O presidente da ETH Bioenergia, José Carlos Grubisich entende que se o País deseja garantir a liderança no setor de energia limpa e sustentável e agregar valor à Biomassa na indústria química e bioquímica, grandes esforços e investimentos em novas tecnologias devem ser realizados de forma contínua, ousada e estruturada. A questão da inovação tecnológica é considerada como importantissima pára o desenvolvimento do setor de bioenergia no País, explicou o executivo em entrevista exclusiva para o INFOENERGIA.
INFOENERGIA - Como é visto hoje o setor de bioenergia nacional?
JOSÉ CARLOS GRUBISICH - Nos últimos anos, o segmento de bioenergia consolidou seu potencial nacionalmente e, por sua competência, abre oportunidades no mercado internacional, assegurando a liderança na produção de energia limpa e renovável. Hoje, o setor passa por uma mudança em seu modelo de negócio, no qual as operações agroindustriais são fortemente integradas e combinam competitividade e sustentabilidade.
INFOENERGIA - O setor gerador de bioenergia também evoluiu no País?
GRUBISICH - As unidades incorporaram tecnologias agrícolas de última geração, com a total mecanização das operações e novas variedades de cana-de açúcar com alta produtividade, aliadas a inovações na área industrial, com moderna automação, alta eficiência dos processos e consumo otimizado de recursos naturais. Após dobrar de tamanho nos últimos quatro anos, o setor tem um potencial significativo de crescimento pela frente e um novo ciclo de investimentos deverá ser realizado pelas empresas brasileiras para acompanhar a demanda crescente no Brasil e no mundo.
INFOENERGIA - Quer dizer que tecnologias inovadoras são necessárias para o crescimento do setor a partir de agora?
GRUBISICH - Sem dúvida nesse cenário, é importante que esse crescimento seja acompanhado pelo desenvolvimento de tecnologias inovadoras e sustentáveis que agreguem valor aos processos e produtos do segmento para garantir rentabilidade e perenidade no médio e longo prazos. A inovação e a tecnologia serão determinantes para o Brasil continuar liderando a dinâmica do setor de bioenergia. Hoje, existe um movimento internacional acelerado de investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) focado em tecnologias de ruptura para aproveitar melhor a Biomassa e criar produtos, como o plástico verde lançado recentemente pela Braskem.
INFOENERGIA - Países desenvolvidos também possuem esta visão em relação a bioenergia?
GRUBISICH - Os países mais desenvolvidos também estão preocupados com o desenvolvimento da área de bioenergia. Estados Unidos e Europa, além de emergentes como China e Índia, já anunciaram a ambição de desenvolver tecnologias ligadas à valorização da Biomassa.
INFOENERGIA - Qual o caminho que temos a seguir nesta busca de novas tecnologias para o setor de bioenergia?
GRUBISICH - Nesse intenso ritmo de investimentos, é importante que o Brasil mobilize esforços dos setores público e privado e, por meio das universidades e de centros de excelência tecnológica, como o Centro de Tecnologia Canavieira e a Embrapa, defina um programa ambicioso de P&D. Os recursos financeiros disponíveis - BNDES, Finep, Fapesp - contribuirão para que o país não perca as oportunidades do uso eficaz e sustentável da Biomassa brasileira, a mais competitiva do mundo. O Brasil reúne as competências técnicas e humanas, mas o que o manterá à frente será sua capacidade de inovar.