Notícia

Eco Informe

Óleo nanoencapsulado pode ajudar na agricultura

Publicado em 10 janeiro 2012

Produzir inseticidas que não fazem mal ao homem e ao planeta é um trabalho que vem sendo desenvolvido no Brasil e uma planta da Ásia pode ser uma solução para a produção de inseticidas orgânicas. Ela se chama nim ou neem (Azadiarachta indica) e é utilizada em diversas regiões para o controle de pragas, agindo sobre cerca de 400 espécies de insetos.

Apesar dela ter um crescimento rápido e copa densa, no Brasil o problema é que o óleo extraído dela sofre degradação quando exposto ao sol. A planta chegou ao Brasil através da Fundação Instituto Agronômico do Paraná, em 1986, com sementes trazidas das Filipinas e depois da Índia, Nicarágua e República Dominicana.

Um projeto de pesquisa conduzido em São Carlos conseguiu otimizar o processo de extração e, por meio da nanoencapsulação do óleo, preservar as propriedades inseticidas do nim. "Essa instabilidade da azadiractina sob a radiação solar é algo por demais dispendioso na lavoura, uma vez que o agricultor tem de aplicar diversas vezes o óleo", disse Maria Fátima das Graças Fernandes da Silva, professora do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Ela coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Controle Biorracional de Insetos Pragas, financiado pela FAPESP e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que tem por objetivo estudar compostos não tóxicos ao ser humano e que possam controlar doenças e o comportamento de pestes na agricultura.

Entre as pesquisas do INCT, está o estudo Nano e microencapsulamento de extratos vegetais de Meliaceae para controle de pragas de solo usando ligninas do bagaço de cana-de-açúcar, de Eveline Soares Costa e coordenado por Moacir Rossi Forim, ambos do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia da UFSCar.

Maria Fátima explica que no projeto foram identificadas falhas mecânicas no processo de extração convencional do óleo de nim. Segundo ela, durante o procedimento - que envolve a colheita do fruto e a retirada das sementes -, perde-se cerca de 60% do princípio ativo da planta.

O estudo de Eveline Costa desenvolveu uma metodologia para enriquecimento do óleo de nim. Além dos ajustes no processo de extração do óleo, que rendeu um pedido de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), os pesquisadores desenvolveram um polímero natural de bagaço da cana-de-açúcar para em seguida envolverem - em escala nanométrica - o óleo de nim.

"Esse nanoencapsulamento permite maior proteção ao princípio ativo em relação à radiação solar. Ao ser aplicado, o óleo tem maior tempo de vida no solo, o que representa uma importante economia para o agricultor, que não precisa aplicá-lo várias vezes", Maria Fátima Silva.