra-estrutura disponível para os usuários do LNLS - todas as parcerias trouxeram melhorias nas linhas de luz", disse a pesquisadora. [Fapesp]