A paralisação de 48h dos funcionários da unidade de Campinas da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, por melhores condições salariais, impediu a nebulização com inseticida prevista para ser realizada ontem no Jardim Santa Lúcia, região Sudoeste de Campinas. No entanto, a médica veterinária da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), Andréa Von Zuben, disse que a paralisação não chegou a prejudicar as ações de combate à dengue. Ela explicou que os 200 ajudantes de controle ambiental recém contratados, foram capacitados para fazer nebulização.
"Como a greve é de 48h, conseguiremos suprir a ausência dos funcionários da Sucen com a equipe do município", disse Andréa. Ela informou que geralmente, dois terços das ações de nebulização são feitas por ajudantes de controle ambiental do município, e um terço pela equipe da Sucen.
Segundo a dirigente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaúde), Sebastiana Maria de Souza, cerca de 40 funcionários da unidade campineira da Sucen interromperam as atividades ontem, por 48h, para pressionar o governo do Estado a aceitar as reivindicações da categoria. Os trabalhadores pedem 40% de reajuste, reposição de perdas salariais, jornada de 30 horas semanais, valor de prêmio incentivo igual para todos; e aumento do vale refeição de R$ 4,00 para R$ 14,00. Segundo Sebastiana, as unidades de Campinas e Mogi Guaçu interromperam as atividades. A Secretaria de Estado da Saúde, informou, via assessoria de imprensa, que a Sucen de Campinas é a única que consta como em greve. A Secretaria não informou quantos trabalhadores interromperam as atividades, nem as providências que a pasta vai tomar.
Casos
A Secretaria de Saúde de Campinas confirmou mais 34 casos de dengue esta semana. Com isso, o total de casos passa para 558. O pequeno volume de novos casos, no entanto, não significa que a transmissão está diminuindo em Campinas. "A expectativa é que o pico ocorra mesmo agora em abril", afirmou Andréa Von Zuben. Historicamente abril é o mês de maior pico da doença.
Bactéria pode bloquear a duplicação do Aedes aegypti
Uma bactéria que pode bloquear a duplicação do vírus da dengue em mosquitos foi descoberta por cientistas da Universidade do Estado de Michigan, nos Estados Unidos. O achado poderá ajudar no desenvolvimento de tratamentos contra a doença que ameaça cerca de 2,5 bilhões de pessoas em todo o mundo e para o qual atualmente não existe vacina. "Na natureza, cerca de 28% das espécies de mosquitos são hospedeiros da bactéria Wolbachia, mas esse não é o caso do mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti. Verificamos que a Wolbachia é capaz de parar a duplicação do vírus da dengue e, se não houver vírus no mosquito, ele não se espalhará para as pessoas. Ou seja, a transmissão da doença poderia ser bloqueada", disse Zhiyong Xi, um dos autores do estudo. O estudo foi publicado na edição de abril da revista PLoS Pathogens. Xi e colegas introduziram a bactéria por meio da injeção do parasita em embriões.
(Da Agência Fapesp)