Graduando-se em Ecologia pela Unesp de Rio Claro, Max Langer sempre gostou de tudo o que se relacionava à Historia Natural, animais e meio ambiente. E, por ocasião de um presente de infância, uma coleção de 8 mil selos, com raridades do século 19, interessou-se pela filatelia de cada correio existente na África. O motivo? A representação, nos selos, de animais típicos de cada uma das regiões daquele país. Paleontólogo de prestígio internacional, vê nas coleções uma maneira de unir os que as amam e de ensinar os demais a compartilhar conhecimento.
Em 1998, por ocasião de suas pesquisas, teve a oportunidade de descobrir, durante um feriado de Carnaval, três fósseis de dinossauros em Santa Maria (RS), pertencentes a uma das espécies mais antigas do mundo, aos quais ele batizou de Saturnalia tupiniquim. Saturnália em homenagem homônima às festas pagãs romanas semelhantes ao Carnaval. Por sua vez, o doutorado integral na Inglaterra fez com que se sentisse parte de um sistema muito parecido com sua maneira de ser e lhe ensinou que outros cientistas também atuavam no mesmo caminho e que, portanto, ele não estava sozinho.
Buscando o equilíbrio entre ensino, pesquisa e extensão, entende que os principais problemas pelos quais o Brasil passa se resumem a duas causas: governantes sem princípios e população ignorante. Na impossibilidade de se substituírem tais governantes, uma vez que substitutos mais honrados não se apresentam, e de diminuir a ignorância brasileira a curto prazo, a única saída que vê é o investimento em educação. De tal forma que, daqui a uns 20 anos, talvez o Brasil tenha governantes mais compromissados e população mais consciente com os quais contar.
Sendo a filatelia, as viagens, a leitura de Nietszche, Camus e Nabokov, a música e o vôlei os elementos aos quais ele se dedica quando não está pesquisando, indica Early dinosaurs: a phylogenetic study, The sacral and Pelvic anatomy of the stem-sauropodomorph Saturnalia tupiniquim, Linnaeus and the Phylocode: where are the diferences?, A sauropodomorph dinosaur from the Upper Triassic (Carnian) of southern Brazil e A Late Triassic dinosauriform from south Brazil and the origin of the ornithischian predentary bone como seus trabalhos mais relevantes. E é apreciando as árvores do Campus da USP de Ribeirão Preto e refletindo que existe sabedoria suficiente no silêncio, que deixa o seguinte incentivo para os futuros pesquisadores:
Ainda que o sistema acadêmico atual premie mais a quantidade do que a qualidade, não façam ciência para inglês ver, seja este inglês a Fapesp, o CNPq, a Capes, a pós-graduação, o chefe do departamento, os colegas ou quem quer que seja. Ao cientista só existem dois caminhos: o da ética e o da doação. Outros caminhos podem conduzir ao lucro, à fama e ao poder... mas estes não são, seguramente, os caminhos da ciência.
Extraído do livro Cientistas de Ribeirão Preto (Funpec, 2007)