O novo ministro também fez duras críticas ao negacionismo, que atribuiu como um dos responsáveis pelo agravamento da crise sanitária durante a pandemia
Em uma cerimônia de posse no Palácio do Planalto, Alexandre Padilha assumiu oficialmente o cargo de Ministro da Saúde nesta quarta-feira (10/3), reafirmando seu compromisso com a redução do tempo de espera no Sistema Único de Saúde (SUS) e a melhoria da atual tabela de remuneração do sistema. Em seu primeiro discurso como ministro, Padilha destacou que sua gestão será marcada pela “obsessão em ampliar o acesso ao atendimento especializado e garantir um SUS mais ágil e humano”.
Redução do tempo de espera e acesso digno
Padilha enfatizou que a demora no atendimento no SUS é um problema crônico que se agravou durante a pandemia de covid-19 e foi negligenciado pelo governo anterior. “Não há solução mágica para um problema que se arrasta há décadas. Não se trata de uma doença aguda para a qual já exista um remédio imediato. Como dizemos na medicina, não é algo que possamos resolver apenas aliviando a febre e a dor momentaneamente”, afirmou.
O ministro citou exemplos de situações que considera inaceitáveis, como a de um entregador que não consegue trabalhar por falta de um exame acessível ou de famílias que passam noites em angústia aguardando a realização de uma biópsia. “O diagnóstico precoce é essencial para aumentar as chances de cura do câncer. Essa não será apenas uma prioridade – será nossa agenda diária de trabalho”, declarou.
Padilha prometeu que sua equipe trabalhará 24 horas por dia, de segunda a segunda, para garantir um atendimento especializado digno e reduzir o tempo de espera. “Nosso compromisso é com a saúde de urgência, mas também com a prevenção e o cuidado contínuo”, acrescentou.
Enfrentamento ao negacionismo e defesa do SUS
O novo ministro também fez duras críticas ao negacionismo, que atribuiu como um dos responsáveis pelo agravamento da crise sanitária durante a pandemia. “Negacionistas, vocês têm as mãos sujas com o sangue de todos aqueles que partiram na pandemia. Este governo não permitirá que a perversidade de vocês gere indiferença e desprezo à vida das nossas crianças e famílias brasileiras”, afirmou.
Padilha ressaltou que o SUS é um pilar fundamental da sociedade brasileira e que sua gestão será pautada pelo fortalecimento das campanhas de vacinação, pelo combate a doenças tropicais, como dengue e malária, e pela busca de novas tecnologias para aprimorar o atendimento. “Aqui vocês têm um ministro e um presidente da República que dizem sim à OMS, sim às campanhas de vacinação e sim ao fortalecimento do SUS”, declarou.
Novo modelo de financiamento e valorização dos profissionais
Um dos principais desafios assumidos por Padilha é a reformulação do modelo de financiamento do SUS. O ministro anunciou que sua equipe trabalhará para substituir a atual tabela SUS por um sistema de remuneração mais eficiente, que valorize estados, municípios e hospitais que garantirem atendimento rápido e de qualidade. “Teremos coragem e ousadia para superar esse modelo e criar uma política que valorize quem atende no tempo certo. Não há solução mágica, mas há determinação”, destacou.
Além disso, Padilha reforçou a importância da valorização dos profissionais de saúde, garantindo que o Ministério será parceiro de universidades e centros de formação para priorizar a qualidade da formação de médicos e demais trabalhadores da área. “A saúde pública precisa de trabalhadores qualificados e valorizados para garantir um atendimento eficiente”, afirmou.
SUS como vetor de desenvolvimento e inovação
O novo ministro também destacou o papel do SUS como impulsionador da produção científica e do desenvolvimento tecnológico no Brasil. Ele citou como exemplo a recente produção da vacina 100% nacional contra a dengue pelo Instituto Butantan, resultado de uma transferência de tecnologia que garante mais autonomia ao país na produção de imunizantes. “A saúde tem o potencial de ser um catalisador de inovação e desenvolvimento, gerando emprego, renda e conhecimento para o Brasil. O SUS não é apenas um direito do povo, é também um motor de progresso para o país”, afirmou.
Desafios da nova gestão e legado de Nísia Trindade
Ao encerrar seu discurso, Padilha reconheceu os desafios que enfrentará à frente do Ministério da Saúde, mas expressou confiança em sua experiência prévia como ministro no governo Dilma Rousseff e como secretário de Saúde de São Paulo. “Sei que não será fácil, mas quem aprendeu com Lula sabe que, diante de uma dificuldade, a gente teima, vai lá e faz. Quem ama o povo brasileiro, como o presidente Lula ama, nunca vai deixar de lutar por um SUS mais forte, mais ágil e mais humano”, observou.
A posse de Padilha marca a transição da gestão de Nísia Trindade, que conduziu o Ministério da Saúde desde o início do terceiro governo Lula, em 2023, e foi responsável pela reconstrução de políticas públicas essenciais, como a retomada da cobertura vacinal e o combate à desinformação sobre vacinas. “Nísia, o Brasil agradece a você e à sua equipe pela reconstrução do Ministério da Saúde depois de anos sombrios. Você substituiu o negacionismo pelo compromisso com a saúde pública e com a ciência”, concluiu Padilha.
Com um discurso marcado por compromissos firmes e um tom de urgência, Alexandre Padilha assume o Ministério da Saúde em um momento crucial para o SUS, com a missão de transformar promessas em ações concretas para milhões de brasileiros que dependem do sistema público de saúde.
Por Delmo Menezes
Da Redação do Agenda Capital