O Jornal da USP publica nesta edição uma série de matérias a respeito do projeto de lei sobre biossegurança que, em tramitação no Senado Federal, trata de duas questões de importância capital para o País: a pesquisa, produção e comercialização dos alimentos transgênicos e a manipulação de células-tronco embrionárias humanas.
A decisão dos senadores sobre esses temas atingirá de forma sensível a economia, a saúde pública, a ciência, a indústria, o comércio, a universidade - enfim, toda a sociedade brasileira. Entraves aos transgênicos, por exemplo, poderão representar a perda da elevadíssima competência que o Brasil possui no setor, o que resultará na pouca competitividade do País no mercado internacional e no desemprego. Liberar esses alimentos, porém, esbarra no alerta de ambientalistas, para quem a tecnologia terá efeitos ainda desconhecidos e, por isso, precisa ser utilizada com extremo cuidado.
O mesmo impasse se dá com o uso das células-tronco embrionárias humanas. Com esse material, os cientistas acreditam que poderão gerar tecidos capazes de regenerar órgãos afetados por doenças. Utilizando células-tronco embrionárias de camundongos, pesquisadores da USP conseguiram fazer isso em animais. Por que não o conseguiriam em humanos? Também nesse caso, o consenso inexiste. Usar esse material, mesmo que seja um "amontoado amorfo de poucas células", é um inaceitável atentado à vida humana, já presente no instante em que o espermatozóide fecunda o óvulo, de acordo com parte significativa de líderes religiosos. E há cientistas que duvidam da capacidade das células-tronco de restaurar toda a programação genética dos órgãos degenerados.
Diante de questões tão polêmicas e profundas, é necessário que a sociedade brasileira discuta intensamente o projeto de lei sobre biossegurança, antes da votação no Senado. O Jornal da USP faz isso nesta edição. Nela, o leitor terá uma mostra dos aspectos mais importantes ligados aos transgênicos e às células-tronco. Nas páginas 6 e 7, por exemplo, o jornal apresenta as avançadas pesquisas na área da transgenia realizadas pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. Uma fonte de tecnologia voltada para elevar a produção do campo brasileiro, a Esalq trabalha para introduzir genes de bactérias no genoma da cana-de-açúcar, o que conferirá à planta resistência contra doenças. Outro bem-sucedido experimento da Esalq introduziu um gene de mariposa no DNA do maracujá, fortalecendo a plantação da fruta.
Nas páginas 8 e 9, o jornal discute o uso das células-tronco embrionárias humanas. O Centro de Estudos do Genoma Humano do Instituto de Biociências da USP - um dos mais avançados laboratórios de pesquisa do Brasil na área - realiza vários estudos que visam a restaurar órgãos e músculos usando células-tronco extraídas da medula óssea, do sangue e do cordão umbilical. Os resultados são promissores e podem significar, no futuro, um eficiente tratamento para várias doenças.
A posição dos cientistas paulistas - que se manifestaram através de um documento aprovado pela Fapesp - e a trajetória do projeto de lei sobre biossegurança, concebido pelo Poder Executivo e aprovado pela Câmara dos Deputados em fevereiro, também são relatadas nas páginas a seguir.
Com esta edição do Jornal da USP, a Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da USP espera contribuir efetiva-mente para o debate, o esclarecimento e a solução de tão prementes questões, em favor de toda a sociedade brasileira.
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Jornal da USP