Notícia

BOL

Ocupação da USP completa um ano e inspira movimento estudantil

Publicado em 03 maio 2008

Por volta das 17h30 do dia 3 de maio do ano passado, cerca de 300 estudantes da USP (Universidade de São Paulo) ocuparam o gabinete da reitora, Suely Vilela, que estava em viagem oficial à Espanha. Era o começo de uma ocupação que duraria 51 dias e inspiraria universitários de outras instituições de ensino superior.

Após o período de ocupação, foram encontrados, de acordo com a reitoria, diversos danos no prédio. A reitora Suely Vilela afirmou que computadores foram violados e que houve furto de equipamentos. Também foram encontrados, ainda de acordo com a reitoria, vidros quebrados e rabiscos nas paredes. Já os estudantes divulgaram nota no dia 16 de julho onde afirmavam que um grupo ficou encarregado de zelar pelo patrimônio da USP, mas "devido ao grande número de pessoas [...] não poderiam existir garantias efetivas para um controle total". Eles também publicaram no blog da ocupação imagens da reitoria "sendo limpa e reorganizada pelos estudantes".

Motivos

A invasão da reitoria foi motivada, inicialmente, pelo fato de os universitários não terem sido recebidos pela direção da instituição para entregar uma pauta de reivindicações que incluía, entre outros temas, mais moradias estudantis.

Os estudantes também exigiam da reitoria um posicionamento a respeito do decreto 51.461, publicado pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB), então nos primeiros meses de seu mandato.

O decreto criou a Secretaria de Ensino Superior, à qual ficaram subordinadas as universidades. O texto atribuía à secretaria a função de analisar o "desempenho financeiro e econômico" das instituições.

Estudantes, professores e funcionários apontavam que a medida feria a autonomia das universidades públicas do Estado (USP, Unesp e Unicamp) e da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Para os críticos da medida, a intenção do governo era direcionar as pesquisas da universidade para atender o setor privado.

Durante o período de ocupação, que sensibilizou setores da sociedade, o cantor baiano Tom Zé e o grupo Teatro Mágico se apresentaram para os universitários acampados.

Outros movimentos

Após a ocupação da USP, universitários de outras instituições também ocuparam reitorias com reivindicações. O caso mais recente ocorreu na UnB (Universidade de Brasília). A ocupação da reitoria durou duas semanas e foi encerrada no último dia 17. Os alunos conseguiram o afastamento definitivo do reitor, Timothy Mulholland, e de seu vice, Edgar Mamiya.

Mulholland foi acusado pelo Ministério Público Federal de ter usado irregularmente verba (cerca de R$ 470 mil) de uma fundação de apoio a pesquisa ligada à UnB, a Finatec (Fundação de Empreendimentos Científicos e Tecnológicos), na decoração do apartamento funcional onde ele morava, mobiliado com itens de luxo.