RIO DE JANEIRO - Pesquisadores brasileiros anunciaram ontem o seqüenciamento genético do Schistosoma mansoni, o parasita causador da esquistossomose em países da África, do Caribe e da América do Sul, o Brasil entre eles. A doença é endêmica em 74 países, onde mata de 300 mil a 500 mil pessoas por ano, e, estima-se, atinge dez milhões de brasileiros. Não há vacina contra a esquistossomose.
Os pesquisadores seqüenciaram 92% dos 14 mil genes do parasita. O estudo é considerado importante porque fornece informações cruciais para o desenvolvimento de novas drogas para o tratamento da doença e vacinas.
A pesquisa ampliou o número de genes totalmente conhecidos do Schistosma de 160 para 510. Além de apontar 45 deles como alvos potenciais para novas drogas e 28 como alvos para o desenvolvimento de possíveis vacinas.
"No Brasil, existe apenas uma droga para o tratamento da esquistossomose", afirmou Luciana Cezar de Cerqueira Leite, pesquisa do Instituto Butantan, que participou do mapeamento. "Como há regiões endêmicas, há gente tratada praticamente todo ano e já há relatos de parasitas resistentes à droga".
O estudo foi feito por 37 pesquisadores brasileiros de laboratórios da USE Unicamp, Butantan e Adolpho Lutz e custou US$ 1 milhão, custeado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp). O seqüenciamento foi publicado na última edição da "Nature Genetics".
A revista científica apresentou também o seqüenciamento do Schistosoma japonicum, parasita que causa a doença na China e em outros países da Ásia. Os cientistas seqüenciaram cerca de 13 mil genes dos 15 mil presentes no parasita.
A doença se propaga pela penetração do parasita através da pele e mucosas humanas, quando as pessoas se banham em águas contaminadas. O mal atinge diversos órgãos do corpo.
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O Liberal (PA)