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Para fazer bem, cerveja tem de ser bebida logo (1 notícias)

Publicado em 19 de setembro de 2007

Um estudo das propriedades de três marcas brasileiras de cerveja feito para a dissertação de mestrado da pesquisadora Priscila Becker Siqueira, da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra que, no fim de seu prazo de validade, a cerveja perde até 50% de sua capacidade antioxidante, conferida principalmente por compostos fenólicos, em especial flavonóides.

"As atividades antioxidantes dos flavonóides auxiliam tanto a própria bebida, retardando seu envelhecimento, como também podem contribuir para a prevenção de diversas doenças, como as degenerativas e do coração, devido ao seqüestro de radicais livres do plasma sangüíneo", disse Priscila à Agência Fapesp.

Segundo ela, a cerveja contém cerca de 400 miligramas por litro de compostos fenólicos, enquanto o suco de goiaba, por exemplo, tem cerca de 700 mg/l e o suco de uva entre 1 e 2 gramas por litro. "Essa concentração é de fenóis totais, que incluem ácidos fenólicos e flavonóides como chalconas, flavanonas e flavonóis", explicou.

Durante quatro meses de testes, a cada dez dias a pesquisadora colheu amostras e realizou cinco tipos de testes bioquímicos diferentes, além de análises sensoriais para identificação de modificações no aroma e sabor.

"Os resultados mostram que a cerveja pode perder, até o décimo quinto dia após a fabricação da bebida, até 35% de seus compostos fenólicos. Depois disso, a ação desses compostos se mantém constante até o sexto mês, quando se encerra a vida de prateleira média das cervejas, podendo perder mais 15% nesse período de estocagem do produto", disse.

Nas análises sensoriais ao longo do envelhecimento, a pesquisadora constatou indicadores característicos do processo de oxidação da bebida, como o conhecido "gosto de papelão".

"Isso é gerado pelo aumento da concentração de um aldeído presente na cerveja, chamado trans-2-nonenal. Além disso, há aumento do gosto doce e diminuição do amargo. Isso ocorre devido à reação de Maillard, efeito químico causado pela mistura de proteínas e açúcares", disse.