A Optovac, pequena empresa de Osasco especializada no setor óptico, é a primeira a desenvolver a tecnologia de fabricação de lentes de superfície asféricas no hemisfério sul. Com a nova tecnologia, as vendas da Optovac devem crescer 30 % em 2004.
A lente asférica (similar a um cone) é utilizada em produtos como aparelhos de som, câmaras fotográficas, microscópios e telescópios.
Sérgio Nobre, diretor da Optovac e coordenador do projeto que desenvolveu a tecnologia, conta que o projeto teve financiamento da própria Optovac, R$ 600 mil, e do Fundo de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), R$ 300 mil.
A tecnologia foi desenvolvida ao longo de quase três anos e ficou pronta em meados de 2003. Quatro produtos que usam a lente e são voltados para a área da educação foram fabricados e passaram a ser comercializados no segundo semestre do mesmo ano pela Optovac.
Os produtos são o Banco Óptico, que permite experimentos em óptica geométrica e física; o Kit Óptica Moderna, para alunos de ensino fundamental e médio; o microscópio; e o ocular para astronomia (componente usado em telescópios). Nobre diz que é cedo para avaliar o impacto da tecnologia no faturamento da empresa, que deve fechar em R$ 1 milhão neste ano.
Em 2004, a empresa pretende comercializar produtos ligados à área de sensores e iluminação com a tecnologia, e buscar no mercado interno as empresas que importam essas lentes.
"As principais vantagens para elas será a entrega rápida e o pagamento em real", afirma.
Nobre informa que o preço será equivalente ao do mercado internacional: custará de US$ 15 a US$ 20 cada lente.
"A razão disso é que a nossa capacidade de produção é pequena comparada à das grandes empresas internacionais. Nivelar o preço ao deles já é uma vantagem", diz.
O diretor da Optovac conta que o mercado de componentes ópticos de precisão no Brasil é bastante pequeno, movimentando cerca de US$500 mil ao ano. Desse montante, 10% (US$ 50 mil) são a participação dos componentes com superfície não esférica (asférica). De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as importações brasileiras de lente — exceto as de contato e para óculos — somam US$ 1.3 milhão.
Nobre comenta que a Optovac entrou nesse mercado porque ele é pequeno e não possui um fornecedor nacional.
"Nesse caso a empresa, mesmo pequena, tem condições de competir, com uma produção proporcional à demanda. Queremos exclusividade no mercado nacional de lentes asféricas".
O diretor da empresa acredita que em um grande mercado e contra grandes empresas instaladas no País a concorrência seria impossível. Os principais fabricantes do segmento de lentes não esféricas estão nos Estados Unidos, Alemanha e Japão.
Fundada em 1986, a Optovac nasceu como fornecedora de válvulas de alto vácuo à Marinha brasileira — na época o País buscava desenvolver tecnologia nuclear, o que proporcionaria demanda desse tipo de produto.
Fernando Collor de Melo, o então presidente, suspendeu o projeto de tecnologia nuclear, e a empresa perdeu seu maior cliente. A Optovac registrou queda de 70% do faturamento e reduziu seu quadro de funcionários de 50 para 9 em 1990.
"A partir de então, passamos a priorizar os equipamentos ópticos, antes secundários", afirma Nobre. Os produtos de tecnologia de vácuo deixaram de ser produzidos, e até 1995 a empresa só fez componentes para a indústria óptica. Hoje, com 27 funcionários, a Optovac fabrica produtos para laboratórios de pesquisas em universidades, escolas e empresas do ramo de astronomia e de eletrônicos.
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DCI