Notícia

Planeta online

Ondas de calor aumentaram no Sul e Sudeste do Brasil nos últimos 40 anos (350 notícias)

Publicado em 25 de abril de 2023

BOL O Povo online (CE) Agência Brasil Dinheiro Rural online IstoÉ Dinheiro online Gazeta Brazilian News (EUA) online UOL BOL IstoÉ Dinheiro online Galileu online O Estado de S. Paulo Terra O Globo online TecnoBreak (Argentina) Zero Hora online Terra UOL People's Daily (China) Xinhua Español (China) A Tribuna (Santos, SP) Estado de Minas online Diário de Pernambuco online Terra Alagoas Hoje Anda - Agência de Notícias de Direitos Animais Edição MS Território Secreto Blog Ultimas Noticias Associações Hoje Antes que a Natureza Morra Envolverde Capital Soberana Jornal Eixo Digital Meu Quadradinho Diário do Litoral (Santos, SP) Gazeta de Toledo online VNExplorer Revista Go Outside online Portal GRNews Empresas S/A Jornal Floripa Farol da Bahia Merece Destaque Portal Correio do Lago Portal de Finanças Portal & TV Gurupi Jornal Cidadã Portal do Amazonas Planalto em Pauta Saense Marcas e Mercados Top Sector A Tribuna (Santos, SP) online A Tribuna (ES) online Gazeta de Piracicaba Espaço Ecológico no Ar Ciclo Vivo Diário de Petrópolis Consecti - Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I eCycle Assembleia Legislativa do Estado do Piauí Conexão Planeta Blog Jornal da Mulher Tudo é Espanto Jornal Alerta Jornal da Cidade Jundiaí e Região Litoralmania Hoje São Paulo Blog da Amazônia Infofix Plantão dos Lagos Gizmodo Brasil Agência Brasil China Portal da Universidade Federal de São Paulo Blogs da Tribuna do Norte (Natal, RN) Meia Hora Jornal Correio do Povo de Alagoas Andifes - Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior VNExplorer O Dia (RJ) online Revista Cultivar Rondônia Dinâmica O Presente online Zero um informa Agromais Economic News Brasil Sertão Atual Diário Carioca Beltrão Agora Blog do José Duarte Lima Hora Campinas Grupo Rio Claro SP Real Radio Tv Brasil De Fato (RN) online Correio da Manhã (RJ) online Diário Indústria & Comércio (Curitiba, Paraná) Bomba Bomba Mais Interior A Voz da Cidade Pernambuco.com Portal Mato Grosso Portal Mais DF CGN Conexão Itajubá Portal News Portal Conceição Verdade Portal JNN Portal MT Portal JE - Jornal Eletrônico comVc Portal Bom dia Sorocaba Campão MS Jornal Cidade Metropolitana online Portal Vamos Oeste 360 Alagoas ao Vivo Atual MT NX1 Agora Epitácio Novo Cantu Notícias Bom Dia Baixada Portal Gazeta News O Democrata online Mutum Notícias Acre ao Vivo Mix Vale Acessa.com Notícias São Sebastião Agita Brasília Mato Grosso Mais Notícias Muzambinho.com Agrolink A Imprensa Online Real Time News ABC do ABC Jornal do Vale (Ceres, GO) online Giro 61 VNExplorer Voz MT Jornal de Mato Grosso Jornal de Ponta JORNADA NEWS Jornal Cidadã Somos Notícia TC Online Tribuna do Recôncavo Tribuna do Sertão Giro Goiás Vanguarda do Norte online Folha Capital Rádio Cidadã FM São Paulo Jornal Edcicero Jornal Correio Eletrônico Direto da Redação Eu, Rio! Rádio Educadora de Sapeaçu Sistema Costa Norte de Comunicação Tribuna do Agreste Última Hora MT Página1 PB Diário de Petrópolis (RJ) online O Guia da Cidade Folha Nobre Iporã News Agora Notícias Brasil Conexão Jornalismo Portal dos 3 ISN Portal O Estado RJ online Gizmodo Brasil Plantão dos Lagos Infofix Agência NE9 Portal da Universidade Federal de São Paulo Jornal Ver 7 Alagoas ao Vivo Jornal Folha de Goiás Deutsche Welle (Brasil) Opinião Goiás UDOP - União dos Produtores de Bioenergia MetSul Meteorologia Blog da Cris Boletim DF Brasil Agora Portal BS9 News Canaltech Jornal O Diário (MT) online - Clique F5 DF na Mídia Carbono Zero DF Soberano Associações Hoje Folha 360 Grupo Bom dia Informa Araguaia Informativo MS Jornal Correio de Uberlândia Jornal de Uberaba online LN21 Monitor de Notícias MS News News Black News Paraíba Nitro News Brasil Notícia Marajó Notícia Tapajós SINTRAFESC - Sindicato Dos Trabalhadores No Serviço Público Federal De Santa Catarina O Alfenense Head Topics (Brasil) O Bom da Notícia Um Só Planeta Página de Polícia Desafio Ambiental Papo de Imprensa Portal Globo Cidade Programa Meu Mato Grosso Clic Portela SR Notícias Tá no site Terra MT Digital Top Mídia MT Grafitti News Tutube TV Brusque Última Pauta Vale do Sol FM Verguia Vicentina Online Xingu 230 Encontre Tudo Litoral online Sampi Head Topics (Brasil) Jornal JA7 Climatempo ClimaInfo Combate Racismo Ambiental Jornal da Orla Portal de Notícias de Barra Mansa O Contestado Policiamento Inteligente Portal do Poder Jornal A Cidade (Ponta Porã, MS) Bastidores do Poder A Tribuna (ES) online Brasil em Folhas online Cenário MT São Bento em Foco Waves BOLA NEWS Capital FM 101.9 Clube News Dipu - Diário Popular (São Paulo, SP) Link Geral Local MT O Combatente online O Correspondente Passando a Limpo Portal Chapada Grande Curto News Correio do Brasil online Francisco Costa Portal DF Noticias Tudonoticia.org Pingo Box Soft 32 Notícias Portal MPiauí Week News BR230 Web TV Mato Grosso Primeiro Jornal Eixo Capital Resumo Digital DO ALTO DA TORRE Radar MA Fala Piauí Jovem Pan News Santos É Destaque Brasília Portal Pin Brasil Popular A fama Rádio Cidadã FM Blog O Cubo Tempo de Aprender em Clima de Ensinar Tempo Agora MARENEWS Revelando São Carlos Voz na Comunidade Século Diário A Tribuna (Santos, SP) online Grafitti News A Voz dos Municípios (Laranjeiras, Sergipe) online DF Post Jornal O Popular HB A Ciência que Fazemos Rádio Feliz FM 103,9 O Primeiro Portal MS em Foco Capital da Tilápia News O País Notícias Notícias da Redação Balanço DF Blog do Cafézinho 100 notícias Fontoura Notícias Portal da Cidade Marília Vale do Paraíba Centro Oeste News Vida & Ação RD Saúde em Dia Destaque DF Política no Ponto Certo Blog do Ulhoa Conexão MT Revista Inteirada Tolosca DF Mais Revista Regional online O Estadão da Paraíba Aqui News

Nos últimos 40 anos, a temperatura subiu nas cidades do Sul e Sudeste da costa brasileira. As ondas de calor triplicaram no litoral do Espírito Santo e dobraram em São Paulo e Rio Grande do Sul no período. É o que aponta um estudo inédito feito por cientistas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicado nesta terça-feira (25/05) na revista Scientific Reports, do grupo Nature.

O estudo avaliou uma série histórica com dados de temperatura do ar coletados a cada hora do dia ao longo das últimas quatro décadas em estações meteorológicas de cinco pontos da costa: São Luís (Maranhão), Natal (Rio Grande do Norte), São Mateus (Espírito Santo), Iguape (São Paulo) e Rio Grande (Rio Grande do Sul).

Depois de calcularem a temperatura média em cada mês do ano, os cientistas avaliaram quantas vezes o termômetro subiu acima desse ponto, o que é chamado de evento extremo.

Em São Mateus, as ocorrências passaram de sete no início dos anos de 1980 para 21 entre 2010 e 2019. Em São Paulo, esse número saltou de cerca de dez para 19 no mesmo período. Já no Rio Grande do Sul, o total de ventos passou de 14 para 28. No litoral sul, outro dado que chamou a atenção foram as temperaturas mínimas do dia, que estão ficando cada vez mais altas.

“Um frio menos intenso no Rio Grande do Sul trará impactos ao agronegócio. As plantações dependem de temperaturas estáveis. Quando a amplitude térmica diária aumenta, a produtividade pode cair”, comenta Ronaldo Christofoletti, um dos pesquisadores que assina o estudo, em entrevista à DW.

Os resultados poderiam ser ainda mais impactantes se houvesse informações registradas sobre a temperatura em toda a costa brasileira. Segundo os pesquisadores, apenas as cinco estações meteorológicas envolvidas no estudo fizeram coleta desse dado nas últimas quatro décadas – as instaladas em outras regiões chegaram a ficar até seis anos quebradas.

“Isso mostra um pouco a maneira como o Brasil olha para a ciência. Agora que as mudanças climáticas estão aí, todo mundo quer respostas rápidas. Como conseguimos essas respostas sem equipamentos que coletam dados?”, questiona Christofoletti.

Com o resultado da pesquisa, o cientista espera mais proatividade de governos estaduais, municipais e empresas. “Que possam investir nessas bases de monitoramento, que são tão mais baratas que a conta que pagaremos, por exemplo, na saúde pública por causa dos impactos que as mudanças climáticas causam”, comenta. “A mudança climática não é um futuro, ela está aqui agora.”

DW: O estudo mostrou que os eventos extremos de temperatura aumentaram na costa das regiões Sul e Sudeste do país. Estes resultados eram esperados de alguma forma?

Ronaldo Christofoletti: A gente já esperava que o extremo climático no Brasil não era o mesmo para todas as regiões, sabíamos que isso iria variar entre Sul e Norte do Brasil.

O que não esperávamos, e avaliamos como um resultado de muito impacto, foi o dado do Rio Grande do Sul, do extremo frio ficando cada vez menos frio, ou seja, mais quente. Também não esperávamos o aumento de frequência [de eventos extremos] como vimos.

Eu, por exemplo, tenho 44 anos. Se pensar que nesse tempo a frequência de eventos extremos duplicou no litoral, é muita coisa.

Minha avó, de 93 anos, falou recentemente durante um almoço em que estávamos juntos: “Não sei o que está acontecendo, está muito mais quente que antes.” Isso foi muito forte para mim, porque essa percepção da minha avó é exatamente o que esse trabalho científico que eu estava quase finalizando à época mostra. O “sentir calor” dela significa que os dias muito quentes, acima da média, são mais frequentes.

No litoral do Espírito Santo, por exemplo, essa frequência triplicou. É a região de maior impacto, com aumento da frequência das ondas de calor e de frio. Nos últimos 40 anos, a ocorrência de eventos extremos de temperatura quase dobrou no litoral de São Paulo (84%) e Rio Grande do Sul (100%).

O que é exatamente um evento extremo?

É aquele que está acima da média esperada para aquela época do ano. A nossa definição do extremo foi dada por um modelo matemático. Ele olhou para todos os dados de temperatura do ar dos últimos 40 anos e calculou a média – ou mediana. Tudo aquilo que está acima da mediana é um extremo.

No nosso caso, a ideia era olhar se esses extremos estão aumentando em intensidade e em frequência.

O extremo aumentando em intensidade se refere ao valor: se está subindo a temperatura em graus Celsius. E o aumento em frequência é se isso está acontecendo mais vezes durante o ano.

O artigo mostra que, em termos de intensidade, não há uma grande variação na costa brasileira.

O extremo frio no Rio Grande do Sul, as temperaturas mais baixas do ano, estão subindo, estão ficando mais altas. Está ficando menos frio no Rio Grande do Sul, ou seja, mais quente.

Outro dado de intensidade que o trabalho mostra é a amplitude térmica do dia, de quanto foi a diferença entre o momento mais quente e mais frio ao longo de um dia. No Sudeste e Sul do Brasil, a amplitude está aumentando. Isso gera um grande desconforto nas pessoas.

Foi fácil ter acesso a todos esses dados de temperatura das últimas quatro décadas?

O acesso aos dados é um ponto-chave para esta pesquisa. Infelizmente, não é tão simples encontrar dados de qualidade em larga escala. Existem dados públicos, como os disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Existem estações meteorológicas de instituições privadas e das Forças Armadas, que não são acessíveis facilmente.

Para este estudo, era necessário que os dados tivessem sido coletados com regularidade ao longo dos 40 anos. É muito comum encontrarmos estações na costa brasileira que ficaram cinco, seis anos, quebradas, sem coletar informações.

Quando o equipamento fica quebrado 40 dias, uma semana, o modelo matemático que criamos consegue ajustar as informações. Mas se a quebra é muito ampla, não há como fazer esse cálculo.

Isso mostra um pouco a maneira como o Brasil olha para a ciência. Agora que as mudanças climáticas estão aí, todo mundo quer respostas rápidas. Como conseguimos essas respostas sem equipamentos que coletam dados? A gente espera inverter esse ciclo para que os governos estaduais, municipais, e até empresas, possam investir nessas bases de monitoramento que são tão mais baratas que a conta que pagaremos, por exemplo, na saúde pública por causa dos impactos que as mudanças climáticas causam.

Como vocês conseguiram contornar essa lacuna de informações?

Existem praticamente apenas cinco estações meteorológicas na costa brasileira que registraram dados de temperatura de hora em hora ao longo dos últimos quarenta anos. Quando ocorreram falhas, ou quebras, foram muito curtas. Isso o modelo consegue ajustar.

Se houvesse estações de monitoramento funcionando nesse período em mais pontos do litoral brasileiro, o resultado do estudo poderia ter sido diferente?

Seria. Poderia ser mais acurado, mais refinado.

Os dados coletados na estação meteorológica de Iguape, litoral sul de São Paulo, podem, na atual circunstância, ser extrapolados para o litoral do Paraná e o restante do litoral paulista.

Por outro lado, a realidade do litoral sul paulista e de Ubatuba, por exemplo, na costa norte paulista, é totalmente diferente. Se houvesse uma base de monitoramento em Ubatuba, nós poderíamos medir como o microclima da Mata Atlântica pode influenciar a região.

O que não dá é para fugir do litoral, extrapolar os dados para a cidade de São Paulo, por exemplo. Nós queríamos mesmo manter o foco na costa.

Foi muito trabalhoso gerar o modelo matemático para este estudo. Agora que ele está pronto, com uma rotina de computador pronta e disponibilizada publicamente, qualquer pessoa pode pegar os dados de 40 anos de qualquer lugar do Brasil, ou do mundo, e gerar análises similares a essa que fizemos.

Quais impactos são esperados nessas regiões onde os extremos estão aumentando?

Não chegamos a fazer no estudo uma correlação clara. Mas a gente sabe que os dados que a gente apresenta, que a maior quantidade de eventos extremos no ano e variação da amplitude térmica durante o dia, um frio menos intenso no Rio Grande do Sul, trarão impactos ao agronegócio.

As plantações dependem de temperaturas estáveis. Quando a amplitude térmica diária aumenta, a produtividade pode cair. Se isso acontece numa época do ano em que determinado tipo de planta deveria estar germinando, ou produzindo sementes, a produção pode cair. O impacto econômico no país vai ser enorme, já que o agronegócio tem peso importante no Produto Interno Bruto (PIB).

Outra questão é o impacto na saúde pública. O aumento de amplitude térmica e a mudança abrupta de temperatura de um dia para o outro, fenômeno que está se tornando mais frequente no Norte e Nordeste, trazem problemas de saúde. Viroses, doenças do sistema respiratório, por exemplo.

O aumento das ondas de calor, como o que tem acontecido no Sudeste e Sul, com extremos de calor muito fortes, pode impactar o turismo, por exemplo. Na Europa, a Espanha teve toque de recolher durante o verão: a recomendação era de que as pessoas não saíssem às ruas em determinados horários por causa do calor, o que aumenta a mortalidade, principalmente de idosos.

Em países como Canadá, Portugal, Espanha e até algumas cidades brasileiras, como no estado de Goiás, prefeituras relataram aumento da mortalidade de idosos durante as ondas de calor nos últimos anos.

O próximo passo é: como iremos nos adaptar a tudo isso?

Os resultados que o estudo de vocês mostra estão intimamente ligados ao quadro mais amplo de mudanças climáticas?

Sim. A mudança do clima gera uma instabilidade como um todo.

Aqui no hemisfério sul, a Antártida, seja pela água ou pelo ar, funciona como um grande regulador do clima, uma espécie de ar condicionado do planeta. Pelo ar, vem as massas de ar polar, ou frente fria. Com o aquecimento do planeta, essas massas de ar se desprendem cada vez mais da Antártida – o que era um ciclo natural está se intensificando.

Pelas correntes marinhas, sai da Antártida uma corrente de água fria, sobe pela costa da África, vai se aquecendo, e quando ela chega na região equatorial vira em direção ao Brasil. Ela absorve o calor tropical, vai descendo pela costa e esfriando até chegar na Antártida. É como uma serpentina de ar condicionado no sentido anti-horário. Com o aquecimento do planeta, o oceano vai dando cada vez menos conta de resfriar essa corrente, e todo o oceano vai ficando mais quente.

No dia da catástrofe provocada pelas chuvas intensas no litoral de São Paulo no Carnaval, a temperatura média do oceano naquela região estava 2 graus mais quente que a média. Isso aumentou a umidade do ar e o volume de chuvas e provocou mortes.

A mudança climática não é um futuro, ela está aqui agora. A gente precisa entender em detalhes como ela está, e por isso quisemos contribuir com nosso estudo.