Prof. Carlos Ruggiero
Professor titular de Fruticultura UNESP/ FCAVJaboticabal
(carlos.ruggiero13@fcav.unesp.br)
1) Considerações Gerais. Admite-se como premissa básica que a pesquisa deva ser realizada para atender à demanda do produtor, proporcionando informações técnicas para que ele possa, com segurança, desenvolver seu projeto. Comentaremos as responsabilidades de alguns elos mais diretamente relacionados ao congresso da cadeia produtiva para atingir esse objetivo, enfatizando que todos os elos têm, em graus diferentes, suas responsabilidades.
·Dos autores:a pesquisa deve ser realizada para proporcionar o crescimento de fortes equipes multidisciplinares, no sentido de atender às necessidades do produtor, e não apenas para ter mais um trabalho publicado, residindo neste aspecto um grande fator que nos separa, por exemplo, de Harvard.
·Das faculdades: percebe-se que muitas informações não estão disponíveis aos produtores em uma linguagem jornalística, faltando em muitas delas uma central para o atendimento aos produtores, proporcionando inclusive melhor formação de seus alunos e uma melhoria significativa na avaliação das atividades de extensão.
·Da Sociedade Brasileira de Fruticultura: manter uma contínua observância para que a RBF privilegie a qualidade dos artigos publicados, em detrimento da quantidade, e atue em colaboração com faculdades, institutos de pesquisas, etc., na elaboração de prioridades a serem pesquisadas na área da fruticultura brasileira.
Verifica-se que todos os elos da cadeia produtiva têm suas responsabilidades, que também caberá ao produtor enquadrar-se no que emana da definição de um produtor ideal,para o qual prefiro a seguinte definição;aquele que utiliza todas as informações técnicas disponíveis e que comercializa a produção, procurando sempre agregar valor ao produto.
Verifica-se que um grande problema enfrentado pelo produtor é não ter as informações em uma linguagem mais simples, uma vez que os artigos publicados, por exemplo, na RBF(Revista Brasileira de Fruticultura),e disponíveis no site www.scielo.br, desde 2001, não são acessíveis aos produtores devido à linguagem utilizada. Relato com tristeza o seguinte:
Como Editor da RBF desde 1998, e Coordenador do www.todafruta.com.br, desde 2002, tenho convidado os autores dos trabalhos publicados na RBF a escreverem uma informação jornalística sobre os mesmos para divulgarmos no Todafruta,e com tristeza informo que recebemos 10-15% de respostas positivas e dois questionamentos preocupantes:
1)Professor obrigado pelo convite, mas não sei escrever desta forma.Há realmente um fundo de verdade, mas também um grande contingente de má vontade.
2)Professor obrigado pelo convite, mas não poderei colaborar, devido à Faculdade não valorizar esse tipo de publicação, o que infelizmente é uma dura constatação.
Precisamos para possibilitar uma comparação, por exemplo, com Harvard, deter-nos analisando os requisitos básicos para a realização de uma boa pesquisa, cuja resposta poderia ser resumida no tripé:
Bons orientadores, com bons projetos
Bons alunos Recursos suficientes
a)Bons orientadores, com bons projetos – Inegavelmente, embora reconhecendo a existência de bons orientadores nas antigas faculdades, como a centenária ESALQ, por exemplo, onde tive o privilégio de estudar, mas em grande número,os orientadores começaram a se formar com a criação das Universidades Brasileiras, sendo que a grande maioria delas tem entre 60-70 anos.Isto mostra a grande diferença com Harvard com 378 ANOS, sendo a USP uma das mais antigas no Brasil,tendo sido criada em 1934 e possui apenas 80 anos!
Conclui-se que somos ainda muito jovens com relação a esse quesito.
b)Bons alunos- Os alunos dos cursos de pós-graduação em mestrado e doutorado são a grande mola propulsora dessas pesquisas, mas foram disponibilizados no Brasil com a criação dos cursos de pós graduação, sendo que a grande maioria dos cursos foram criados na faixa de 1960-1970, observando que, com relação a esse item, somos ainda muito mais jovens.
c)Recursos -Verifica-se que, de uma forma mais coordenada,os recursos foram proporcionados no Brasil com a criação do CNPq (1951), das fundações, sendo um bom exemplo a criação da FAPESP, em São Paulo em 1962, que estimulou a criação de outras , como FAPESB, FAPEMIG, etc.
É fundamental que venhamos a ter fundos para a cultura, a exemplo do FUNDECITRUS (1977), para com a citricultura brasileira.
Resumindo, podemos dizer que, nesses três elos do tripé para a realização de uma boa pesquisa, somos muito jovens comparativamente a outras universidades estrangeiras.
2)O PAPEL DA RBF
A Sociedade Brasileira de Fruticultura – SBF, de 1970, preocupada com a difusão de informações técnicas, criava em 1978 a Revista Brasileira de Fruticultura - RBF, sediada em Cruz das Almas-Embrapa, até 1998, e desta data até 2014, na Unesp-Jaboticabal.
Graças à colaboração recebida, a RBF apresenta hoje os seguintes números.
Assessores: os responsáveis pela aprovação ou rejeição dos trabalhos apresentados. Cada trabalho é enviado a 3-4 assessores, no sentido de procurar cobrir todas as facetas do trabalho. Para podermos oxigenar essa grande massa de colaboradores após cada edição da revista, selecionamos aqueles com titulação de doutores, convidando-os para participarem conosco desse projeto, e podemos considerar como sucesso essa atividade. Aproveitamos para agradecer essa legião de 950 assessores que, trabalhando no anonimato, são os grandes responsáveis pela posição alcançada pela RBF.
Comissão editorial: constituída por 18 pesquisadores da Unesp/Jaboticabal, que funcionam como interlocutores entre os autores e os assessores.
Editores Associados: constituídos por 15 pesquisadores de várias e renomadas instituições, que nos têm ajudado a melhorar a penetração da RBF a nível internacional.
Conselho Editorial: Constituído por 7 profissionais, eleitos em Assembleias do Congresso de Fruticultura, que têm como objetivo a fiscalização das atividades da RBF, bem como a aprovaçãoà política a ser adotada.
Com essa formidável equipe de colaboradores, a quem agradecemos, a RBF apresenta os seguintes resultados:
Numero de edições normais: a RBF publica atualmente 4 edições por ano, com 30 trabalhos em cada uma.
De 2001 até hoje, publicou 2.090 trabalhos que estão on-line no www.scielo.org.
Informações sobre a fruta da capa: em 2008, passamos a dar informações gerais sobre a fruta da capa, e com alegria informamos que dados sobre Mirtilo, na capa de 2009, é o artigo mais visitado, com 34.453 visitações.
Indexações obtidas: graças ao trabalho desenvolvido e pela sua pontualidade, a RBF encontra-se indexada em:
- AGRIS - www.fao.org/agris(2000)
- AGROBASE – www.agricultura.gov.br(2000)
- CAB Internacional – (2000)
- SciELO BRAZIL – www.scielo.org (2001)
- Science Citation Index Expanded – www.thonsonreuters.com(2007)
- ISI (2007)
- Science Edition The Gale Group – www.gale.cenage.com(2009)
- SCOPUS– www.scopus.com(2011)
Este é um atestado da qualidade obtida, graças à maravilhosa equipe de colaboradores que conseguimos aglutinar, a quem agradecemos.
- Avaliações pela CAPES=QUALIS: na última avaliação, a RBF obteve os seguintes conceitos em diferentes áreas.
POSIÇÃO DA RBF POR ÁREA DE AVALIAÇÃO STATUS
Nível A2
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) A2 GEOGRAFIA
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) A2 PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL /DEMOGRAFIA
Nível B1
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B1 CIÊNCIAS AGRÁRIAS I
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B1 CIÊNCIAS AMBIENTAIS
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B1 ENFERMAGEM
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B1 ENGENHARIAS I
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B1 ENGENHARIAS III
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B1 GEOCIÊNCIAS
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B1 INTERDISCIPLINAR
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B1 ZOOTECNIA / RECURSOS PESQUEIROS
Nível B2
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B2 BIODIVERSIDADE
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B2 CIÊNCIA DE ALIMENTOS
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B2 EDUCAÇÃO
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B2 ENGENHARIAS II
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B2 FARMÁCIA
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B2 NUTRIÇÃO
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B2 SAÚDE COLETIVA
Nível B3
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B3 ENSINO
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B3 MEDICINA I
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B3 MEDICINA II
Nível B4
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B4 BIOTECNOLOGIA
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B4 CIÊNCIAS BIOLÓGICAS I
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B4 CIÊNCIAS BIOLÓGICAS II
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) B4 QUÍMICA
Nível C
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) C ASTRONOMIA / FÍSICA
0100-2945 Revista Brasileira de Fruticultura (Impresso) C SOCIOLOGIA
ISI
- Evoluímos, passando do conceito B2, para B1, na avaliação de 2009.
- Evolução nos conceitos do JCR: Como a revista foi indexada junto ao JCR em 2009, quando registrou os seguintes números:
Nossa classificação no Qualis/CAPES é B1, sendo que a RBF está indexada junto ao ISI na categoria Horticultura, que contém 30 periódicos indexados e abrange os trabalhos referentes ao cultivo de flores, frutas, legumes, plantas ornamentais, jardins, pomares e viveiros. Com relação ao fator de impacto, a RBF encontra-se em 27°, com fator de 0.265. Em comparação apenas com os periódicos Brasileiros, que somam um total de 65, a RBF está em 56° em relação ao fator de impacto. O fator de impacto médio da categoria é de 0.654, dados esses referentes à última avaliação efetuada em 2009, que mensura o desempenho nos dois anos precedentes (2008 e 2007).
èEvolução nos conceitos da CAPES
- Evoluímos, passando do conceito B2, para B1, na avaliação de 2009.
Evolução nos conceitos do JCR: Como a revista foi indexada junto ao JCR em 2007, recebemos a primeira avaliação em 2009, quando registrou os seguintes números:
Biênio 2007-2008 2009 – 2010 2011-2012
FATOR DE IMPACTO 0,265 0,440 0,654
Reprovação de trabalhos:
ANO |
SUBMETIDOS |
REJEITADOS |
2009 |
276 |
94 |
2010 |
235 |
101 |
2011 |
279 |
87 |
2012 |
283 |
103 |
2013 |
440 |
177 |
·Evidencia-se que a RBF está empenhada na qualidade dos trabalhos enviados.
3)RAZÕES DA CRIAÇÃO DO TODAFRUTA
Com a participação de 127 colaboradores de diferentes instituições, criamos, em 2002, o www.todafruta.com.br, que luta com dificuldades para atender sua missão de difundir as informações existentes, motivado em grande parte pela não valorização das atividades de extensão.
Com relação a sua divulgação, tem sido visto em mais de 250 países, utilizando as ferramentas de tradução disponíveis na Internet, com maior penetração emlistar os 20 mais visitados.
Em 2013, foi necessário sua formatação, passando da linguagem ASP, para outra mais adequada, e introduzimos o fórum de discussões, contando com 16 tópicos on-line.
Respondemos as perguntas, o que mostra o grande potencial existente, evidenciando que precisamos estimular e apoiar esse modelo de divulgação.
4)O QUE FALTA FAZER
- Uma mudança nos critérios de avaliação, dos pesquisadores e das revistas, dando mais importância a pesquisas qualitativas;
- Que a SBF atue coordenando a elaboração de prioridades a serem pesquisadas em fruticultura;
- Uma melhoria significativa na avaliação dos trabalhos de extensão;
- Treinamento dos alunos nos cursos afins, para com o relacionamento com os produtores e com a criação de uma central de atendimento;
- Despertar o empreendedorismo nos alunos, para que um volume significativo saia dos bancos escolares com seu projeto de empresa perfeitamente alinhavado;
- Motivação para que o ensino sofra profundas mudanças, passando para um ensino integrado;
- Criação, nos cursos de agronomia e correlatos, de um departamento de jornalismo;
- Despertar nos alunos a definição, o mais cedo possível, de sua área de atuação;
- Mapear o quanto importamos para produzir cada fruta, como forte subsídio a novas pesquisas.
ESTAMOS DIANTE DE UM IMENSO BANQUETE, APROVEITEM
REFERÊNCIAS
CNPq - http://www.cnpq.br/
FAPESP - http://www.fapesp.br/
HARVARD - http://www.harvard.edu/
REVISTA BRASILEIRA DE FRUTICULTURA - http://www.rbf.org.br/
SciELO - http://www.scielo.org
SOCIEDADE BRASILEIRA DE FRUTICULTURA - http://www.fruticultura.org/
TODAFRUTA - http://www.todafruta.com.br/