Uma das plantas de maior valor para a economia brasileira, a cana-de-açúcar teve sua constituição genética decifrada por um grupo de dezenas de cientistas ligados a alguns dos principais centros de pesquisa do país. Trata-se do projeto Genoma Cana, que conseguiu identificar 32.620 genes, ou mais de 90% de todos os genes da planta.
O resultado, valiosa conquista para a ciência brasileira, foi publicado no dia 12/11 no site da renomada revista norte-americana Genome Research, em artigo assinado pelo coordenador do projeto Paulo Arruda, do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética da Universidade Estadual de Campinas, e outros 56 pesquisadores.
Para a identificação dos genes da planta, os cientistas trabalharam com fragmentos de genes, conhecidos como Etiquetas de Seqüências Expressas (ESTs). "Após o processamento das seqüências, 237.954 ESTs foram identificados", diz o artigo, a partir de "diferentes órgãos e tecidos da cana-de-açúcar, em vários estágios de desenvolvimento". Com a quantidade, a cana-de-açúcar passa a ser a quinta planta com maior número de seqüências descritas, após o trigo, milho, cevada e soja.
Os dados obtidos pelo projeto, também conhecido como Sucest (de Sugarcane EST), já estão sendo utilizados por diversos grupos de pesquisa, que buscam informações sobre o metabolismo da cana-de-açúcar de modo a obter, por exemplo, variedades mais produtivas e resistentes à seca ou a solos com poucos nutrientes.
O Genoma Cana é um projeto financiado pela FAPESP, dentro do Programa Especial Genoma FAPESP. A Fundação entrou com cerca de US$ 4 milhões. Outros US$ 400 mil foram investidos pela Cooperativa dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar). Os trabalhos começaram em 1999, quando foram reunidos 22 grupos de pesquisa para a iniciativa.
(Agência Fapesp, 18/11)
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