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Jornal da Unesp

O potencial da sacarose (1 notícias)

Publicado em 01 de junho de 2003

O açúcar de cana pode produzir uma variedade de produtos, que vão desde alimentos até pesticidas. Esse é o objetivo do projeto Síntese e aplicações de derivados de açúcar de cana (sacarose), coordenado pelo químico Maurício Boscolo, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (Ibilce) da UNESP, campus de São José do Rio Preto. "A idéia é produzir derivados não-convencionais da sacarose, mostrando, por exemplo, que o álcool combustível não é o único produto que pode ser fabricado a partir da cana", afirma. A partir da reação da sacarose com óleos vegetais (soja, milho, amendoim e outros), obtêm-se compostos químicos denominados sucroésteres, que são um tipo especial de detergente e apresentam amplas propriedades biológicas e químicas. "Estes compostos podem ser utilizados no preparo de alimentos e também como xampus, detergentes, bactericidas e pesticidas", explica Boscolo. Quando usados em alimentos, os sucroésteres podem exercer a função de emulsificantes — nome dado ao componente capaz de misturar água e óleo — ou ser empregados como substitutos da gordura em processos industriais. "Nos Estados Unidos, os sucroésteres já são utilizados no lugar do óleo para fritar batatas. Como o organismo não absorve este composto, a gordura ingerida é eliminada", diz o professor do Ibilce. Atualmente, o docente também desenvolve pesquisas em parceria com o professor Odair Fernandes, do Departamento de Entomologia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) da UNESP, campus de Jaboticabal, que visam a utilização de sucroésteres no combate à mosca-branca, a principal praga que afeta a agricultura brasileira. "O pesticida que estamos desenvolvendo é biodegradável, não-poluente e não deixa resíduos contaminantes", diz o professor. "Se o alimento for ingerido com restos do produto, não faz mal à saúde." A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), teve início em janeiro de 2002 e deverá continuar até 2005, com um projeto de produção de polímeros (plásticos em geral) a partir da sacarose. "O polímero gel será utilizado como revestimento de remédios que permitirá a liberação mais adequada de seus princípios ativos", conclui Boscolo