É consenso: aplicar recurso em ciência e tecnologia, investir em pesquisa e desenvolvimento é sempre investimento, nunca custo. Em tese, todos concordam, mas difícil é convencer os ordenadores de despesa, os que estão com a chave do cofre a destinar mais verbas, dotações orçamentárias para pesquisa e desenvolvimento, o famoso binômio P&D. O mundo, em seu espectro mais amplo, é dominado por quem detém o conhecimento, em todos os seus aspetos. No econômico, principalmente, e o Brasil começa a ter consciência de que o retorno é garantido. Hoje, por exemplo, o País só precisa da liberação da Anvisa - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, para que o Instituto Butantan, em São Paulo, comece a produção da vacina brasileira contra a raiva humana. Os testes de viabilidade de produção estão concluídos e as primeiras doses da vacina poderão estar disponíveis em fevereiro. Não é só independência tecnológica e científica, mas ganho efetivo na balança comercial.
Já tem mercado cativo
A meta inicial é produzir 3 milhões de doses por ano, com custo estimado de US$ 5 por dose. Hoje o governo federal importa, anualmente, da França, essa mesma quantidade de vacinas, ao custo de US$ 7 por dose. A economia é evidente. "Além de baratear os custos em cerca de 30%, a vacina que será produzida no Brasil terá mais anticorpos que a importada", explica Neuza Maria Frazatti Gallina, chefe da seção de raiva do Butantan, que tem toda a infra-estrutura tecnológica montada para a produção.
Exportar também
O prazo final para a avaliação da vacina é o dia 7 de maio, mas a expectativa é que a Anvisa autorize o início da produção das vacinas no próximo mês. Com a produção nacional estabilizada, revelou Neuza à Agência Fapesp, o Instituto vai solicitar registro na OMS — Organização Mundial da Saúde -, para que possa exportar a vacina.