Uma parceria com prazo de dez anos entre o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), a Cooperativa dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar) e o Instituto de Ciências Biomédicas (IBC) da USP galha espaço no mercado internacional e é a grande esperança ecológica para substituir os polímeros tradicionais a base de petróleo.
O plástico biodegradável - polihidroxibutirato industrial (PHB) - é produzido a partir do açúcar, nas regiões dos municípios de Serrana e Sertãozinho, pelos grupos Irmão Biagi e Balbo, e já está sendo enviado a centros de pesquisa europeus e norte-americanos para análise. A novidade tecnológica foi publicada no site da revista Pesquisa, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), cujo site é www.revistapesquisa.fapesp.br.
BAGAÇO DA CANA
O plástico brasileiro é obtido a partir do bagaço de cana hidrolisado - um resíduo da indústria de álcool e de açúcar. Atualmente, entre 60% e 90% dos 81 milhões de toneladas anuais do bagaço de cana produzido nas usinas é usado na geração de energia elétrica. De acordo com levantamento feito, o excedente desse resíduo, que em 1999 chegou a 8 milhões de toneladas, causa sérios problemas de estocagem e poluição ambiental. O projeto financiado pela Fapesp foi coordenado pela pesquisadora Luiziana Ferreira da Silva, bioquímica do Agrupamento de Biotecnologia do IPT, que fez parte da equipe que criou o bioplástico.
Segundo as informações do IPT e da Fapesp, o plástico biodegradável tem características semelhantes às de alguns polímeros sintéticos, que utilizam o petróleo como matéria-prima, mas se decompõe muito mais rapidamente, depois de descartado, do que os plásticos convencionais conhecidos atualmente.
De acordo com a pesquisa, enquanto as garrafas de Poli (tereftalato de etileno) ou PFT levam mais de 200 anos para se degradar, e os plásticos tradicionais, mais de cem anos, as resinas plásticas biodegradáveis se decompõem em 12 meses. No processo de decomposição, o material brasileiro se transforma em gás carbônico e água, sem liberação de resíduos tóxicos.
RENTÁVEL E COMPETITIVO
O PHB também é mais rentável. Seu preço está cotado em U$ 4 por quilo - quatro vezes mais que do polímero sintético. Apesar da diferença de preço, é considerado competitivo, principalmente no mercado externo. Nos Estados Unidos. Japão e países europeus, por exemplo, onde a reciclagem é obrigatória - assim como sua comprovação - a relação custo-benefício do PHB torna-se primordial, pois não há preocupação nem custos efetivos com reciclagem.
O mercado mundial de plástico é da ordem de 200 milhões de toneladas por ano. Segundo estimativas de especialistas, a fatia do mercado que deve ser ocupada pelos bioplásticos gira em tomo de 1% a 2% nos próximos dez anos.
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Gazeta Mercantil