A fêmea da espécie também é mais agressiva do que o macho, segundo o estudo, especialmente quando são jovens e durante o dia.
As cobras ainda eram mais propensas a morder quando o tempo estava mais quente, que é quando os répteis de sangue frio estão mais ativos e têm mais energia.
As chances de ser mordido também aumentam se as cobras são tocadas na cabeça, em vez de no meio do corpo ou na cauda, segundo a pesquisa.
Alves Nunes afirma que as informações obtidas com o estudo podem ajudar a mitigar o problema das picadas de cobra no Brasil. “Com nossas novas descobertas, podemos prever onde as picadas podem ocorrer e planejar melhor a distribuição do antiveneno”, explica.
“Combinando nossos dados com os de outros estudos que mostram a distribuição de cobras, podemos identificar os locais onde os animais têm maior probabilidade de serem agressivos. Por exemplo, locais mais quentes, com uma população maior de cobras fêmeas devem ser prioridade para a distribuição de soro antiveneno”, destaca.
A jararaca é uma das principais responsáveis por acidentes com picadas no país, representando cerca de 90% dos atendimentos relacionados a serpentes peçonhentas.
Pesquisador alérgico a antiveneno
Alves Nunes conta que se sentiu “100% seguro” ao pisar nas cobras ou perto delas por causa das botas que usava — segundo ele, foram escolhidas com base na orientação de colegas experientes do Instituto Butantan
No entanto, embora as jararacas não tenham conseguido perfurar as botas, ele acabou sendo mordido ao fazer experimentos com uma cascavel e teve de receber tratamento no hospital.
“Felizmente, eu estava no melhor lugar que poderia estar”, conta o pesquisador, referindo-se ao instituto que é líder no desenvolvimento de soros antiveneno.
Mas a mordida revelou uma característica infeliz para um pesquisador de cobras: “Infelizmente, descobri que sou alérgico tanto ao antiveneno quanto às toxinas das cobras. Tive de tirar uma licença médica de 15 dias”, revelou o biólogo à Science.
Por outro lado, mais uma vez demonstrando a paixão pelo conhecimento a qualquer custo, Alves Nunes está transformando o infortúnio em uma boa causa científica.
“Agora, estou comparando a força da mordida de cascavéis e jararacas com a resistência de diferentes materiais e calçados a elas.”