Um estudo da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, trouxe ao Brasil o tratamento CAR-T Cell, considerada a mais revolucionária da oncologia e aplicada em poucos países.
Graças a este protocolo, os 14 pacientes tratados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tiveram, pelo menos, 60% de remissão dos tumores. Um deles, Paulo Pelegrino, de 61 anos, que enfrentava um linfoma há 13 anos e estava prestes a receber cuidados paliativos, teve remissão total da doença.
A terapia contra o câncer retira as células T do sistema de defesa do paciente e as modifica geneticamente para que possam reconhecer as células cancerígenas. Reintroduzidas ao corpo, as células T se multiplicam e são capazes de eliminar os tumores.
Alto custo
A princípio, o método tem como alvo três tipos de cânceres: leucemia linfoblástica B, linfoma não Hodgkin de células B e mieloma múltiplo, este último ainda indisponível no Brasil.
Já a resposta ao tratamento costuma ser rápida. Dos 13 pacientes tratados com a CAR-T Cell, nove tiveram remissão completa da doença em 30 dias. Mas o custo na rede de saúde privada pode ultrapassar o valor de R$ 2 milhões por pessoa.
“Devido ao alto custo, este tratamento não é acessível em grande parte dos países do mundo. O Brasil, por outro lado, encontra-se em uma posição privilegiada e tem a rara oportunidade de introduzir este tratamento no SUS em curto período de tempo”, diz Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular CEPID-USP e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto ao G1.
Próximos passos
O tratamento do primeiro grupo exposto à terapia celular foi custeado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Já no segundo semestre, mais 75 pacientes serão submetidos ao tratamento, desta vez bancado com verbas públicas após a autorização da Anvisa para estudos clínicos.