A primeira fase do tratamento realizado por Joseane Bosco em seus pacientes envolve a triagem dos casos, uma vez que apenas pessoas que apresentam periodontite média e severa podem participar da pesquisa, desde que preencham alguns requisitos (veja quadro acima).
Após essa etapa, é feita a raspagem do dente, para remover o tártaro e a placa bacteriana de forma não-cirúrgica. Em seguida, é realizado um controle periódico para que o paciente mantenha uma boa condição de saúde gengival, até que o organismo se restabeleça. "Fazemos esse acompanhamento durante três meses. Se, depois disso, alguma área estiver com doença, vamos fazer uma nova sondagem. Se houver necessidade, vamos tratar novamente o paciente, mas desta vez, com a tetraciclina", explica a periodontista. "Esse retratamento, que está sendo testado com o antibiótico, tem um custo muito baixo, portanto, se conseguirmos bons resultados, será ótimo para a população, que não precisará gastar muito dinheiro e não passará mais pela cirurgia", pontua. Segundo a pesquisadora, a grande vantagem do uso da tetraciclina está no fato de o antibiótico ser aplicado diretamente no local infectado, diminuindo a probabilidade de rejeição. "Se a pessoa ingere o medicamento sistematicamente, a possibilidade de existir efeito colateral aumenta, uma vez que o remédio atuará no organismo todo, não só na região desejada", afirma. Ela salienta que o objetivo do estudo é, deste modo, evitar que o paciente desenvolva resistência ao tratamento da doença.
A pesquisa de Joseane vai até o final do próximo ano e é parte de sua tese de doutorado e, segundo ela, conta com o auxílio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), no valor de R$ 50 mil, para a aquisição do material e equipamentos necessários. "Ainda é cedo para falar em resultados, mas acredito que seremos bem-sucedidos nesse estudo", declara a periodontista.
(Vanessa Cusumano)
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