Notícia

Folha de Londrina

Para Gramani, a rabeca tem voz própria

Publicado em 14 fevereiro 2003

Por Ana Clara Garmendia - Equipe da Folha
Curitiba- "Zé Gramani", como era conhecido o autor do livro que será lançado hoje, no Cine Curitiba, era tido como uma verdadeira autoridade em rabeca no Brasil. Em 1995 aprovou na Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) um projeto de pesquisa sobre o instrumento, abordando a técnica de quatro artesãos e as áreas de construção de cada rabeca. "A rabeca é um instrumento que se diferencia da quase totalidade dos outros por uma característica fundamental: a ausência de padrões no seu processo de construção, no seu formato, tamanho, número de cordas e outros detalhes (...) Tais características garantem que cada instrumento tenha uma personalidade' uma voz própria. Neste fato reside o principal interesse da pesquisa", justificou Gramani na apresentação de seu projeto. Apresentada em oito capítulos, a obra traça um panorama de como agem e como criam os quatro personagens-chave da construção do instrumento no País. Para que o leitor não fique confuso na hora de ler os textos originalmente escritos por Gramani a diagramação da obra recebeu atenção especial. Há uma comunicação visual que índica, por cores, quais são os textos de Gramani (fundo colorido) e dos colaboradores (fundo branco). A projetista Paola Faoro cuidou para que no projeto ficassem evidenciados o trabalho de cada um e neste apanhado foram incluídas partes do diário de Ana Salvagni, fichas técnicas de cada artesão, partituras musicais, desenhos feitos por Gramani no computador e muitas fotos do passo a passo na construção das rabecas. A construção das rabecas também ganhou atenção especial sendo apresentada com critérios bem práticos que facilitam o entendimento de qualquer interessado por cultura. Aliás, este é um dos objetivos do livro: ser do interesse de pessoas que gostem de cultura. Segundo a filha do pesquisador, que também é instrumentista de dois grupos musicais paranaenses bem conhecidos, Mundaréu e Noivas do Alfredo, a obra foi pensada para que todos os que tem afinidade com a cultura popular possam entendê-la. Para ela há um mito de que não existe cultura oriunda no Paraná e com o livro fica bem claro que as coisas não são bem assim. "Descobrimos que dois dos maiores rabequeiros do Brasil estão aqui". Depois de lançar o livro na cidade onde o pai era muito prestigiado e para onde vinha freqüentemente ministrar cursos nas Oficinas de Música, Daniella pretende organizar uma mostra itinerante com quarenta fotografias, incluindo algumas que ficaram fora do livro. Este projeto já está programado para acontecer em cidades brasileiras como Campinas, São Paulo, Maceió e Rio de Janeiro. Um CD com as músicas de Gramani também deve ganhar forma dentro de pouco tempo. Para quem for ao Cine Curitiba, a entrada é franca. Como atrações, em comemoração ao lançamento da obra, haverá apresentações dos grupos As Noivas do Alfredo, Carca o Arco e do Trio Bem Temperado, grupo formado pelo pesquisador.