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O lado positivo da crise hídrica

Publicado em 11 janeiro 2015

Por Wilson Marini

A dificuldade de abastecimento de água na maioria das cidades traz como efeito positivo a tomada de consciência de forma mais clara da relação entre as chuvas e a sustentabilidade do planeta. “A escassez de água que alarma o país tem relação íntima com as florestas”, atesta a edição de dezembro da Revista Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Em sua reportagem de capa, intitulada “Dança da chuva”, a revista afirma que água em abundância depende de florestas preservadas para formar chuvas e manter a qualidade dos aquíferos. Fundamentada em trabalhos científicos do país e do exterior, a publicação afirma que as alterações no volume e precipitações e mau uso das fontes estão “entre os fatores que secam os canos de parte do Brasil”. A engenheira Monica Porto, da Escola Politécnica da USP, afirmou que a crise atual é importante para conscientizar a população sobre a necessidade de se reduzir o consumo. Ao menos isso. O alerta é o primeiro passo para a ação.

De acordo com a revista da Fapesp, uma experiência prática que reforça a importância de se preservar as matas ciliares para a manutenção dos recursos hídricos é relatada pelo biólogo Ricardo Rodrigues, da Esalq, especialista em recuperação de florestas nativas. Ele conta que há duas décadas a água sumiu da microbacia de Iracemápolis, município próximo a Rio Claro e Piracicaba. Foi implantado um projeto de conservação do solo e de recuperação da mata ciliar. “Fui lá recentemente e levei um susto”, disse ele. O nível da represa está um pouco mais baixo, mas tem água suficiente para continuar abastecendo a cidade, que por sua vez teve a população aumentada nesse período.

Investimentos: São Paulo é a porta de entrada dos investimentos no Brasil, segundo reportagem desta semana do jornal Brasil Econômico com base em afirmação do presidente da agência de fomento Investe São Paulo, Luciano Almeida. Ele discorda que o estado esteja perdendo participação no Produto Nacional Bruto (PIB), especialmente em relação a investimentos na indústria. “Na verdade, o Brasil como um todo não é competitivo e tem perdido investimento para outros países, mas São Paulo ainda é a porta de entrada para o investimento no país”, diz ele. Em 2012, a participação da indústria paulista no PIB industrial era de 29,78% do total e, no ano passado, subiu para 32,32%. No mesmo período, a participação da indústria nacional no PIB caiu de 26,02% para 24,98%. “Isso mostra que a indústria paulista ampliou sua participação no PIB”, diz Almeida.

Logística no Interior: Na mesma reportagem, Luciano Almeida destaca a interiorização do processo industrial no Estado. O desenvolvimento industrial começou na capital paulista e depois foi ampliado para a região do ABC. “Atualmente, esse raio já atinge de 150 e 200 quilômetros da capital, onde há o equilíbrio da logística, o melhor custo-benefício em fazer investimento, ter qualidade de vida e mão de obra especializada”. Em 2014, só com o apoio da agência, foram anunciados 27 projetos no estado, com investimento de R$ 3,4 bilhões. Até 30 de novembro, havia 91 projetos em andamento, que podem ou não se concretizar, com potencial de investimento de R$ 10,07 bilhões.

Ano da Luz: 2015 foi declarado pelas Nações Unidas o Ano Internacional da Luz e das Tecnologias Baseadas na Luz. A iniciativa vai destacar a importância da luz e das tecnologias ópticas na vida dos cidadãos, assim como no futuro e no desenvolvimento das sociedades de todo o mundo. “Essa é uma oportunidade única para se inspirar, para se educar e para se unir em escala mundial”, proclama a Unesco. Será dada ênfase à conscientização sobre como as tecnologias baseadas na luz promovem o desenvolvimento sustentável e fornecem soluções para os desafios mundiais nas áreas de energia, educação, agricultura, comunicação e saúde.

Jornalista - email wmarini@apj.inf.br