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A Trombeta

Operação prende aliciadores de atos violentos na web (122 notícias)

Publicado em 16 de abril de 2025

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Por Vanilson Oliveira, Alícia Bernardes

Uma operação coordenada pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima da Polícia Civil do Rio de Janeiro (DCAV-RJ) desarticulou, ontem, uma rede criminosa, de atuação nacional, voltada à prática de crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes. A quadrilha atuava em plataformas como Discord e Telegram, e incentivava atos violentos, como suicídio e automutilação. Além disso, compartilhava pornografia infantil, publicava vídeos com maus-tratos a animais e incitava o cometimento de crimes de ódio.

Dois homens foram presos — os nomes não foram divulgados — e sete menores apreendidos. A Operação Adolescência Segura cumpriu 20 mandados em sete estados (São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás e Mato Grosso do Sul), com o apoio do CyberLab da Secretaria Nacional de Segurança, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, e duas agências do governo norte-americano.

As investigações começaram em 18 de fevereiro, quando um adolescente ateou fogo em um homem em situação de rua, utilizando coquetéis molotov, enquanto um adulto transmitia o crime em uma live. O caso ocorreu no bairro da Pechincha, na Zona Oeste da capital fluminense. O agressor foi apreendido e o responsável pela filmagem, preso. O ataque foi testemunhado por, aproximadamente, 200 pessoas que estavam conectadas.

Segundo os agentes da DCAV-RJ, a partir desse crime foi possível identificar a existência de uma organização criminosa digital, responsável pela prática de crimes como tentativa de homicídio, indução e instigação ao suicídio, apologia ao nazismo e armazenamento e distribuição de pornografia infantil. As ações eram planejadas e discutidas em servidores criptografados, com linguagem própria e incentivo aos participantes à conduta criminosa.

Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, a quadrilha utilizava “mecanismos de manipulação psicológica e aliciamento de vítimas em idade escolar, em um cenário de extremo risco à integridade física e mental de crianças e adolescentes”. O grupo tinha como alvo o público infantojuvenil. Os adolescentes eram aliciados e submetidos à manipulação psicológica, muitas vezes com a promessa de reconhecimento dentro dos círculos do grupo — inclusive, por meio de recompensas.

Os crimes imputados aos envolvidos incluem associação criminosa (art. 288 do Código Penal), indução ou instigação à automutilação e ao suicídio, maus-tratos a animais e apologia ao nazismo. A pena combinada pode ultrapassar 10 anos de prisão, dependendo da gravidade e da participação individual de cada acusado.

Apesar de ter sido desfechada por conta de um episódio criminoso em fevereiro, a operação ocorreu no momento em que se discute a adoção de efeitos práticos com a morte da menina Sarah Raíssa Pereira, de oito anos. Moradora de Ceilândia, a Polícia Civil do Distrito Federal apura se a a criança foi vítima do chamado “desafio do desodorante” — uma prática criminosa que circula nas redes sociais e consiste em induzir a inalação de aerossol até a perda de consciência. A 15ª Delegacia instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da morte.

Levantamento realizado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) mostra que a violência escolar no Brasil mais do que triplicou entre 2013 e 2023. O levantamento aponta para um avanço preocupante de casos de agressões interpessoais, bullying, automutilações e ataques letais dentro e nos arredores das instituições de ensino. Para especialistas, o fenômeno tem fatores como a desvalorização do magistério, a fragilidade das políticas educacionais e o avanço de discursos de ódio.

O Ministério da Educação (MEC) classifica a violência nas escolas de quatro formas: ataques extremos e letais, agressões interpessoais, bullying e violência institucional — práticas excludentes no conteúdo pedagógico e no dia a dia escolar, como o apagamento de temas ligados à diversidade. Além disso, a presença do tráfico, assaltos e tiroteios no entorno das instituições de ensino também reforça a sensação de insegurança da comunidade escolar.

Em 2013, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) registrou 3,7 mil casos de violência interpessoal em escolas. Em 2023, esse número saltou para 13,1 mil. Chama atenção o crescimento da violência autoprovocada: foram 2,2 mil ocorrências, que incluem automutilações, tentativas e ideação suicida — aumentou 95 vezes.

A Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) frisa que 40,5% dos alunos relataram ter sofrido bullying, em 2019 — em 2009, esse índice era de 30,9%. “O radicalismo político e a relativização da violência por autoridades públicas contribuíram para tornar agressões mais comuns e aceitas”, alerta o economista Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Outro problema é o descompasso entre a realidade dos alunos e a percepção das gestões escolares. Pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira mostra que 40% das escolas não registram qualquer tipo de violência. Para o psicólogo João Galvão Bacchetto, do Inep, isso indica desconhecimento sobre como reconhecer situações de conflito.

“A violência também é uma questão de percepção. Muitas escolas não sabem como reconhecê-la”, avalia.

*Estagiária sob a supervisão de Fabio Grecchi