Os quatro sócios da Electrocell se reúnem a cada dez dias para atualizar o plano de negócio. Para Gerhard Ett, Volkmar Ett, Angelo Ebesui e Gilberto Janóli, planejar é um hábito desde 1998, três anos antes da criação da empresa. "É como um livro de consultas para a busca de metas. Estamos sempre refazendo porque a cada dia surgem novos concorrentes nacionais e internacionais na área em que estamos atuando", diz Ett.
Com os objetivos iniciais detalhados, em 2001, conseguiram o apóio do Centro Incubador de Empresas Tecnológicas (Cietec). Isso foi decisivo na criação de diferenciais tecnológicos para desenvolver uma fonte de energia limpa, a célula a combustível - espécie de pilha, que pode ser aplicada em automóveis, residências, indústrias e suprimento de eletricidade, produzindo como resíduo apenas vapor de água.
O projeto, fruto das formações complementares dos sócios, tornou-se viável graças às decisões conjuntas dos quatro empreendedores. "O ponto principal da criação da Electrocell foi a cooperação dos sócios. Todos aqui dentro participam da gestão, mas, é claro, alguns têm uma responsabilidade maior. Com isso, a resolução dos problemas é mais rápida", diz Ett. A constante capacitação dos profissionais que trabalham na empresa foi também fundamental para o processo de desenvolvimento e adequação dos produtos às normas internacionais para exportação.
Investir em treinamento, curso de pós-graduação e participação em congressos no Brasil e no exterior faz parte dos hábitos da empresa desde a fundação. Apostar na formação dos funcionários era o único caminho, pois não havia mão-de-obra especializada numa área nova no mercado nacional. Hoje a empresa tem 12 funcionários e faz a contratação de serviço e mão-de-obra conforme a demanda, compondo um total de 26 empregos indiretos.
A maior dificuldade foi a conexão com a liquidez financeira. Investimentos freqüentes são parte do dinâmico processo de inovação tecnológica, o que também se constitui num grande problema enfrentado pelos empreendedores da Electrocell. Mas eles conseguiram reverter a situação com o apóio de instituições como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que foram fonte de recursos.
A Electrocell também firmou parcerias com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), a USP São Carlos e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que faz testes com a célula a combustível que produzem. Essas parcerias vão contribuir para a entrada da empresa no mercado internacional, no qual estão os maiores consumidores. Para Gerhard Ett, a tendência é de exportação. "Atualmente já estamos construindo os produtos dentro das normas européias e americanas e entrando com um processo de obtenção de um certificado para a norma americana."
O reconhecimento dessas ações empreendedoras veio já no ano em que a empresa foi criada. Eles receberam Menção Honrosa, pelo melhor trabalho técnico realizado em 2001, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), associação sem fins lucrativos filiada à SAE International, que divulga técnicas e conhecimentos relacionados à tecnologia da mobilidade — terrestre, marítima e aeroespacial.
PERFIL
Nome e formação: Gerhard Ett, engenheiro químico, químico e doutor em Eletroquímica; Volkmar Ett, doutor honoris causa em Tratamento de Superfície; Angelo Massatoshi Ebesui, engenheiro eletrônico; Gilberto Janóli, engenheiro elétrico e pós-graduado em Dimensionamento de Baterias
Ações: atualização freqüente do plano de negócio, decisões conjuntas, formações complementares e capacitação dos colaboradores.
Empresa: Electrocell Indústria e Comércio
Ramo de atuação: célula a combustível
Ano de fundação da empresa: 2001
Cidade-sede: São Paulo (SP)
Faturamento: Não divulgado
Número de funcionários: 12 diretos e 26 indiretos
www.electrocell.com.br
Notícia
Empreendedor