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Jornal do Commercio (RJ)

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Publicado em 13 junho 2011

Por Carlos Tavares

Carlos Tavares

A estupidez humana é responsável pela destruição de mais de 5 milhões de km² para extração ilegal de madeira nos trópicos e por mais de 3,5 milhões de km² de desmatamento autorizado para ampliação de fronteiras agrícolas. A estupidez humana é responsável pelo sexto maior evento de extinção de fauna e flora da história da Terra, segundo cientistas de várias partes do mundo que colaboraram em 20Ó9 com a elaboração de um balanço para o Greenpeace sobre a situação do planeta. Esses mesmos cientistas calculam que menos de 10% da superfície do globo têm florestas intactas e que o processo de destruição de agora em diante vai aumentar 10 vezes a velocidade. Um dos sintomas mais preocupantes é que 25% dos mamíferos estão em vias de extinção.

Embora o Brasil seja signatário da Convenção Internacional sobre Biodi-versidade.Biológica, a recente aprovação (em 25 de maio) do novo Código Florestal pôs em alerta especialistas brasileiros e internacionais em relação à indesejável contribuição do País (que ainda detém um quinto da água doce do globo terrestre) para acelerar a destruição de sua cobertura vegetal e, por consequência, provocar a aniquilação de biomas, alguns ainda com o privilégio de se constituir em refúgios de animais, de plantas e de homens. No Brasil, a comunidade científica reunida em torno do projeto Biota-Fapesp, criado pela Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo, interpreta a redução das áreas de preservação permanentes (APPs) como mais um passo em direção à devastação.

Em carta publicada na revista Science, cientistas brasileiros advertem sobre o risco que correm, por exemplo, anfíbios e peixes com a diminuição de áreas de matas ciliares e de reservas legais que protegem recursos hídricos que ainda resistem ao facão dos empresários do campo. Destacam a expansão dos plantios de cana-de-açúcar em São Paulo como responsáveis pela morte de corpos d" água importantes para a biodiversidade da região e chamam a atenção para o aumento de áreas plantadas no Centro-Oeste e para o risco de redução de refúgios florestais e animais.