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Os tubarões de Miami estão ficando obesos? Verdadeiro (16 notícias)

Publicado em 22 de setembro de 2022

Por Marcela Virgulino*, do R7

RESUMINDO A NOTÍCIA

  • Tubarões nas praias de Miami estão ficando obesos devido a urbanização na região
  • Outras espécies não são afetadas pela zona urbana
  • Preservação ambiental e redução de dejetos pode proporcionar vida longa aos animais

Os temidos tubarões, conhecidos por serem os caçadores mais letais do oceano, e levarem o público ao cinema para ver os filmes do diretor Steven Spielberg, agora estão ficando obesos. O fenômeno foi observado nos animais que vivem próximos das praias de Miami, nos Estados Unidos.

Recentemente um estudo divulgado pela revista Science of the Total Environment em parceria com a agência Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), revelou que a espécie de tubarão-lixa (Ginglymostoma cirratum) vem acumulando gordura no corpo. Um dos motivos é que eles vivem perto das áreas urbanas.

O professor e biólogo Leonardo Marconato da Estácio, explica que "tubarões-lixa são mais sedentários, pois possuem um sistema de ventilação das brânquias mesmo quando estão imóveis, outras espécies, quando param de nadar, morrem."

"A presença de ácidos graxos de bactérias, comuns nos esgotos, foi identificada nas águas de Miami onde esses tubarões vivem, além disso, há outros indicadores como a construção de portos e a atuação de pescadores na região que jogam restos de pesca, facilitando na obtenção de alimentos", destaca o professor Rubens Oda, da Faculdade Descomplica.

Com um corpo de forma achatada, o tubarão-lixa recebe esse nome porque sua pele possui uma  textura muito áspera, parecida como uma lixa. Além da aparência, o animal possui um bigode que o permite encontrar alimentos no fundo do mar.

A revista Science of the Total Environment também destacou que outras espécies como por exemplo o tubarão-galha-preta (Carcharhinus limbatus) não é afetada da mesma forma que os tubarões-lixa. O motivo? O professor Antônio Mataresio Antonucci, do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Anhanguera de Sorocaba, ressalta que a diferença de dá pelas características de cada espécie.

“Diferente do tubarão-lixa, mais sedentário, vive perto da zona urbana e que não se movimenta tanto, gastando menos energia, o tubarão-galha-preta vive em uma área mais afastada da costa e se dispõe a nadar mais, sendo mais ativo".

O acúmulo de gordura pode reduzir a vida do tubarão-lixa?

“Não podemos afirmar com certeza, pois não há estudos suficientes que comprovem que  o acúmulo de gordura afete o tempo de vida desses animais", ressalta Antonucci. "Mas baseado nos mamíferos, que se comerem demais acabam engordando e diminuindo suas expectativas de vidas, podemos considerar que os tubarões-lixa correm mais risco, mas não é uma certeza”, 

Para o biólogo Leonardo Marconato, não há precisão sobre a longevidade dos animais, principalmente quando avaliados os efeitos da urbanização e da poluição. "Não há estudos nesse sentido para afirmar com segurança que há uma diminuição do tempo de vida."

O que pode ser feito para preservar a vida dos tubarões?

A poluição e a exploração descontrolada dos recursos naturais coloca em risco a vida marinha. "Quando pensamos nesse tipo de impacto, não tem como não pensar nos erres da sustentabilidade: reduzir, reciclar, reutilizar, repensar e recusar", diz o professor Rubens Oda. "É preciso ter tratamento de esgoto antes de ser despejado no mar."

*Estagiária do R7 sob supervisão de Karla Dunder.