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Revista Agito Rio

Oi Futuro apresentam 9ª edição do Festival Novas Frequências, com 27 atrações de 14 países

Publicado em 26 novembro 2019

Sob o tema “Fora do palco”, festival traz pela primeira vez ao Brasil o prolífico australiano Oren Ambarchi, a argentina pioneira da música eletrônica Beatriz Ferreyra e Lea Bertucci, uma das mais incensadas artistas do som da atualidade.

Considerado o principal evento sul-americano dedicado à música exploratória e à vanguarda sonora, o Novas Frequências desenvolve, em sua 9ª edição, o maior número de apresentações inéditas, criadas especialmente para o festival, de sua história. Entre os dias 1º e 8 de dezembro, 27 atrações de 14 países se apresentam em uma programação diversa – que inclui shows, performances, instalações, cortejos, caminhadas sonoras, residências artísticas, palestras, oficinas, projetos comissionados e site specific – distribuída nos espaços Centro Cultural Oi Futuro, Lab Oi Futuro, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Casa Taura Santa, Cine Joia, Feira de São Cristóvão, Museu da República, Solar dos Abacaxis, CIEP Presidente Tancredo Neves e Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória.

Sempre organizado a partir de um tema conceitual chave, a 9ª edição do Novas Frequências se articula desta vez completamente “fora do palco”. O objetivo principal é expandir os horizontes da música ao vivo e, consequentemente, ampliar as formas de escuta. Em outras palavras, a proposta é reconfigurar a noção e a expectativa do que é uma apresentação musical, desconstruindo as relações entre espaço, plateia e artista. Segundo o curador e diretor-geral Chico Dub, “o Novas Frequências vem elaborando nos últimos anos propostas fora da curva, em um processo de re-significar as relações artísticas com a cidade, transformando-a no verdadeiro palco do festival. O que era exceção dentro da programação do festival virou regra este ano. Se, a partir de John Cage, tudo é música, porque confiná-la em palcos de casas de show, salas de concerto ou pistas de dança? Não deve haver limites para a música – até mesmo em função da popularização dos reprodutores de mídias portáteis como os smartphones. Carregamos a música conosco para qualquer lugar, portanto, nada mais justo que o mesmo aconteça com a música ao vivo.”

Fruto da parceria entre o curador Chico Dub e a gestora cultural Tathiana Lopes, o Novas Frequências surgiu em 2011 sempre à procura de artistas que rompem com fronteiras pré-estabelecidas em busca de novas linguagens sonoras. Para o festival, a exploração dos limites do som tem mais relevância do que gêneros e estilos musicais – o que o torna muito mais próximo da arte contemporânea do que da música como entretenimento. Em relação ao seu line up, o Novas Frequências só realiza apresentações inéditas no país. No caso de artistas nacionais, a curadoria prima por apresentações que nunca ocorreram antes no Rio – seja trazendo artistas de outros estados que ainda não tocaram na cidade ou propondo performances comissionadas para artistas residentes.

Espécie de grito/manifesto em função de uma música 360º espalhada por todos os cantos da cidade, o festival, sob o tema “Fora do palco”, oferece ao público em 2019 jantares harmonizados a partir das frequências dos chakras; apresentações de música acusmática inspiradas nas encruzilhadas da cidade; filmes de artista; trilha sonora para ser escutada em fones de ouvido durante percurso a pé; parcerias inéditas entre artistas do som e da dança/performance; concertos guiados por sons ambientes da Amazônia, Rio de Janeiro e Serrinha do Alambari; intervenção – em movimento – em uma Kombi de feira; cortejo de ruído pelas ruas do Centro; uma ocupação de dois dias no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro dentro da exposição de arte com curadoria de Chico Dub “Canção Enigmática – relações entre arte e som no acervo do MAM-RJ”.

O pontapé inicial do #NF2019 se dá com uma homenagem a duas lendas da história da música eletrônica – a francesa Éliane Radigue e a argentina Beatriz Ferreyra. Respectivamente com 87 e 82 anos, Radigue e Ferreyra trabalharam nos lendários estúdios eletroacústicos da França nos anos 50 e 60, posteriormente desenvolvendo carreiras sólidas que pavimentaram e influenciaram diversas gerações. Radigue será representada por Enrico Malatesta, percussionista italiano que toca uma obra de seu repertório especialmente escrita para ele. Já Ferreyra se apresenta pessoalmente manipulando ao vivo um desenho sonoro espacializado através de oito caixas de som.

Seguindo a tradição de apresentar os maiores nomes do experimentalismo contemporâneo, chega a vez, finalmente, de Oren Ambarchi. Australiano radicado em Berlim, capa da edição de setembro da revista The Wire (a principal publicação de música exploratória do mundo) e parceiro, dentre inúmeros outros, de Stephen O’Malley e Keiji Haino, Ambarchi cria técnicas expandidas para guitarra e localiza-se entre várias escolas: eletrônica, improvisação livre, minimalismo, rock e música contemporânea. Quem abre seu show, programado para acontecer no CIEP Presidente Tancredo Neves, é a dupla austríaca Schtum. Munidos de baixo, guitarra e de um arsenal de efeitos, os dois transitam entre o acústico e o eletrônico, deformando e descontextualizando seus instrumentos em função da arquitetura e da acústica onde se encontram.

Outro nome de peso na programação é (o também australiano) Lawrence English, sumidade em práticas ligadas à arte sonora, música ambiente e gravações de campo. Especialmente para o NF, English irá recorrer ao seu banco pessoal de sons para criar uma performance multicanal exclusivamente dedicada à Amazônia. O tema da natureza e dos field recordings, ainda que misturadas a questões urbanas, também estão presentes nos trabalhos da americana Lea Bertucci e do inglês Tim Shaw – respectivamente ligados ao Rio de Janeiro e à Serrinha do Alambari – e desenvolvidos após residências artísticas.

A cidade do Rio, principalmente os entornos dos bairros do Flamengo, Largo do Machado, Laranjeiras, Cosme Velho, Catete e Glória, é uma das marcas registradas do #NF2019. Com duração de aproximadamente 90 minutos e feita para ser escutada em fones de ouvido durante um percurso específico dentro dos bairros mencionados, a peça inédita da canadense France Jobim e da carioca bella é um convite a uma escuta profunda da cidade. Bartira, brasileira radicada na Itália, ressignifica a “Kombi do ferro-velho” (da pamonha, da feira…) e cria uma intervenção sonora móvel que explora elementos sônicos inerentes ao Rio de Janeiro. Já André Damião & Gabriel Francisco Lemos, munidos de objetos ruidosos portáteis e caixas de som customizadas e ambulantes, saem em cortejo pelo Centro tal como se estivessem num bloco de carnaval. A diferença é o som: sai o samba, entra o noise. Finalmente, o Teatro do Centro Cultural Oi Futuro recebe a Encruzilhada, misto de instalação sonora e performance de música acusmática (composta especialmente para ser apresentada via alto-falantes, em oposição a uma performance ao vivo) das artistas Bianca Tossato, Fernanda Paixa~o, Nata´lia Carrera e Rebecca Nora. Sera~o explorados a espacialidade, as texturas, os movimentos e os acontecimentos sonoros da cidade a partir do som captado em encruzilhadas do Rio.

Rua e espaços alternativos de um lado, instituições de arte do outro. As atividades programadas para o Museu de Arte Moderna, o MAM-RJ, buscam de alguma forma se relacionar com aspectos da arte sonora e de outras mídias, como as artes visuais, a dança, e performance. Formado pelas japonesas Rie Nakajima e Keiko Yamamoto, o duo O Yama O mistura poesia falada com orquestras construídas a partir de objetos encontrados em contato com pequenos circuitos elétricos. Luigi Archetti, compositor e designer de som italiano radicado na Suíça, toca uma peça de 7 horas de duração para guitarra em meio a partituras gráficas de sua autoria. Com seus drones em escala de cinza e som estático, NULL nos convida a observar o mundo das salas de espera em que passamos nossos dias. Martina Lussi, jovem artista emergente suíça, traz para o museu uma instalação, Composition for a Circle, onde o caminhar do público em volta de um círculo de luz gera um espaço físico e mental de concentração aumentada. Em um projeto criado pelo Novas Frequências e os festivais CTM (Berlim) e Maintenant (Rennes) o trio formado pela polonesa baseada em Berlim Zorka Wollny e os franceses NSDOS e Loïc Koutana (da banda Teto Preto) desenvolve uma ação performática em colaboração com artistas e não-artistas locais para discutir questões ligadas à migração, minorias e crise dos refugiados. Já no Solar dos Abacaxis, o holandes Philip Vermeulen cria uma instalação formada por cabos elásticos rotativos que giram em alta velocidade produzindo sons e padrões moiré. No último dia do festival, após uma intensa programação no MAM, o Solar ainda recebe Cainã, Natural Nihilismo, Encarne (Sanannda Acácia & Olivia Luna) e Kenya, jovens artistas baseados no Rio que transitam pelo funk, o noise e batidas africanas.

Destaque importante de ser mencionado são os comissionamentos a artistas emergentes cariocas, ambos propostos para o MAM. O músico Joaquim Pedro dos Santos (Radio Lixo, Pscina, Jonnata Doll) se apresenta em parceria com a artista visual e performer Aleta Valente, também conhecida como Ex-miss Febem, em um projeto que utiliza audios de WhatsApp como matéria prima. A artista do corpo Maria Noujaim criou uma performance com bolas que ditam ritmos e jogos corporais junto com Savio de Queiroz (também membro da banda Teto Preto). Outra estreia que simboliza o flerte do NF com outras mídias é Abalo, o primeiro trabalho em vídeo da artista visual Chiara Banfi. Após filmar diversas cenas que remetem a partituras, Banfi comissionou trilhas para artistas como Pedro Sá, Diogo Strausz, Pedro Bernardes, Kassin, Joana Queiroz & Bruno Qual, Flávia Tygel, Mario Caldato e Thiago Nassif.

Os mineiros Daniel Nunes e Leandro César se apresentam na Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória, num encontro entre música popular e cantos ancestrais via instrumentos construídos e espacialização sonora. Quem encerra a noite, certamente fazendo evocar o mítico concerto de William Basinski na Igreja da Lapa em 2017, é Martina Lussi, agora em uma apresentação ao vivo baseada em temas minimalistas e meditativos. No Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, a Feira de São Cristóvão, duas performances baseadas em canções – César e Tali on pills – emulam, em pleno karaokê, inferninhos de Copacabana e trechos do universo estético criado por David Lynch, Wong Kar Wai e Jim Jarmusch.

Finalmente, para além da audição e da visão – e pela primeira vez na história do festival –, o paladar também estará em foco. Synaestheat é uma gastro-performance-sonora desenvolvida pela artista Rafaela Rocha, que se baseia nos sete principais chakras do corpo humano. Composto em parceria com o chef Onaldo Brancante, o cardápio degustação é harmonizado a partir de frequências sonoras tocadas ao vivo pelo músico-terapeuta Beto Cragno associadas à estimulação de cada chakra.

O Novas Frequências foi considerado um dos três melhores eventos de cultura do país segundo o Prêmio Bravo! 2016; apontado em 2016 e 2017 como um dos melhores festivais do mundo (e o principal evento de vanguarda brasileiro) pela plataforma internacional Resident Advisor; e eleito o Melhor Festival do Rio de acordo com o Prêmio Noite Rio 2013. Outra importante honraria adquirida pelo Novas Frequências é ser membro integrante da rede internacional ICAS (International Cities Of Advanced Sound), network que reúne alguns dos mais importantes festivais de culturas sonoras avançadas, música de vanguarda e artes relacionadas como o Mutek (Montreal, Canadá), o Unsound (Cracóvia, Polônia), o CTM (Berlim, Alemanha) e o TodaysArt (Haia, Holanda).

O Festival Novas Frequências é viabilizado com o patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura e da empresa Oi, através da correalização do Centro Cultural Oi Futuro. Apoio institucional do ICAS – International Cities of Advanced Sound, COINCIDÊNCIA – Programa de intercâmbios na América do Sul da Fundação suíça para a cultura Pro Helvetia, Consulado Geral da França no Rio de Janeiro, Institut Français Brasil, Goethe Institut, Consulado Geral do Reino dos Países Baixos, Stroom Den Haag, Creative Industries Fund NL, Japan Foundation, Embaixada da Áustria, Arts Council England, Le Conseil des arts et des lettres du Québec, Gouvernement du Québec, Conseil des arts du Canada, Foundation for Contemporary Arts Emergency Grant, Museu da República e do Instituto Brasileiro de Museus – IBRAM, Caritas. Hospedagem oficial do Selina Lapa. Apoio do Karolina’s Restaurante. Realização: Outra Música.

www.novasfrequencias.com

https://www.facebook.com/novasfrequencias/

Fotos: https://www.flickr.com/photos/novasfrequencias/albums?

Vídeos de edições anteriores:

Lista de artistas em ordem alfabética

_André Damião & Gabriel Francisco Lemos: Guerra não linear (BR)

_Bartira: Temos sempre um pouco de pele na jogada (BR)

_Beatriz Ferreyra (AR)

_Bianca Tossato, Fernanda Paixa~o, Nata´lia Carrera e Rebecca Nora: ENCRUZILHADA (BR)

_Cainã (BR)

_C É S A R (BR)

_Chiara Banfi: Abalo (BR)

_Daniel Nunes & Leandro César: Redemunho (BR)

_Éliane Radigue: Occam Ocean – Occam XXVI por Enrico Malatesta (FR/IT)

_Encarne (BR)

_France Jobin & Bella: inter_fluxo (CA/BR)

_Joaquim Pedro dos Santos & Aleta Valente: Tudo nosso nada deles (BR)

_Kenya (BR)

_Lawrence English: Amazon field recording live set (AU)

_Lea Bertucci: Axis, Rio (US)

_Loïc Koutana x NSDOS x Zorka Wollny: The Ceremony (INT)

_Luigi Archetti: NULL (CH)

_Maria Noujaim & Sávio de Queiroz: Aliteração (BR)

_Martina Lussi: Composition For A Circle + live (CH)

_Natural Nihilismo (BR)

_O Yama O (JP)

_Oren Ambarchi (AU)

_Philip Vermeulen: 10 meters of sound (NL)

_Rafaela Rocha: SynaesthEat Chakras (BR)

_Schtum (AT)

_Tali on pills: Delírio Music Bar (BR)

_Tim Shaw (UK)

NF 2019 Programação

01/12, domingo @ MAM Rio

11:00 – 18:00

Beatriz Ferreyra (AR)

Éliane Radigue: Occam Ocean – Occam XXVI por Enrico Malatesta (FR/IT)

André Damião & Gabriel Francisco Lemos apresentam: Guerra não linear (BR)

Maria Noujaim & Savio de Queiroz apresentam: Aliteração (BR)

Martina Lussi apresenta: Composition For A Circle (CH)

Tim Shaw (UK)

02/12, segunda @ CIEP Presidente Tancredo Neves

19:00

Oren Ambarchi (AU)

Schtum (AT)

03/12, terça

@ Centro Cultural Oi Futuro

Bianca Tossato, Fernanda Paixa~o, Nata´lia Carrera e Rebecca Nora apresentam: ENCRUZILHADA (BR)

11:00 – 18:00 instalação

20:00 performance com Paulo Dantas

@ Casa Taura Santa

20:00

Rafaela Rocha apresenta: SynaesthEat Chakras (BR)

04/12, quarta

@ Centro Cultural Oi Futuro

Bianca Tossato, Fernanda Paixa~o, Nata´lia Carrera e Rebecca Nora apresentam: ENCRUZILHADA (BR)

11:00 – 18:00 instalação

20:00 performance com Clara Anastácia

@ Cine Joia

20:00

Chiara Banfi apresenta: Abalo (BR)

05/12, quinta

@ Centro Cultural Oi Futuro

Bianca Tossato, Fernanda Paixa~o, Nata´lia Carrera e Rebecca Nora apresentam: ENCRUZILHADA (BR)

11:00 – 18:00 instalação

20:00 performance com Alan Athayde

@ Casa Taura Santa

20:00

Rafaela Rocha apresenta: SynaesthEat Chakras (BR)

06/12, sexta

@ Igreja Matriz Nossa Senhora da Glória

20:30

Daniel Nunes & Leandro César apresentam: Redemunho (BR)

Martina Lussi (CH)

@ Já Disse e The Point (Karaokês da Feira de São Cristóvão)

23:30

C É S A R (BR)

Tali on pills apresenta: Delírio Music Bar (BR)

07/12, sábado @ Museu da República

15:30

Lawrence English apresenta: Amazon field recording live set (AU)

Lea Bertucci apresenta: Axis, Rio (US)

08/12, domingo

@ MAM – Rio

11:00-18:00

Loïc Koutana x NSDOS x Zorka Wollny apresentam: The Ceremony (INT)

Joaquim Pedro dos Santos & Aleta Valente apresentam: Tudo nosso nada deles (BR)

Luigi Archetti apresenta: NULL (CH)

O YAMA O (JP)

Tim Shaw (UK)

@ Solar dos Abacaxis

19:00

Cainã (BR)

Encarne (BR)

Kenya (BR)

Natural Nihilismo (BR)

Philip Vermeulen apresenta: 10 meters of sound (NL)

Eventos diários

01 – 08/12 @ eixo: Copacabana – Flamengo – Santa Teresa

Bartira: Temos sempre um pouco de pele na jogada (BR)

locais e horários variáveis

01 – 08/12 @ eixo: Flamengo – Largo do Machado – Catete – Glória

France Jobin & Bella: inter_fluxo (CA/BR)

locais e horários variáveis

01 – 08/12 @ Solar dos Abacaxis

16:30h às 22:30h (no dia 08/12, especialmente a partir das 19h)

Philip Vermeulen apresenta: 10 meters of sound (NL)

Biografias

André Damião & Gabriel Francisco Lemos apresentam: Guerra não linear (Brasil)

https://andredamiao.hotglue.me/

https://vimeo.com/gabrielfranciscolemos

A composição participativa Guerra não linear explora diferentes relações entre ruído e arquitetura. Através de alto-falantes e dispositivos sonoros portáteis, músicos e público realizam um cortejo guiados por partituras visuais e verbais. O caminhar dos participantes constrói de maneira ativa um espaço sonoro móvel que se deforma com a arquitetura e os sons da cidade. O drone eletrônico torna perceptível a modulação do som pelo espaço. Logo, os becos e avenidas, além de imporem ao trabalho sua própria narrativa material e histórica, se tornam filtros sonoros que afetam os ruídos através de reflexões, ressonâncias e cancelamentos de faixas espectrais. A composição busca uma reflexão no limiar entre a conjunção destes elementos acústicos e os aspectos narrativos que podem emergir no trajeto do espaço urbano.

Artista e pesquisador, André Damião trabalha de maneira transversal entre os campos da música experimental e arte eletrônica. É Professor de Composição formado em Composição Eletroacústica pela UNESP com Mestrado e Doutorado em Sonologia – termo usado para descrever o estudo do som sob perspectivas estéticas e sociológicas. Suas pesquisas são focadas em questões sobre crítica da tecnologia, som e mobilidade, e, seu trabalho, muitas vezes aborda assuntos acerca da estética das interfaces e codificação em tempo real.

Gabriel Francisco Lemos é compositor, artista sonoro e professor. Graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes e Composição pela UNESP, em 2018 obteve o título de Mestre em Musicologia e Estética com apoio FAPESP. Já se apresentou e teve composições estreadas em diversos festivais e eventos no Brasil, Londres, Chile, Mônaco e Portugal. Entre 2013 e 2016, colaborou com o Grupo de Percussão da Universidade de São Paulo (PIAP), compondo peças de percussão para ensemble e organizando concertos. Atualmente, trabalha no cruzamento entre a composição instrumental e eletrônica em ambientes externos às salas de concerto.

Bartira apresenta: Temos sempre um pouco de pele na jogada (Brasil)

http://cargocollective.com/bartira

Bartira é produtora musical, artista de novas mídias, professora de arte & design e pesquisadora de tecnopolíticas. Sua prática perpassa instalação, performance eletrônica, oficinas, arte pública e participatória. A artista entende que existe uma colonização da música e do espaço sonoro, e com seus trabalhos, busca descentralizar essa autoridade ocidentalizada. Desta forma, investiga as formas nas quais estímulos sonoros desafiam arquiteturas de poder do espaço sônico, alimentando-se de implicações contemporâneas como a tecnopolítica global e as condições imateriais que permitem a circulação de corpos e os efeitos destes na identidade.

Para o Novas Frequências, Bartira fará uma intervenção sonora móvel – via Kombi – que combina texto, música e field recordings feitos no Rio de Janeiro. A intervenção buscará instigar a imaginação auditiva dos transeuntes, localizando a prática da escuta como um modo de experiência capaz de perturbar a ordem sônica imposta e de propor novas narrativas, modos de expressão e representação.

Beatriz Ferreyra (Argentina)

http://beatrizferreyra.odavia.com/

Beatriz Ferreyra iniciou sua carreira de compositora por acaso, tendo sido exposta aos métodos musicais de Pierre Schaeffer, criador da música concreta e da música acústica, e do Groupe de Recherches Musicales, pouco depois de se mudar da Argentina para Paris nos anos 1960. A paixão de Ferreyra por sons incomuns deu início a uma educação que levou à criação de seus próprios trabalhos eletroacústicos, além de colaborações com inventores de instrumentos alternativos como Bernard Baschet e papéis auxiliares na realização de composições pelo próprio Schaeffer. Figura importantíssima no desenvolvimento da música concreta, eletroacústica e acúsmática, Ferreyra trará para o Novas Frequências quatro peças criadas entre 1978 e 2018 que serão espacializadas em um sistema multicanal com oito alto-falantes. As obras (Senderos abismales, Echos, Rio de los pajaros, L’autre rive) giram em torno da astrofísicas e dos mistérios da existência, de músicas populares argentinas e brasileiras, de sonhos nos trópicos e, finalmente, do “Bardo Thodol”, o livro tibetano dos mortos.

Bianca Tossato, Fernanda Paixa~o, Nata´lia Carrera e Rebecca Nora apresentam: ENCRUZILHADA

(Brasil)

Idealizado pelas artistas Bianca Tossato, Fernanda Paixa~o, Nata´lia Carrera e Rebecca Nora a partir de uma residência artística no ASA – Arte Sônica Amplificada, programa desenvolvido pelo Oi Futuro e o British Council, ENCRUZILHADA é o cruzamento sonoro das babilônias cariocas em formato de instalação/performance. Os corpos sociais e políticos que moldam a sonoridade do Rio de Janeiro reverberam e se desdobram na espacialidade, esculpindo texturas a partir de acontecimentos sonoros. O trabalho é construído em um jogo realizado nas ruas, de onde é extraída sua matéria-prima: sons de encruzilhadas das quatro zonas da cidade. Durante um horário específico, a instalação é ativada ao vivo através de performances que apresentam diferentes elaborações manipulativas da matéria sonora carioca: o compositor e artista sonoro Paulo Dantas, o bailarino Alan Athayde e a cantora e performer Clara Anastácia.

Bianca Tossato é compositora e artista sonora com mais de 10 anos dedicados à carreira acadêmica em Filosofia. Em 2018, iniciou o projeto de música experimental Agla Aëón, no qual explora sonoridades presentes no interior do som gravado e as narrativas abstratas que dele se desdobram. Fernanda Paixão é artista e educadora: som, corpo, imagem e plasticidade se bifurcam em seus trabalhos. Atualmente, é mestranda na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), pesquisa performance e integra a plataforma Performers Sem Fronteiras. Cantora e compositora suburbana, Rebecca Nora acredita na construção de narrativas contra-hegemônicas através de suas músicas – seu som é fortemente influenciado por samba, R&B e música pop. Guitarrista, produtora e compositora de trilhas musicais, Natália Carrera participou da fanfarra Cinebloco como arranjadora e regente, e do álbum Letrux em Noite de Climão, além de ter composto as músicas de diversas obras audiovisuais, como os documentários Luz Câmera Pichação (2011) e Tailor (2017).

Cainã (BR)

https://www.facebook.com/tantaoeosfita/

Produtor, músico e artista sonoro, Cainã Bomilcar é um dos criadores dos projetos coletivos Tantão e Os Fita, Radiolixo e Pista Delta. Como DJ, apresenta uma pesquisa de música eletrônica de pista com foco nos ritmos acelerados e na desconstrução dos mesmos. Mistura em seu set produções autorais e remixes além de flertar com o “turntablism” digital.

C É S A R

(Criminal Romantic/ Brasil)

https://ohcesar.bandcamp.com/

Inspirado no universo dos cineastas David Lynch, Wong Kar Wai e Jim Jarmusch, e bebendo das fontes de Leonard Cohen, Serge Gainsbourg, Chet Baker, Nick Cave e Tom Waits, C É S A R dança romanticamente entre os contrapontos do amor, drogas, depressão e terapia. Sua apresentação no NF é acompanhada pelo guitarrista Bruno Palazzo, artista que tem como principal raison d’être contar histórias através da música e transformar ruídos em experiências sensoriais. Responsável pela instrumentação e produção do primeiro disco de C É S A R, Palazzo também atua como parte do coletivo Cão e produz trilhas sonoras e sound design.

Chiara Banfi apresenta: Abalo (Brasil)

https://www.chiarabanfi.com/

Nascida em 1979, em São Paulo, Chiara Banfi vive e trabalha no Rio de Janeiro. Incluindo desenho, pintura e escultura, sua obra explora as relações entre memória, música, som e natureza. Conhecida por uma complexidade delicada, a artista adota em seu trabalho formas do reino natural e elementos visuais de várias áreas culturais. Abalo é uma série de vídeos abstratos onde a artista convida artistas do campo musical, como Pedro Sá, Diogo Strausz, Kassin, Pedro Bernardes, Joana Queiroz & Bruno Qual, Flávia Tygel, Patalanov, Nave, Gaia Wilmer, Ico dos Anjos, Mario Caldato e Thiago Nassif para criarem trilhas que dialogam diretamente com o ritmo oferecido pelas imagens.

Daniel Nunes & Leandro César apresentam: Redemunho (Brasil)

https://soundcloud.com/projetolise

https://www.facebook.com/leandrocesarmus/

Do encontro entre Daniel Nunes e Leandro César, a maquinação de um fazedor de ruídos eletrônicos intervém na artesania de um inventor de instrumentos no desejo de (re)criar uma miragem sonora, Redemunho. Minas Gerais enquanto um espaço saturado de dicotomias entre passado, presente e futuro, o confronto de cantos sagrados da terra com o barroco do ouro e a esperança de um horizonte perfurado pelos “sons de silício” faz este encontro (des)criar um território sonoro. Redemunho é uma palavra achada ou (?) escutada pela coloquialidade ou pelo deslocamento no tempo através da oralidade e que formalmente remete a palavra redemoinho.

Lançando-se ao imaginário da palavra, Redemunho gira em torno de eventos sonoros que vão se “(en)rolando” numa experiência de “(des)enrolar” o tempo. Em uma performance quadrifônica, instrumentos criados por Leandro são incorporados à espacialização sonora desenvolvida por Daniel em um concerto composto por temas de música popular, cantos ancestrais e imprevistos permeados por ambientações e texturas eletrônicas.

Daniel Nunes Coelho compõe trilhas para cinema, longas e curtas-metragens, teatro e internet. E´ criador do selo independente mineiro La Petite Chambre e idealizador do festival de música livre “Pequenas Sessões”. Seu trabalho vai além do universo musical ao permitir trocas com artistas de outras vertentes que passam pela videoarte, web-arte e performance. E´ membro da banda Constantina e projeto Lise, com discos lançados em Londres e nos Estados Unidos, shows apresentados em várias capitais brasileiras e países como Argentina, Estados Unidos e Europa.

Leandro César é músico e construtor de instrumentos. Violonista, também se dedica à marimba, ao bandolim e a percussão, além de todos os instrumentos que cria. Trabalha com o grupo UAKTI na oficina de manutenção de seus instrumentos, e em turnês como técnico, já tendo excursionado por todo o Brasil, além dos Estados Unidos e diversos países da Europa. Muito influenciado por Walter Smetak e Marco Antônio Guimarães, Leandro César realiza a sequência de um importante trabalho de evolução das possibilidades musicais.

Éliane Radigue: Occam Ocean – Occam XXVI por Enrico Malatesta (Itália/França)

http://enricomalatesta.com/

A francesa Éliane Radigue é uma pioneira musical que criou sua própria marca dentro da música eletrônica e da música eletroacústica desde os anos 60. Sua obra explora um estado lento e sempre transformador onde os sons parecem evoluir por conta própria, levando o ouvinte a uma jornada abstrata. No final dos anos 50, Radigue estudou técnicas de música eletroacústica no Club d’Essai da RTF (Radiodiffusion-Télévision Française) sob a direção de Pierre Schaeffer e Pierre Henry. Durante a maior parte de sua carreira, escolheu trabalhar com um sintetizador ARP e uma fita de gravação média; a partir de 2005 começa a compor para instrumentos acústicos.

Enrico Malatesta é um percussionista italiano interessado em pesquisas experimentais sobre música, performance e pedagogia. Ele explora a relação entre som, espaço e movimento, com atenção às possibilidades multimateriais dos instrumentos percussivos. Esta pesquisa coloca uma forte ênfase no potencial do material para produzir uma multiplicidade de informações através de ações simples, o movimento e a experiência de ouvir e a sustentabilidade da presença do intérprete.

Para o Novas Frequências, Enrico Malatesta irá apresentar Occam XXVI (2018), peça de Éliane Radigue para dois pratos curvos e um tambor de moldura.

Encarne (BR)

https://seminalrecords.bandcamp.com/album/theres-no-such-animal

https://www.behance.net/olivialunadoppel

Síntese sonora, ruído e repetição são as principais características do Encarne, duo formado por Sanannda Acácia e Olivia Luna. Utilizam “percursos e procedimentos sonoros que conjuram a presença animalesca da vulnerabilidade.” Sanannda é artista sonora e visual com interesses nos processos e limitações físicas dos equipamentos como meios de produção, utilizando fitas k7, feedback looper, técnicas de sampling, pedais de guitarra e síntese. Se apresenta como QUASICRYSTAL, Crusty e Insignificando, e colabora com Bella no projeto ARCOFLUXO. É membro do selo de música independente Seminal Records, onde colabora com a curadoria, organização e linguagem visual. Gere e idealiza coletivamente o Fosso, um espaço de ateliê e eventos que relacionam arte visual, sonora e pensamento teórico. Olivia Luna é artista e pesquisadora visual e sonora com produções enraizadas no experimentalismo e ruidagem. Recentemente se apresenta com o DOPPEL, seu projeto solo e em colaborações com O EXÍLIO, ao lado de Rayra Costa. Desde 2014, atua na área de artes visuais, com ênfase em estudos do corpo/paisagem e o grotesco, relacionando com a fotografia, vídeo, gravura e ruídos.

France Jobin & bella apresentam: inter_fluxo (Canadá, Brasil)

http://www.francejobin.com/

https://www.bel-la.com/

Desenvolvida pela canadense France Jobin e a carioca Bella, inter_fluxo é uma peça sonora inédita para ser ouvida especificamente em headphones durante um trajeto a pé pela cidade. O trajeto será divulgado na última semana de novembro e abraçará os bairros do Cosme Velho, Laranjeiras, Flamengo, Largo do Machado, Catete e Glória.

France Jobin é uma performer, curadora e artista sonora residente em Montreal, Canadá. Sua arte em áudio pode ser qualificada como algo batizado de “escultura de som”, revelando uma abordagem minimalista de ambientes sonoros complexos nos quais o analógico e o digital se cruzam. Suas instalações expressam um caminho paralelo, incorporando elementos musicais e visuais inspirados na arquitetura dos espaços físicos. Suas obras podem ser “experimentadas” em uma variedade de espaços não convencionais e novos festivais de tecnologia no Canadá, Estados Unidos, América do Sul, África do Sul, Europa e Japão.

Bella é uma artista brasileira que trabalha com som através de instalações, performances e caminhadas. Seu trabalho explora a relação entre aspectos físicos e conceituais da matéria-som, combinando equipamentos eletrônicos DIY com objetos encontrados – água, pedras, luzes e outros elementos. Tem colaborado com dança, teatro, cinema e artes visuais. Em 2016, foi premiada pela Binaural Nodar (Portugal) com a peça ementa das almas. Com dez anos de atividade, tem participado de residências artísticas no Brasil e na Europa. Suas peças sonoras já foram difundidas em rádios como BBC Late Junction, Resonance FM, WFMU e Documenta 14. Seu trabalho tem sido exibido e performado tanto no Brasil como em outros países da Europa, América Latina e Estados Unidos.

Joaquim Pedro dos Santos & Aleta Valente apresentam: Tudo nosso nada deles (Brasil)

Joaquim Pedro dos Santos é multi-instrumentista que atualmente toca baixo na banda Jonnata Doll & Os Garotos Solventes. Também colabora com produção musical nos grupos Pscina e Rádio Lixo em discos, performances e instalações sonoras, além de ser produtor de artes visuais e manter uma galeria independente no centro de São Paulo, o Escritório Técnico.

Aleta Valente vive e trabalha no Rio de Janeiro. A artista, também conhecida por sua persona online @ex_miss_febem, utiliza-se do smartphone como ateliê onde pesquisa, edita e dispara conteúdos – tanto de produção autoral como apropriados – que tensionam a barreira entre a realidade e a ficção e trazem à tona questões sociais através de humor ácido.

Tudo nosso nada deles propõe a utilização de audios de WhatsApp com intervenções sonoras e mixagem ao vivo. O projeto inédito busca remontar o impacto do áudio sobre nossa história recente, questionando limites entre fato e ficção, autoria e responsabilidade, e suas subsequentes implicações na sociedade contemporânea.

Kenya (BR)

https://soundcloud.com/kenya20hz

Com a proposta de trazer mixagens inesperadas e imersivas pra pista, os DJ sets de Kenya combinam a agressividade do rock com a subversividade do rap, e o groove da black music com a sonoridade futurística da música. Em 2016, se apresentou na Argentina como headliner no palco do festa Bullybass, um dos mais famosos eventos de Dubstep da America Latina, por onde já passaram nomes como Mala, N-Type e Ikonika. No Brasil, já tocou nas principais festas da cena, assim como em grandes festivais como ‘SP na Rua’, e ‘Viradão Cultural”. Já se apresentou ao lado de Flora Matos, Rael da Rima, Pirâmide Perdida, Rincon Sapiência, Luedji Luna, Tássia Reis, Djonga, dentre outros. Recentemente, participou do ASA – Arte Sônica Amplificada, programa desenvolvido pelo Oi Futuro e o British Council.

Inspirada por gêneros da cultura underground, Kenya é uma pesquisadora voraz de sonoridades que abrangem todos os ritmos que possuem o Grave como principal essência, com frequências que vão do rebolativo ao experimental passando pelo Bass, Eletrônico e Trap.

Lawrence English apresenta: Amazon Field Recording Live Set (Room 40, Important/ Austrália)

https://www.lawrenceenglish.com/

Lawrence English é um compositor, artista e curador baseado em Brisbane, na Austrália. Trabalhando em um eclético conjunto de investigações estéticas, seu trabalho incita questões sobre campo, percepção e memória. English investiga as políticas da percepção através da performance ao vivo e da instalação para criar obras que refletem sutis transformações do espaço e que exigem do público uma conscientização daquilo que existe no limite da percepção. Sua obra questiona as relações estabelecidas entre som e estrutura – gravações de campo e materiais musicais que trabalham em uníssono, atuando como dispositivos sugestivos. É amplamente publicado em respeitadas gravadoras, incluindo Touch, 12K, Important, Temporary Residence e o seu próprio selo, Room40. Já gravou com William Basinski, Ben Frost, Xiu Xiu, Alessandro Cortini, Akio Suzuki e Francisco López.

A pedido do Novas Frequências, Lawrence English irá apresentar uma performance multicanal baseada em sons ambientes gravados por ele durante uma residência na Amazônia.

Lea Bertucci apresenta: Axis, Rio (NNA Tapes/ Estados Unidos)

http://lea-bertucci.com/

Lea Bertucci é uma compositora, performer e designer de som cujo trabalho descreve relações entre fenômenos acústicos e ressonância biológica. Além de sua prática instrumental com instrumentos de sopro, Bertucci frequentemente incorpora arrays de alto-falantes multicanal, feedback eletroacústico, técnica instrumental estendida e colagem de fitas. Nos últimos anos, seus projetos se desdobraram em investigações sônicas de arquitetura que respondem a questões específicas do local. Profundamente experimental, seu trabalho não tem medo de subverter a expectativa musical. Como designer de som, Bertucci colaborou com companhias de dança e teatro, incluindo a Big! Dance Theater, Pig Iron Theater, Piehole! e Mallory Catlett (Restless NYC). Em seu último trabalho, Resonant Field, Bertucci continua sua devoção a exploração de espaços físicos por meio do som, canalizando-os através de seu saxofone alto. Só que agora, o foco se restringe a um espaço em particular, o Marine A, um elevador de grãos em Buffalo, Nova York.

Especialmente para o Festival Novas Frequências, Lea Bertucci irá criar uma composição multicanal a partir de sons ambientes gravados durante uma mini-residência no Rio de Janeiro.

Loïc Koutana x NSDOS x Zorka Wollny apresentam: The Ceremony (INT)

(Migration Series I – Uma série performativa em três atos – Rio/ Berlin/ Rennes, 2019-2020)

https://www.facebook.com/tetopretolive/

http://www.zorkawollny.net/

https://www.facebook.com/nsdoslazerconnect/

The Ceremony é uma ação performática que reúne a artista polonesa baseada em Berlim Zorka Wollny e os franceses NSDOS e Loïc Koutana (da banda paulistana Teto Preto). Desenvolvido pelos membros da rede de festivais ICAS, Novas Frequências, CTM (Berlim) e Maintenant (Rennes), o projeto, que conta com o apoio do Goethe-Institut e do Institut Français, trata de assuntos como migração, identidade e minorias através de performances coletivas via chamamento aberto. The Ceremony procura expandir nossas atuações em territórios de vulnerabilidade social e ao mesmo tempo celebrar o multiculturalismo e a diversidade.

Há quatro anos, o modelo Loïc Koutana trocou Paris, sua cidade natal, por São Paulo. E foi no Brasil que o francês de origem africana desenvolveu não apenas sua carreira de modelo, como a de performer de dança contemporânea, atuando com alguns dos principais nomes da noite underground paulistana, como o grupo Teto Preto, de Laura Diaz, uma das idealizadoras da Mamba Negra. Multiartista, curador e também youtuber, Loïc Koutana em breve lançará seu primeiro disco, Ser, com produção de Zopelar.

Depois de estudar dança, NSDOS, também conhecido como Kirikoo Des, sentiu a necessidade de criar seu próprio som para explorar o movimento. Foi assim que começou a imaginar, por meio da abstração, toda uma nova ordem sonora, uma abordagem alternativa à música. Em algum momento chamado de “hacker do techno”, NSDOS distorce as ferramentas tecnológicas, criando um elo entre máquina e matéria. O artista coleta dados em tempo real, usando sensores ou dispositivos interativos, e os injeta no esqueleto retilíneo da música eletrônica para criar uma matriz orgânica, convidando o público a, junto com ele, empurrar os limites do corpo, dos objetos e do som.

Zorka Wollny cria composições acústicas para instituições, fábricas e edifícios vazios. Suas obras habitam o espaço entre arte, teatro e música contemporânea e estão sempre intimamente ligadas ao contexto histórico e funcional de espaços arquitetônicos específicos. Suas obras foram exibidas nas mais prestigiadas instituições de arte contemporânea e festivais de música em todo o mundo.

Luigi Archetti apresenta: NULL (Itália/Suiça)

http://www.luigiarchetti.com/

Luigi Archetti é compositor e artista sonoro cujo trabalho gira em torno da interface entre a arte e a música. Em suas instalações, utiliza desenho, pintura, vídeo e som para criar sistemas de referência complexos e espaços tensos e altamente estéticos. Seu vocabulário musical se manifesta não apenas nas ideias e no modo como as obras são realizadas, mas também no uso de objetos e conceitos desse gênero. Archetti encena o espaço como um portador de imagens em que vários impulsos – visuais e tonais – se encontram.

Para o Novas Frequências, este italiano radicado na Suíça irá apresentar NULL, peça para guitarra processada com 7 horas de duração que se caracteriza por sons estáticos, drones e sobreposições de camadas. Desenvolvido ao longo de cinco anos, Archetti NULL serve de metáfora a sensação de espera, de antecipação, de pausa. Com seus drones em escala cinzenta e som estático, NULL nos convida a observar os mundos das salas de espera em que passamos nossos dias e a viajar em regiões desconhecidas, uma jornada hipnoticamente cativante através de eventos acústicos atemporais e minimalistas.

Maria Noujaim & Savio de Queiroz apresentam: Aliteração (Brasil)

https://vimeo.com/260074739

https://soundcloud.com/savioqueiroz

Criado pela artista Maria Noujaim e o músico Savio de Queiroz, Aliteração é um jogo corporal e sonoro-linguístico onde o público presente é convidado a interagir. Três bolas-partitura definem três possibilidades de jogo e 18 combinações sonoras, fazendo com que a partitura seja tocada no jogar. Aliteração é uma dupla partitura: a bola descreve o jogo, o jogo descreve o som.

Maria Noujaim é artista, formada em Dança pela Escola Angel Vianna e doutoranda em História Social da Cultura pela PUC-Rio. A partir de uma prática que acontece no corpo, seu trabalho surge de movimentos conformados entre escultura e linguagem que carregam uma espacialidade própria através do uso de materiais e desenhos. Recentemente, vem ampliando sua prática através de experimentações pedagógicas com o grupo de pesquisa Dança e Poesia, e trabalhando com intérpretes que realizam suas performances a partir da leitura de um sistema de partituras. Realizou a exposição individual Recomeços: quatro inícios na Galeria Jaqueline Martins (São Paulo) e participou de exposições coletivas em espaços independentes e institucionais, como Observatório (São Paulo), Change-Change (Budapeste), Galeria Bruno Múrias (Lisboa), Oi Futuro (Rio) de Janeiro), Casa França-Brasil (Rio de Janeiro), entre outros. Em 2018 e 2019, foi indicada ao Prêmio PIPA (Brasil).

Savio de Queiroz é músico. Atualmente, além de seu trabalho solo, possui o selo Subsubtropics, toca na banda Teto Preto, no duo Preyra junto com Thingamajicks e desenvolve colaborações no âmbito do improviso livre. Foi um dos fundadores do selo 40% Foda/Maneiríssimo e participou do Domina, além de ter feito discos com Cadu Tenório como Ceticências. Já colaborou com diversos artistas visuais como Sidsel Meineche Hansen, Tobias Madison e Felipe Barsuglia, além de ter participado de exposições como Where is your god now? (Budapeste) e Arte Sonora (Rio de Janeiro).

Martina Lussi apresenta: Composition For A Circle

(Latency/ Suiça)

https://martinalussi.ch/

Original de Lucerne, na Suíça, Martina Lussi trabalha na interseção entre as artes plásticas, a música e a performance. Em sua obra, desafia dicotomias como consciente/inconsciente, poder/impotência e dentro/fora. Em essencial, o corpo do espectador sempre desempenha um papel essencial em suas peças. Detentora de um Mestrado de Artes em Contemporary Arts Practice pela Universidade de Berna, Lussi já apresentou seu trabalho em vários espaços de arte e em clubes em toda a Europa. Seu segundo álbum, Diffusion is a Force, se utiliza de fontes sonoras com uma certa qualidade desnorteadora – gravações de campo, instrumentação processada, elementos sintetizados e trechos de expressão humana – com o intuito de refletir sobre o clima de dispersão e distração em que vivemos.

Em Composition For A Circle, instalação que Martina Lussi irá apresentar no NF, gravações da guitarra fornecem a base para uma composição esférica e meditativa que, por meio de repetições deslocadas, constantemente geram novas estruturas sônicas.

Natural Nihilismo (BR)

https://naturalnihilismohnw.bandcamp.com

Iniciado em 2014, o projeto de ruído extremo Natural Nihilismo tem como intuito formular uma reflexão sobre seres humanos que são invisibilizados pela sociedade e que vivem em condição de extrema pobreza.

Oren Ambarchi (Editions Mego, Black Truffle/ Austrália)

www.orenambarchi.com

As obras do australiano Oren Ambarchi são formas sonoras estendidas, hesitantes e tensas, localizadas nas fendas entre várias escolas: música eletrônica contemporânea, improvisação, minimalismo, a fisicalidade do rock e as suspensões temporais de compositores como Morton Feldman e Alvin Lucier. A partir do final dos anos 90, seus experimentos abstratos com guitarra, utilizando o instrumento de forma não-usual, o levaram a um mundo sonoro mais pessoal e único, incorporando uma paleta mais ampla de instrumentos e sensibilidades, empregando, por exemplo, gaita de vidro, cordas, sinos, piano e percussão. Ambarchi, considerado um dos maiores e mais prolíficos artistas da música de invenção, já se apresentou e gravou com uma gama diversificada de nomes como Keiji Haino, Stephen O’Malley, Fennesz, Phill Niblock, John Zorn, Annea Lockwood, Manuel Gottsching, Merzbow, Jim O’Rourke, Akio Suzuki, Richard Pinhas e Evan Parker. Seu último lançamento é Simian Angel, trabalho que conta com a participação do lendário percussionista brasileiro Cyro Baptista.

O Yama O (Mana Records/ Japão)

https://manarecs.bandcamp.com/album/o-yama-o

O Yama O é um projeto musical formado pelas artistas japonesas radicadas em Londres, Keiko Yamamoto e Rie Nakajima. Utilizando uma combinação de dispositivos cinéticos e objetos encontrados – como brinquedos, tigelas de arroz, motores microscópicos, tambores, nozes, relógios e ruídos de vento –, as artistas criam paisagens sonoras inspiradas em rituais, antropologia, mitos e mundos sonoros do cotidiano. Seus trabalhos são muitas vezes compostos por canções de Yamamoto enquanto as construções de Nakajima escalam micro-orquestras em resposta direta a espaços arquitetônicos únicos.

Keiko Yamamoto trabalha com desenhos, papéis, música, vozes e dança. É fundadora, junto com Hamish Dunbar, do lendário Café OTO, o mais conhecido espaço para música e arte sonora da Europa.

Rie Nakajima é trabalha com instalações e performances que produzem som. Seus trabalhos são, na maioria das vezes, site specific, usando uma combinação de pequenos autômatos e objetos do dia a dia.

Philip Vermeulen apresenta: 10 meters of sound (Holanda)

https://www.philipvermeulen.com/

Philip Vermeulen é um artista holandês de Haia que cria instalações em larga escala como parte de uma pesquisa em andamento que possui como objetivo alterar estados psicológicos através da manipulação de fenômenos primários do som e do movimento da luz. Situado no campo de tensão entre a atração e o delírio, seu trabalho continua uma linhagem de arte experimental do grupo Zero, arte sonora, esculturas cinéticas e artes audiovisuais.

10 meters of sound é uma composição cinética audiovisual para cabos elásticos rotativos de alta velocidade e a interferência de seus padrões de ondas. Dois cabos elásticos conectados a motores são esticados 10 metros através de uma sala e giram em diferentes frequências em uma composição de ondas e padrões moiré.

Rafaela Rocha apresenta: SynaesthEat Chakras (Brasil)

https://cargocollective.com/rafamrocha

Rafaela Rocha e´ artista e educadora do Rio de Janeiro, com mestrado em Arte e Ciência pela Central Saint Martins (Londres). Nos últimos anos, vem se dedicando ao estudo e à prática de terapias holísticas e educação Montessori, buscando forma de integrar esses saberes a` sua prática artística. Interessada no encontro entre introspecção e coletividade, procura trazer a` tona as sutis camadas emocionais, sensoriais e mentais que permeiam interações e rituais cotidianos.

Para o Novas Freque^ncias, Rocha desenvolveu uma nova edição de SynaesthEat, gastro-performance criada em 2015 e apresentada na Alemanha, Inglaterra, I´ndia e Brasil, que explora os aspectos ritualísticos das refeições. Composto em parceria com o chef Onaldo Brancante, um estudioso das reflexões sobre nossos hábitos alimentares através de práticas culinárias conscientes, o cardápio de SynaesthEat Chakras é composto por sete experiências sensoriais.

Uma performance a cargo do terapeuta holístico argentino Beto Cragno harmoniza o jantar a partir de frequências sonoras associadas à estimulação de cada chakra. Mestre no uso do som como ferramenta de cura, Cragno combina frequências binaurais com instrumentos ancestrais, tambor xamânico, didgeridoo, flautas, harpas de boca, tongue-drums, canto de harmo^nicos e canto gutural.

Schtum (Áustria)

http://www.schtum.at/

A dupla austríaca Schtum, composta pelo baixista Manu Mayr e pelo guitarrista Robert Pockfuß, se concentra no espectro acústico e eletrônico, empregando oscilações de ritmo controlado, ruído e microtonalidade. Em seu mundo de loops de feedback estridentes, interferência de graves e vibração de ruído, um campo de ação eletroacústico é criado. Através do uso de instrumentos ao vivo, ao mesmo tempo em que expandem seus horizontes como instrumentistas, a dupla desenvolve uma versão original de noise e de música eletrônica contemporânea. Manu Mayr é contrabaixista formado em jazz e música clássica. Robert Pockfuß é guitarrista, improvisador e compositor; sua produção musical vai da música contemporânea à nova música folclórica.

Tali on pills apresenta: Delírio Music Bar (Brasil)

https://www.facebook.com/talionpills/

Tali on pills é um dos muitos heterônimos de Natália Garcez, artista multimídia, cantora, compositora, performer e atriz. Nascida em Salvador, já transitou por diversas áreas da arte, incluindo teatro, dança, música e vídeo. Atualmente, sua pesquisa se encontra focada no universo da música eletrônica, onde mistura as referências punks do seu passado como vocalista de bandas de hardcore com teatralidade, performatividade, recortes autobiográficos associados a uma miscelânea de referências filosóficas, feministas e cinematográficas, numa intertextualidade que transforma suas apresentações em experiências únicas.

Delírio Music Bar é uma instalação performativa e musical onde Tali on pills traça uma narrativa que tensiona os lugares da canção, ora negando, ora colocando esta como expressão da dor, do sufoco e da ausência. O karaokê, tradição oriental de entretenimento e lazer, é ressignificado como um espaço coletivo de expurgação e catarse: um karaokê psicomágico. No trabalho, uma espécie de mixagem entre autoficção, memórias, sonoridades e imagens, a cantora, movida pela experiência da perda do seu pai, cuja voz se tornou silêncio dois anos e meio antes de seu falecimento, busca cantar a incomunicabilidade; cantar aquilo que geralmente não se comunica através da voz.

Tim Shaw (Inglaterra)

https://tim-shaw.net/

A prática do inglês Tim Shaw se preocupa com as várias maneiras pelas quais as pessoas ouvem – especificamente em como os ambientes de audição podem ser construídos ou explorados utilizando uma ampla variedade de técnicas e tecnologias. Professor de Mídia Digital na Universidade de Newcastle, Shaw está interessado nas relações entre espaço, som e tecnologia; se apropriando de tecnologias de comunicação para explorar como esses dispositivos mudam a maneira como experimentamos o mundo. Apresentando trabalhos através de performances musicais, instalações, caminhadas sonoras e intervenções responsivas ao local, sua prática busca expor a mecânica dos sistemas através do som para revelar os aspectos ocultos dos ambientes e das tecnologias.

Para o NF, Tim Shaw irá desenvolver uma instalação sonora que envolve um conjunto de dispositivos explorados e desenvolvidos durante uma residência de 20 dias na Serrinha do Alambari, pequena cidade localizada próximo à Serra de Itatiaia. O trabalho irá incorporar matérias-primas (água, rochas, objetos encontrados e plantas), tecnologias de escuta DIY, transceptores e alto-falantes esculturais. O evento oferecerá algum tipo de recriação da Serrinha do Alambari como sensor-paisagem, enfatizando a interação, a interferência e as camadas de suas múltiplas materialidades.

Ficha técnica

Chico Dub – curador e diretor geral

Chico Dub é curador com foco em música experimental, música de vanguarda e arte sonora. É curador do Festival Novas

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