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Obra mostra a ampliação do uso de biocombustíveis para transporte sustentável no país (4 notícias)

Publicado em 02 de junho de 2023

A guerra na Ucrânia, ao mesmo tempo em que evidencia a necessidade de acelerar a transição energética globalmente, confirma a condição privilegiada do Brasil em relação ao resto do mundo quando se trata da dependência de combustíveis fósseis, afirma o colaborador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe) da Unicamp Luís Augusto Barbosa Cortez (foto). Essa é uma das questões abordadas pelo pesquisador no livro The Future Role of Biofuels in the Energy Transition (editora Blucher), que foi escrito com o pesquisador espanhol Frank Rosillo-Calle, da universidade britânica Imperial College London, lançado nesta sexta-feira (2), no Nipe.

A obra, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), resgata e analisa a experiência brasileira com biocombustíveis para discutir os potenciais que sua expansão representa principalmente para o setor de transporte e o meio-ambiente. Destaca, ainda, o milho como matéria-prima preferencial para a produção de biocombustível no país — opção que, acreditam os autores, possibilitaria a liberação de áreas de pastagens e a diminuição da emissão de gases de efeito estufa.

O objetivo é atingir o público internacional, mostrando que as culturas brasileiras de biocombustíveis não competem por espaço com o cultivo de alimentos — uma visão, pontua Cortez, bastante comum na Europa. “Atualmente, menos de 5% da área de agricultura no Brasil é reservada à plantação de cana para biocombustível. Isso representa menos de 0,5% da área do país”, diz o professor aposentado da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp. Trata-se, explica, de uma área de 5 milhões de hectares, de onde sai a matéria-prima utilizada para fabricar etanol suficiente para abastecer 43% da frota brasileira de veículos leves. “Nós somos o único país do mundo onde, se o petróleo acabar hoje, amanhã os carros continuarão andando.”

Mais do que apresentar dados que corroborem a viabilidade da produção de biocombustíveis no país sem pôr em risco outros setores da agricultura, os pesquisadores argumentam que esta é a alternativa mais indicada para abastecer veículos leves no Brasil. A justificativa, escrevem, seria uma combinação entre disponibilidade de recursos naturais, conhecimento técnico e tecnológico, experiência acumulada, infraestrutura e aceitação do mercado.

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