Notícia

Jornal da Tarde

Os bons malandros (1 notícias)

Publicado em 25 de janeiro de 2003

A História oficial, aquela que se aprende na escola, não registra uma única linha. Mas a São Paulo da garoa, que tanto se orgulha de sua dedicação ao batente, já teve, sim, seus dias de glória - e quanta glória! - no exercício da malandragem. As provas estão em Malandros da Terra do Trabalho, da professora Márcia Regina Ciscati, editado pela Fapesp/Annablume. O livro é resultado de sua tese de mestrado na Unesp, a Universidade do Estado de São Paulo. A pesquisa da professora Márcia Regina Ciscati vai de 1930 a 1950. A partir da análise desse período, voltando às vezes no tempo, ela, paulistana do bairro da Penha, reconstrói, ao menos em parte, a história da cidade. Recorrendo a testemunhos variados, depoimentos, notícias de jornal e crônicas literárias - recriou ambientes como a Boca do lixo e o chamado Quadrilátero do Pecado, no centro da cidade, e outros pontos de malandragem, boêmia e jogos, espalhados pelos bairros. Um deles é o tão celebrado Edifício Martinelli, por exemplo, símbolo da urbanização paulistana, que abrigava pelo menos 15 cassinos. Havia, segundo conta Márcia Regina Ciscati em seu livro, luta pelo poder e, principalmente, pelo título de rei da malandragem. Alguns malandros da terra da garoa se tornaram célebres. A autora cita, entre outros, Hiroito Joanides, que chegou a contar a sua história no livro Boca do Lixo, e também Quinzinho e Nelsinho da 45. Gente da pesada." (O texto e a recomendação, bem adequados ao dia da cidade, são de um leitor especial: o jornalista Nicodemus Pessoa, cuja opinião esta coluna endossa inteiramente.)