Pesquisadores da USP de Ribeirão Preto (353 km de SP) estão fazendo o primeiro teste brasileiro de uma terapia inovadora anticâncer, que modifica o DNA das células do próprio paciente para enfrentar a doença.
A abordagem, conhecida pela sigla inglesa CAR -T, foi utilizada há um mês para tratar um funcionário público aposentado de 62 anos, morador de Belo Horizonte, diagnosticado com linfoma não Hodgkin de células B. Não havia mais perspectivas para o doente, considerado terminal e sofrendo com fortes dores.
“O filho dele me procurou porque ficou sabendo que eu tinha ganhado um prêmio da Associação Americana de Hematologia para desenvolver a CAR-T aqui”, conta o médico Renato Guerino Cunha, pesquisador do CTC (Centro de Terapia Celular da USP e do Hemocentro de Ribeirão Preto). Por enquanto, não se trata de um tratamento convencional. O objetivo é testar a segurança de uma nova terapia.
A sigla CAR-T é um tipo de terapia mais personalizada, na qual os pesquisadores levam em conta a assinatura molecular de cada tipo de câncer, de forma a desenhar uma arma contra ele, explica Dimas Tadeu Covas, coordenador do CTC e diretor do Instituto Butantan.
Os resultados, ainda não definitivos, impressionam. Todos os sintomas que marcam a doença, da sudorese noturna à dor forte, sumiram. Os exames de sangue do paciente estão normais e ele começou a ganhar peso.
Mais quatro pacientes já estão na fila para receber o tratamento. A tecnologia, porém, custa centenas de milhares de dólares, o que explica o interesse de instituições públicas em dominá-la e oferecê-la por meio do SUS. A pesquisa foi financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de SP.
(Folha)