Notícia

O Diário (Mogi das Cruzes)

País tem 24 mil novos casos da doença ao ano

Publicado em 14 março 2004

O câncer de pulmão é um dos mais agressivos. A velocidade com que a doença toma todo o órgão e a ausência de sintomas contribuem para aumentar o índice de mortes. No Brasil, segundo o professor de Cirurgia Torácica da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), Olavo Ribeiro Rodrigues, surgem 24 mil novos casos a cada ano. Apenas 15% dos doentes percebem o tumor no estágio inicial, quando ainda existem grandes chances de cura. Rodrigues revela que a sobrevida dos pacientes que tiveram câncer de pulmão varia em função dos estágios em que a doença foi descoberta e extirpada por uma intervenção cirúrgica. Oitenta por cento dos doentes que foram operados no primeiro estágio de desenvolvimento do tumor vivem mais 10 anos após a operação. A sobrevivência pós-intervenção vai se reduzindo e chega a quase zero quando o mal é descoberto no nível quatro. "Neste caso, não chegam a um por cento os operados que vivem mais um ano". As pessoas que integram o grupo de risco, e que podem desenvolver um câncer de pulmão, são aquelas que chegaram aos 50 anos de idade e que tenham fumado por 20 anos pelo menos 20 cigarros diários. "Antigamente, este tipo de tumor estava mais relacionado aos homens, mas estamos vendo um acréscimo de 40% no número de mulheres que estão desenvolvendo a doença", observa Rodrigues. O médico e professor da UMC Roberto Storte Matheus, que concluiu recentemente um estudo que pode contribuir para aumentar a sobrevida dos pacientes acometidos por este tipo de doença, diz que o câncer de pulmão é "um mal silencioso". "Quando os sintomas começam a aparecer e o paciente procura um médico para fazer o diagnóstico, de 70 a 80% dos casos já estão em estado avançado, onde não existe a menor chance de cura, pois uma intervenção cirúrgica já não é mais possível. Embora existam casos em que o doente ficou dois anos vivos, o normal é que a morte ocorra dentro de seis meses".