Renato Janine Ribeiro é professor de Ética e Filosofia Política da USP. Artigo enviado pelo autor ao 'JC e-mail';
Uma eleição disputada tem ganhos e perdas. Os ganhos são em democracia, em transparência, em qualidade de discussão. As perdas são em mágoas.
A tarefa de todos nós, do começo da campanha até o fim das apurações, é fazer que os ganhos prevaleçam sobre as perdas.
Conduzir a discussão no plano das idéias, como fizemos, aumenta os ganhos e reduz as perdas, expande o espaço público e diminui os ressentimentos de ordem pessoal.
Por isso, tenho a maior satisfação em cumprimentar os mais de dois mil sócios que votaram, o maior número em termos absolutos e um dos maiores em termos relativos na história da SBPC.
Também cumprimento os vitoriosos, a principiar por meu oponente, Ennio Candotti, eleito presidente de nossa Sociedade.
Agradeço em especial aos que votaram em meu nome para presidente, bem como aos que participaram do debate de idéias que nosso site de campanha suscitou, iniciando um novo modo de fazer política que, estou seguro, haverá de influenciar as futuras campanhas no mundo científico e universitário.
Embora, por pequeno número de votos, o programa 'Por uma SBPC com maior atuação social' não tenha conquistado a Presidência, elegemos os outros cargos principais da Sociedade.
Assim elegemos a secretária geral, Regina Markus, o 1º tesoureiro, Aldo Malavasi, bem como o mais votado dos vice-presidentes, Carlos Vogt — que portanto, pela praxe e também pelo Regimento, deverá ser o primeiro vice-presidente da SBPC - e a mais votada das secretárias, Ana Maria Fernandes.
Estou seguro de que nossos ideais, por uma SBPC mais audaz e mais presente na sociedade brasileira, estarão presentes na atuação de nossos companheiros.
Mas penso que o principal resultado de nossa campanha foi mostrar que somos capazes de reunir vários bens num só.
Podemos fazer uma campanha em que tudo seja dito de público, sem nada deixar para o rumor dos corredores; podemos ser respeitosos com os adversários, tratando-os como companheiros de quem discordamos, e nunca como inimigos com quem estaríamos em guerra, e igualmente respeitosos com os sócios, dizendo-lhes tudo o que queremos e o que não queremos; podemos reunir os instrumentos mais avançados de discussão, como a Internet, e uma consciência nítida do que são os desafios políticos que hoje se colocam para a ciência, no Brasil.
Terminamos assim a campanha: não atingimos a Presidência, mas acreditamos ter conseguido mudar o modo como se disputam cargos nos meios onde prevalece a inteligência.
Esta mudança nos orgulha. Desejamos, por isso, sucesso à nova Diretoria e ao Conselho, e muita sorte à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
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