Pela primeira vez nos seus seis anos de existência, o Programa Pensa será organizado fora do estado de São Paulo e contará com casos de empresas do Mercosul. O VI Seminário Anual do Programa de Estudos dos Negócios do Sistema Agroindustrial (Pensa), da USP, vai acontecer em Canela. Rio Grande do Sul, de 15 a 18 de setembro.
O novo palco do programa, que reúne a nata do setor, é resultado não apenas da forte influência das empresas que constituem a seção gaúcha da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), como também por estar mais próximo dos países do Mercosul, que estão cada vez mais interessados nas oportunidades do sistema agroindustrial brasileiro.
"O programa está ultrapassando os contornos nacionais", diz Elizabeth Farina, pesquisadora da Fundação Instituto de Administração, da Faculdade de Economia e administração da USP, responsável pelo programa. Os estudos de caso são elaborados por economistas, técnicos e pós graduandos da universidade. Os trabalhos, este ano, foram enfocados sob o tema "Gerenciamento de Conflitos no Sistema Agroindústria".
Dos casos analisados da porteira para dentro da fazenda, o da cooperativa argentina Milkout é o que dá o tom da internacionalização do programa. Com uma produção diária de 1,2 milhão de litros de leite por dia, a cooperativa está observando atentamente o mercado brasileiro, vem investindo na produção de grãos e já analisa a possibilidade de construir uma unidade especialmente para atuar no Brasil.
Ainda na porteira da fazenda para dentro, duas outras cooperativas são objeto de estudo de caso. A primeira dela é um caso bem sucedido - a Cooperativa Mourãoense (Coamo), maior cooperativa brasileira e única a distribuir sobras (dividendos) para seus cooperados no ano passado. Os pontos de estudo da Coamo serão sua estratégia industrial (a cooperativa tem uma das estruturas menos verticalizadas do País) e sua competência econômico-financeira.
A segunda cooperativa analisada é a Cooperativa Agrícola de Cotia. O estudo deste caso será uma verdadeira "autópsia", procurando identificar as razões do fracasso empresarial.
Da área produtiva, o caso eleito foi o da fazenda Santa Izabel, do empresário Roberto Rodrigues. O estudo levanta a discussão sobre a oportunidade de expandir a atividade agrícola para regiões de fronteira, como o município de Balsas, no Maranhão, onde Rodrigues já opera, ou se é interessante intensificar a produção local.
Como representante do setor industrial, o caso estudado é o do grupo Pena Branca, dono de um moinho de trigo e de um abatedouro de aves. Os gargalos levantados no estudo de caso são os localizados no setor de moagem. O foco deste estudo de caso recai sobre a nova realidade que as empresas moageiras estão vivendo, após a desregulamentação do setor.
"As empresas operam com enorme capacidade ociosa, corpo gerencial de baixa capacitação e são extremamente dependentes de estratégias de logística de compras externas e oportunidades no mercado interno", explica Farina.
Complementando o programa, o Pensa analisa, pela primeira vez, um caso na ponta do varejo. O estudo foi feito sobre a rede de supermercados real, também do Rio Grande do Sul, avaliando suas inovações gerenciais, dentre elas o sistema de trabalho de franquia.
A sexta edição do Pensa também abrirá espaço para palestras de um "global farming", a ser escolhido, e do especialista em cooperativismo Hermann De Boonn, que reestruturou a Cebeco, maior cooperativa holandesa.
Notícia
Gazeta Mercantil