O caso de Paulo é o mais recente de remissão completa em curto período de tempo
Um homem de 61 anos, chamado de Paulo Peregrino, que lutava contra o câncer há 13 anos e estava prestes a receber cuidados paliativos, foi submetido a um tratamento com o CAR-T Cell, e teve o linfoma completamente removido.
O caso de Paulo é o mais recente de remissão completa em curto período de tempo do grupo de estudos que foi feito com 14 participantes do Centro de Terapia Celular. Depois de ficar sob cuidados médicos no Hospital das Clínicas da cidade de São Paulo, ele teve alta no domingo, 28.
A submissão a qual o paciente participou faz parte de um protocolo adotado pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto. Para os procedimentos, são usadas verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
De acordo com o portal g1, todos os pacientes tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores, com recuperação através do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo o portal, ainda no segundo semestre deste ano, 75 pacientes devem ser tratados com o CAR-T Cell, depois de autorização da Anvisa para o estudo clínico. Atualmente, o tratamento existe somente na rede privada brasileira, ao custo de ao menos R$ 2 milhões por pessoa.
O método tem como alvo tratar três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, que atinge a medula óssea. O tratamento contra mieloma múltiplo ainda não está disponível no país.
De acordo com o portal, entre os outros 13 participantes como Paulo, 69% tiveram remissão completa em 30 dias. O primeiro paciente tratado com a técnica na rede pública do Brasil teve resultados parecidos com os de Paulo, mas morreu por causa de um acidente doméstico em casa.
CAR-T Cell no SUS
O médico Dimas Covas disse afirmou que a produção das células é complexa e tem custo elevado, em torno de R$ 2 milhões por paciente, sem incluir gastos com internação, conforme divulgou o g1.
O grupo de pesquisa do Centro de Terapia Celular de Ribeirão Preto desenvolveu a versão nacional dessa tecnologia. Em 2019, foi feito o primeiro tratamento bem-sucedido. Apenas o Brasil utiliza a técnica em toda a América Latina.
O grupo fez uma parceria com o Instituto Butantan em 2021, e foram instaladas duas fábricas no estado. Uma na Cidade Universitária, em São Paulo, e outra no campus universitário Ribeirão Preto, com capacidade de produção inicial de 300 tratamentos por ano.
Segundo o portal, Dimas explicou que é necessário financiamento para realizar o tratamento para 75 pacientes com linfoma e leucemia e gerar dados clínicos que permitam o registro do produto na Anvisa.
Ainda de acordo com Dimas, o estudo custará R$ 60 milhões, mas economizará R$ 140 milhões em relação aos preços praticados pelas empresas privadas. Ele diz que o projeto foi apresentado ao Ministério da Saúde e a expectativa é de apoio e financiamento para avançar a tecnologia no país, que pode iniciar uma nova indústria de biotecnologia. A previsão é a de que o estudo comece em agosto deste ano.
“Já tem uma fila de pacientes, porque os médicos que já sabem que nós estamos nesse processo mandam constantemente nomes de pessoas, e esses nomes estão sendo colocados numa fila por requisitos”, disse Damas ao g1. A Anvisa enviou uma nota para o portal.
“A Anvisa recebeu proposta de ensaio clínico conduzida pelo CEPID-FAPESP-USP e este pedido está em análise pela Anvisa. O pedido faz parte de um projeto-piloto em que a Anvisa, selecionou o Centro de Terapia Celular (CEPID-FAPESP-USP) de Ribeirão Preto para colaboração no desenvolvimento de produtos de terapia avançada no Brasil. Assim, a Agência tem feito interlocução com a equipe de desenvolvimento do CEPID-FAPESP-USP para aprimorar o desenho do estudo. O CEPID-FAPESP-USP também estabeleceu um cronograma com a Anvisa para enviar informações sobre a possível fabricação do produto e os controles aplicáveis nos próximos meses. A Anvisa, por sua vez, tem dado prioridade a estas análises, proporcionando retorno rápido ao desenvolvedor, com o objetivo de priorizar a execução desse estudo no Brasil."
Como funciona a técnica
De acordo com o g1, a produção da terapia tem início com a coleta dos linfócitos de defesa do tipo T do paciente, que são como “soldados” do sistema imunológico, e que são levados para o laboratório e modificados geneticamente.
Isso ocorre para que o câncer seja reconhecido. As células são multiplicadas em milhões e devolvidas ao paciente, onde circulam, encontram e matam o tumor sem afetar as células normais. As próprias células do paciente são “treinadas” para combater o câncer.
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