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Gazeta Mercantil

Os italianos unidos pelo futebol (1 notícias)

Publicado em 20 de janeiro de 2000

O Palestra Itália, time de futebol fundado em 1914 por italianos em São Paulo, é um dos catalisadores da identidade italiana na Capital. A partir das primeiras partidas do antigo Palestra - atual Palmeiras - ser italiano passou a ser positivo. No começo do século, em alguns casos, ser italiano estava muito ligado à periferia e à pobreza , explica o sociólogo José Renato de Campos Araújo, autor do livro Imigração e Futebol, o Caso do Palestra Itália. A obra deverá ser lançada até março pela editora da Universidade de São Paulo. Além de unir ainda mais o italiano em torno do futebol, explica Araújo - ele é também especialista em imigração italiana no Brasil -, o caso do Palestra Itália tornou-se importante porque ajudou muito a popularização do futebol em São Paulo. Até a época de fundação do clube, o futebol era um esporte apenas da elite, afirma o pesquisador. Segundo ele, após 20 anos de sua fundação, o Palestra Itália já era um dos principais clubes de futebol no cenário brasileiro e paulista. A 2ª Guerra Mundial abreviou a história do clube com o nome Palestra Itália. Por causa da participação dos italianos no conflito, ao lado dos alemães e japoneses, os brasileiros obrigaram a mudança de nome e a descaracterização da equipe como representante dá Itália. Além de mudar o nome, eles tiveram que tirar o vermelho dos punhos da camisa. Assim as cores da Itália não estavam mais representadas na camisa , diz Araújo. Outra modificação, lembra o estudioso, foi a aceitação, em 1942, de um jogador negro nas fileiras da equipe. Og Moreira era o nome do jogador. Em outras capitais do Brasil também existiam outros Palestras. Dois deles são hoje o Cruzeiro de Minas e o Coritiba. Depois do caso Palestra, Araújo estuda agora o papel dos intelectuais italianos no processo imigratório. Este estudo, ao lado dos das pesquisadoras Maria do Carmo Campello de Souza e Célia Sakuni, faz parte do projeto Imigrantes, Elite e Sociedade em São Paulo. Participação do trabalho o Instituto de Estudos Econômicos Sociais e Políticos de São Paulo (Idesp), a Unesp e a Universidade Federal de São Carlos. A Fapesp investiu R$ 92,3 mil no projeto.