O Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP) concluirá, nos próximos dias, a fase piloto do Projeto Yvyraporã, que em tupi-guarani significa Árvore Bonita. O objetivo é melhorar a formação acadêmica dos futuros engenheiros florestais e conscientizar a população de que as árvores trazem mais benefícios do que transtornos para a cidade. Piracicaba tem apenas 9,80% de cobertura arbórea. Sofreu uma redução nos últimos anos, quando o índice era de 11%.
A proposta foi desenvolvida pelos professores Demóstenes Ferreira da Silva Filho e Ciro Abud Righi, com apoio do chefe do departamento, professor José Leonardo Gonçalves, e recebeu prioridade um do departamento de Cultura e Extensão da Esalq.
"O projeto consiste em que cada aluno do curso de Engenharia Florestal seja responsável por um ponto da cidade. Nesse local, ele terá de desenvolver projetos de educação ambiental com os moradores, conscientizá-los da importância das árvores, promover plantio de mudas e se responsabilizar pelas árvores plantadas por cinco anos, até se formar", informou Righi.
Por ano ingressam no curso 40 alunos. "Ainda estamos em fase de teste do projeto. Essa primeira etapa foi desenvolvida no Jardim Monumento, o bairro considerado o pior em cobertura arbórea da cidade, com 7,14% e que, segundo a Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Sedema), é o que tem menos adesão aos projetos de incentivo ao plantio", afirmou Demóstenes.
Entre os bairros a diferença é grande. Além do Jardim Monumento, também estão entre os bairros que têm menos árvores plantadas a Vila Rezende (7,95%) e a Cidade Alta (7,31%). Entre os melhores está a Cidade Jardim, com 14,66% e o Nova Piracicaba, com 18%. "A diferença de temperatura entre um bairro arborizado, como o Nova Piracicaba, e o Centro pode ser de até três graus. Isso significa que se a temperatura é de 29 graus no Centro, no Nova Piracicaba será de 26 graus", explicou Demóstenes.
Por esses dados, pesquisados desde 2006 pela Esalq, em parceria com a Prefeitura de Piracicaba e apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), foi desenvolvido o Projeto Yvyraporã, que também tem como objetivo formar profissionais mais preparados para lidar com a silvicultura urbana e inovar o contato com a população, para que os números das pesquisas sejam revertidos e a cidade possa ser comparada a outras com maior cobertura arbórea, como Maringá, no Paraná. "Esse município tem 16,83% de cobertura arbórea e é praticamente do mesmo tamanho de Piracicaba", comentou Demóstenes.
Ele informou que em Maringá, houve um grande investimento para a troca da fiação elétrica nas ruas e as lâmpadas de iluminação foram colocadas abaixo das copas. "A redução dos custos com a poda compensou as alterações em favor das árvores".
BENEFÍCIOS. De acordo com os professores, a cidade precisa mudar a consciência ambiental e entender os benefícios das árvores para o microclima, retenção de água de chuva, preservação do asfalto, entre outros.
A conclusão dos testes do Yvyraporã deverá ser no início do próximo mês. O secretário de Defesa do Meio Ambiente, Rogério Vidal, conheceu o projeto na semana passada. Por meio da assessoria de imprensa, ele explicou que está aguardando uma nova reunião com os alunos para ver a possibilidade de viabilizar parceria da Sedema ao projeto.