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Fast Company Brasil

Os 25 momentos mais marcantes da internet brasileira

Publicado em 25 fevereiro 2021

Por Max Alberto Gonzales

As novas gerações de brasileiros desconhecem um mundo sem internet. Em seus computadores e smartphones, as pessoas têm acesso a tudo que o mundo todo cria, dos memes aos papers acadêmicos, dos vídeos divertidos aos serviços públicos e bancários, tudo na ponta dos dedos.

A história da internet do Brasil começou um pouco antes de 1995, o ano do lançamento da Fast Company. Para contar esta história, listamos aqui os 25 fatos que definiram a internet no Brasil.

1) 1987 – FAPESP E LNCC CONECTAM O BRASIL À REDE

A internet nasceu em 1958 nos EUA como uma rede de computadores militares, que logo depois agregou as principais universidades e institutos de pesquisa do país.

No Brasil, os passos decisivos foram dados pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) que já estava conectada à rede Bitnet desde 1981.

Em 1988, a Fapesp e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) se conectaram às redes americanas e deram início ao big bang da internet brasileira.

2) 1989 – RNP, A PRIMEIRA REDE BRASILEIRA

Com Fapesp e LNCC já conectadas às universidades americanas, o passo seguinte tinha de ser a construção de uma rede acadêmica brasileira.

Em setembro de 1989, o Ministério da Ciência e Tecnologia criou a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), responsável por definir a infraestrutura de conectividade da primeira rede de computadores no Brasil. Em 1991, onze cidades brasileiras já estavam conectadas à RNP, que trafegava dados à taxa então rapidíssima de 9.600 bps, ou bits por segundo. São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília já tinham links de 64 Kbps.

A novidade deu frutos rapidamente: as principais universidades começaram se conectar entre si ramificando o backbone da rede, e permitindo a troca de informações como nunca haviam imaginado.

3) 1994 – EMBRATEL LANÇA A INTERNET COMERCIAL

A revolução da World Wide Web já havia começado no mundo e o Brasil não queria ficar de fora. O passo decisivo para tornar a internet acessível ao público brasileiro partiu do governo federal, proprietário da Embratel, empresa de telecomunicações dona do backbone nacional que conectava as cidades brasileiras por cabos e antenas parabólicas.

A Embratel quis ter o monopólio do serviço comercial de acesso à rede, mas o Ministério das Comunicações decidiu liberar a oferta de serviços de conexão para os ISPs, os provedores de acesso à internet.

O pioneirismo da Embratel foi essencial para a internet florescer no país. Os ISPs se conectaram à Embratel, e a Embratel conectou o Brasil à WWW.

4) 1995 – CGI.BR ORGANIZA A SELVA DA INTERNET

Se você já ouviu um veterano dizer que usa a internet desde quando “era tudo mato”, pergunte se estava conectado quando a rede “era uma selva”. Com o lançamento da internet comercial, era necessária uma entidade que pusesse ordem na verdadeira bagunça que era a rede.

Regras de governança, para evitar invasões ou spam, foram algumas das contribuições do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), criado pelos Ministérios das Comunicações e da Ciência e Tecnologia.

O CGI.br é a entidade que define a estrutura da internet brasileira, desde os nomes de domínio e os endereços IP, e foi fundamental para criar a Lei Geral de Proteção de Dados e o Marco Civil da Internet.

5) 1996 – UNIVERSO ONLINE CRIA PRIMEIRO GIGANTE

Três dias separaram o lançamento do Brasil Online (BOL) e o Universo Online (UOL), no final de abril. O primeiro era a operação online do Grupo Abril e o segundo foi criado pelos donos do jornal Folha de S. Paulo. Ambos levaram para a internet brasileira o noticiário diário e reportagens de revistas impressas, além das novidades da internet: bate-papo, e-mail e conteúdo multimídia.

As duas empresas fundiram as operações em setembro, sob a marca UOL, que se tornou líder em serviços de acesso, mesmo com concorrentes como AOL, El Sitio e Terra. O UOL fez IPO, saiu da bolsa, comprou a empresa de infraestrutura Diveo e hoje fatura milhões com serviços. O BOL continua online, discretamente, mas resistente.

6) 1997 – DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA ONLINE

Poucos brasileiros de até 50 anos conheceram a papelada de cor azul ou verde que servia para declarar o imposto de renda todo ano. Os formulários eram complicadíssimos e muitos precisavam contratar contadores para dar um jeito de acertar as contas com o Leão do IR.

Mas a Secretaria da Receita Federal aproveitou a oportunidade: que tal fazer o formulário virar um software, instalado por um CD ou por download, e transmitir a declaração pela Internet? Em março de 1997 a SRF inaugurou o IRPF online e mudou a vida dos contribuintes brasileiros. Hoje, todo tipo de imposto é declarado online, assim como a contabilidade das empresas, com o SPED. O Leão virou online e onipresente.

7) 1998 – O FIM DO MONOPÓLIO NA TELEFONIA

Era uma vez um país onde ter uma linha de telefone em casa significava esperar a operadora lançar um plano de expansão, pagar US$ 1 mil antecipadamente e esperar anos para a linha ser instalada. Era o tempo do monopólio do Sistema Telebrás, cujas empresas estatais de telefonia cobravam o acesso à internet por tempo de uso da linha. Se necessário, você podia comprar uma linha no mercado paralelo por US$ 5 mil.

Em junho de 1998 o Sistema Telebrás foi leiloado por R$ 22 bilhões, e a entrada da concorrência foi liberada. Isso transformou o telefone de artigo de luxo a produto que as operadoras passaram a brigar para oferecer ao consumidor. Sem o leilão, talvez você ainda estivesse na fila para ter um acesso à internet.

8) 1999 – INVESTIDORES DESCOBREM O BRASIL

Quatro anos bastaram para a internet brasileira florescer e novas marcas surgiam, atraindo cada vez mais usuários para os serviços de e-mail e conteúdo online. E onde há um grande mercado potencial, os investidores surgem com apetite fortalecido.

O primeiro grande negócio da internet brasileira foi a compra do Zip.Net pela portuguesa PT Multimedia, em fevereiro. O investimento: US$ 365 milhões. O fundador Marcos Moraes virou milionário e criou o iBest (o Oscar da Internet brasileira), mas o Zip foi incorporado ao UOL e virou uma marca de e-mail. Outra empresa ibérica também estava de olho no Brasil. Em junho, a espanhola Telefónica adquiriu 51% do provedor ZAZ, então controlado pela RBS, por R$ 250 milhões, e criou o Terra Networks.

9) 1999 – SUBMARINO FAZ E-COMMERCE EMERGIR

Com nome de escritor, o empreendedor Jack London fundou em 1995 a primeira loja online brasileira, a Booknet, inspirado pela visita que fez à sede da Amazon.com nos EUA. A Booknet chamou a atenção dos internautas brasileiros, e também de investidores, como Antonio Bonchristiano, Marcelo Ballona e Flávio Jansen, que fundaram a TBL, empresa bancada pelo GP Investimentos. Capitalizada, a TBL comprou a Booknet, que foi a base para lançar o Submarino.com, em novembro de 1999.

Meses depois, a bolha da internet estourou, mas o Submarino persistiu e atraiu investidores estrangeiros, que se juntaram ao GP para torná-lo a principal marca brasileira do e-commerce. Em 2006, o Submarino, Americanas.com e Shoptime foram reunidos na empresa B2W, hoje uma das poucas empresas de internet listadas na Bolsa de Valores brasileira.

10) 1999 – SPEEDY PÕE A INTERNET PRA VOAR

(Crédito: Getty Images)

A internet já era uma febre no Brasil mesmo com a lentidão do serviço discado, com os modems mais velozes baixando dados pela linha telefônica a 56 Kbps. Mas as notícias sobre o serviço broadband de estonteantes 256 Kbps agitavam os internautas brasileiros. Já havia o serviço Ajato, da operadora de TV a cabo TVA, mas limitado ao download, porque o upload tinha que ser feito por uma linha telefônica comum.

Quando a Telefônica anunciou o lançamento do serviço broadband Speedy, em novembro, a história mudou. Bastava o cliente ter uma linha telefônica que um modem de tecnologia ADSL transformava o sinal em uma internet veloz, pronta para o conteúdo multimídia. Hoje o brasileiro pode contratar serviços banda larga de até 200 Mbps.

11) 2000 – IG MORDE A CONCORRÊNCIA

O simpático cachorrinho Micky surgiu em janeiro anunciando uma oferta tentadora aos internautas brasileiros: acesso gratuito à internet discada. Provedores já estabelecidos como UOL, Terra e AOL Brasil protestaram, mas o iG os fez perderem até 15% dos clientes em seis meses. A ideia dos fundadores Nizan Guanaes, Aleksandar Mandic e Matinas Suzuki e Jorge Paulo Lemann era ganhar dinheiro com publicidade nos vários canais do iG, que ainda receberia das operadoras de telefonia pelo tráfego gerado.

Mesmo recebendo R$ 100 milhões num aporte de capital após o estouro da bolha pontocom, o iG demorou para dar lucro e foi vendido para a Brasil Telecom, esta comprada pela Oi, e este o vendeu ao grupo português Ongoing. E passou a cobrar pelo uso de e-mail em 2016.

12) 2000 – A BOLHA PONTOCOM ESTOURA

Fazer o IPO da empresa na Bolsa de Valores eletrônica NASDAQ e premiar funcionários contratados a peso de ouro com stock options. Esse era o roteiro dos sonhos de todo empreendedor de internet. Dezenas de pontocom brasileiras lutavam pela atenção dos investidores de risco, que aportavam milhões nelas para ter lucros gigantescos no IPO. A especulação fez as ações dispararem, até que em março a bolha pontocom estourou, com a NASDAQ caindo quase 10%.

Os efeitos no Brasil foram fortes. Sem acesso a capital, muitas pontocom quebraram e outras foram adquiridas por empresas mais fortes. Desenvolvedores, jornalistas e executivos com salários altos ficaram sem emprego. O estouro da bolha foi uma dor de crescimento que fez as empresas de internet focarem mais nos resultados, em vez do IPO.

13) 2002 – SBP, O PAI DO PAGAMENTO POR PIX

Bem antes de o PIX transferir dinheiro usando apenas o número do celular ou do CPF, houve um tempo em que poucos brasileiros confiavam na internet para fazer operações bancárias. Após anos de hiperinflação, cortes de três zeros na moeda e bloqueio das contas bancárias, os bancos lançaram o internet banking no final dos anos 1990. Correntistas instalaram desconfiados os programas em seus computadores.

Porém, o caos econômico havia criado um forte setor brasileiro de tecnologia bancária. Só faltava criar uma “internet dos bancos”.

Em abril de 2002, o Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) estabeleceu as regras e estruturas para as instituições financeiras falarem a mesma língua e garantirem a realização de pagamentos instantâneos, como o TED. O SPB fez o brasileiro confiar de vez nos pagamentos pela internet.

14) 2004 – BRASILEIROS DOMINAM O ORKUT

O engenheiro turco Orkut Büyükkökten criou duas redes sociais (ClubNexus e inCircle) antes de ser contratado pelo Google e lançar aquela batizada com o seu nome em 2004. Em seis meses, metade de orkuteiros em todo o mundo era de brasileiros. Mesmo limitado a usuários com convite e a mil amigos por perfil, o Orkut ficou tão popular no Brasil que o Google transferiu sua sede de operações do Vale do Silício para Belo Horizonte. Comunidades como “Eu Odeio Acordar Cedo”, scraps, depoimentos e fotos viciaram os brasileiros a bisbilhotar e polemizar na rede social.

O Orkut reinou absoluto até surgirem outras redes, como Facebook e Twitter. Sem atualizações, o Orkut foi abandonado por muitos usuários, e fechado em 2014.

15) 2004 – 3G LEVA A INTERNET PARA PASSEAR

(Crédito: Getty Images)

No início do novo milênio, navegar na internet significava sentar em uma cadeira e usar um computador conectado por um cabo de rede. A tecnologia Wi-Fi ainda era uma raridade no Brasil, assim como os notebooks capazes de usar a internet móvel. Havia poucos telefones celulares de segunda geração (2G) que usavam o WAP, tecnologia de internet de navegação que usava as teclas numéricas e irritava até os mais pacientes.

Em outubro de 2004 a Vivo lançou o primeiro serviço 3G no Brasil, e mudou tudo. Com velocidade inicial de 2,4 Mbps, a navegação móvel mudou da água para o vinho. Enviar fotos por e-mail deixou de ser pesadelo e virou realidade. O brasileiro podia, enfim, andar e navegar ao mesmo tempo.

16) 2005 – MP DO BEM AMPLIA ACESSO AO PC

Antes de o smartphone ser o principal meio de acesso dos brasileiros à internet, navegar era algo exclusivo para quem tinha computador. Em 2005 o governo federal decidiu abrir mão de 9,25% de taxa de PIS/PASEP cobrada dos lojistas, reduzindo o preço final dos PCs. Com a taxa de câmbio do dólar baixa e uma gigantesca demanda reprimida, a MP do Bem foi a razão para milhões de famílias comprarem seu primeiro PC.

O governo brasileiro abriu mão de bilhões de reais em arrecadação de impostos, não só de PCs mas também de smartphones, até o final da validade da MP, em setembro de 2015. Mas o benefício gerado pelo acesso de milhões de brasileiros à tecnologia é imensurável.

17) 2007 – VÍDEO ÍNTIMO FECHA YOUTUBE NO BRASIL

Em 2006, Daniela Cicarelli foi filmada sem autorização por um paparazzo em uma praia espanhola em carícias íntimas com o namorado Renato Malzoni. O vídeo caiu na rede e bombou no YouTube. Eles pediram à Justiça a eliminação do vídeo, mas usuários continuavam postando as imagens na plataforma. Em janeiro de 2007, um juiz bloqueou o acesso ao YouTube em todo o Brasil por vários dias, causando espanto em todo o planeta.

O caso gerou um debate essencial no Brasil: liberdade de expressão vs. direito à privacidade nas redes. Cicarelli e Malzoni pediram R$ 94 milhões de indenização. Em 2015, o Superior Tribunal de Justiça condenou o YouTube a indenizá-los em meio milhão.

18) 2007 – FACEBOOK COMEÇA A FALAR PORTUGUÊS

Quando ainda era chamado thefacebook.com, Mark Zuckerberg dividia as despesas da empresa recém-fundada com o colega e investidor brasileiro Eduardo Saverin. Quando lançou a versão em português, em 2007, a rede social preferida dos brasileiros era o Orkut, e o Facebook já estava em sua quarta rodada de investimento, liderada pela Microsoft, que fez a rede social valer US$15 bilhões. O Orkut não resistiu a esse poder econômico, perdeu a liderança no Brasil em 2001 e fechou em 2014. Deixou saudade, mas o “Feice” caiu nos braços do povo.

O Facebook tornou-se obrigatório no dia a dia dos brasileiros, que são 120 milhões dos usuários da rede, sem contar os 120 milhões de usuários do WhatsApp e 69 milhões do Instagram, adquiridos pelo Facebook.

19) 2008 – IPHONE NO BRASIL, ANDROID NO BERÇO

Desde que Steve Jobs apresentou o iPhone em 2007 não desejar aquele smartphone tornou-se algo impossível. O aparelho touch screen nos libertaria do monte de teclas dos celulares da época. Os brasileiros tiveram que esperar dez meses para ter acesso à novidade, claro, pelo triplo do preço do produto original. Isso não assustou a tribo local de applemaníacos, nem os novos adeptos da tecnologia que mudou a forma de interagir com a internet – mais fácil de usar, o smartphone trouxe milhões de novos usuários para a rede.

Em setembro, a Google lançou o Chrome e o Android, tecnologias que fariam mais brasileiros a ter acesso a um smartphone nos anos seguintes. No final de 2019 havia 234 milhões de smartphones no Brasil, 95% Android.

20) 2011 – IFOOD E NETFLIX: TUDO EM CASA

Esta foi a década do O2O, o “online-to-off-line”. Você pede uma refeição no celular e recebe em casa. Ou pega um Uber. Em maio surgiu o iFood, que espalhou motoqueiros entregando refeições de restaurantes pelas ruas de São Paulo – e depois pelo país todo. Os competidores apareceram logo, como Rappi e Uber Eats, e startups como Delivery Much e Eu Entrego, além da cervejinha gelada entregue em casa pelo James e o Zé Delivery.

E o que fazer com a mesa cheia de comida e cerveja? Que tal um filme? O Netflix, chegou em setembro no Brasil, e criou uma geração de maratonistas de séries. Agora a líder do streaming encara a concorrência da Amazon, Apple, Disney e Globo.

21) 2013 – REDES SOCIAIS ORGANIZAM PROTESTOS

O então prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, não imaginava o que iria acontecer ao assinar o decreto aumentando a tarifa de ônibus em vinte centavos no início de junho. Pelas redes sociais, o Movimento Passe Livre convocou uma manifestação que interrompeu o trânsito da Avenida Paulista. O que seria apenas mais um contratempo na vida do paulistano foi a faísca que incendiou o Brasil.

Nas semanas seguintes, o país foi tomado por protestos convocados e conduzidos pelas redes sociais. Milhões foram às ruas, não só pelos vinte centavos, mas contra todos os governos, contra tudo. A polarização política foi potencializada nas redes sociais, gerando discussões e insultos que acabavam amizades com um block.

22) 2014 – MARCO CIVIL DA INTERNET ENTRA NO AR

“Terra de Ninguém” era uma expressão comum para explicar o lado ruim da internet. Se por um lado a rede traz conhecimento, comunicação e entretenimento, por outro se tornou um campo gigantesco para hackers, perseguidores, pedófilos e criminosos que praticam o “phishing”, para encontrar novas vítimas e tirar o dinheiro delas. Mas o Marco Civil da Internet surgiu para tentar pôr um pouco de ordem nessa bagunça.

Sancionado pela presidente Dilma Rousseff em abril, o Marco Civil é uma “Constituição da rede” no Brasil, definindo a internet como um meio de comunicação neutra, com liberdade para todo tipo de conteúdo, e essencial para a cidadania. O Marco Civil também definiu o que são crimes virtuais e tornou-se um benchmark mundial.

23) 2015 – JUIZ MANDA SUSPENDER WHATSAPP

“Manda um zap” virou o novo “vamos nos falando” para os brasileiros desde 2009. Mandar textos, áudios, fotos e vídeos tornou-se uma rotina diária… até fevereiro de 2015, quando o juiz Luiz Correia, do Piauí, determinou a suspensão temporária do serviço em todo o Brasil. O WhatsApp havia se negado a quebrar o sigilo de uma conta para uma investigação de pedofilia e o juiz não hesitou, e deixou os brasileiros se perguntando “o Whats tá off?”.

Não foi a única vez. Juízes suspenderam o WhatsApp mais três vezes até 2016. Isso não impediu que na eleição de 2018 o disparo em massa de mensagens no WhatsApp fosse decisivo, mesmo contra a legislação eleitoral.

24) 2018 – 99, O PRIMEIRO UNICÓRNIO BRASILEIRO

Fazer um unicórnio no Brasil, onde o câmbio é desfavorável, parecia ainda mais difícil, mas a 99, fundada em 2012, chegou lá.

A 99 percorreu uma montanha-russa: surgiu, levantou capital de risco, quase faliu em 2016 com a concorrência da Uber, mas em janeiro de 2018 a chinesa Didi Chuxing anunciou a aquisição da empresa brasileira. Hoje o Brasil tem 12 unicórnios – e virão mais.

25) 2020 – PANDEMIA ACELERA E-COMMERCE E ZOOM

Altamente contagioso, o novo coronavírus se espalhou com uma velocidade avassaladora e fechou o planeta em março. A pandemia teve de ser contida com distanciamento social e home office para quem pôde trabalhar assim. Escritórios fecharam e, sem clientes, restaurantes, lojas e serviços também. Milhões foram demitidos e hospitais entraram em colapso.

Foi quando o acesso à internet virou um serviço tão vital quanto água e luz. Demitidos começaram a vender pela internet, negócios se reinventaram no digital e o e-commerce movimentou US$ 112 bilhões no Brasil em 2020.

Mas a frase que marcou o “novo normal” de um povo social como o brasileiro foi a das sessões de Zoom:

– Você está no mudo!