Nesta quarta-feira (30), segundo dia da 5ª Conferência Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação, foi colocada em discussão a criação de novas fontes de financiamento para a CT&I e o futuro do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).
Com o tema “O futuro do FNDCT e a mudança de escala no financiamento de CT&I”, a presidente da Academia Brasileira de Ciência (ABC), professora Helena Nader disse que o grande desafio do setor é conseguir novos recursos para o desenvolvimento da área.
“O FNDCT não pode ser a única fonte de financiamento da ciência”, enfatizou. A professora lembrou que os grandes projetos estruturantes da área anunciados recentemente foram de recursos do Fundo.
“O FNDCT é uma das soluções. De onde está vindo o financiamento do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial? A finalização das linhas dos Sirius? E do RMB (Reator Multiproposito)? O NB4? Todos eles são do FNDCT”, ressaltou Nader.
A representante da ABC também disse que para haver crescimento na economia é preciso haver competitividade em diversos setores da indústria e serviços. “Mas competitividade só se obtém com produtos inovadores e produtividade, e em especial com pessoal qualificado”.
No ano passado, o valor do FNDCT foi de R$ 10 bilhões que foram aplicados em 10 eixos prioritários. Este ano, está previsto um valor de R$ 12,8 bi.
O diretor de Desenvolvimento Científico-Tecnológico da Finep, Carlos Aragão, salientou que o FNDCT não é uma solução para todos os problemas. “O que a gente precisa é que o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação possa dispor de mais recursos tanto públicos quanto privados”, afirmou. “A gente está em uma Conferência debatendo ciência e o único financiamento que temos é o FNDCT e isso não pode acontecer” concluiu Aragão.
O diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, o economista Carlos Pacheco, sugeriu outras fontes de financiamento como aportes em capital em startups, debêntures, etc. “Porque o aporte de capital numa startup é uma operação financeira semelhante a uma operação de crédito e também não tem impacto no déficit primário”, disse.
O economista também lembrou dos incentivos fiscais. “Em muitos lugares do mundo, as empresas apoiam a renúncia fiscal ou a subvenção econômica de forma direta ou de forma indireta”, comentou. Ele pontuou que, se as pessoas querem entender o investimento do setor privado, esse tipo de incentivo deve ser compreendido.
Representando a iniciativa privada, o diretor de Tecnologia e Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Jefferson Gomes, acrescentou que a comunicação para a CT&I é fundamental para angariar novos investimentos e entender a importância da inovação para o desenvolvimento do país. Citando a energia produzida, ele demonstrou como as empresas podem ser entusiastas nos investimentos do setor.
“Se a gente está falando em energia e mobilidade, a gente está falando em produto. Somos consumidores de produtos, nós somos chamados de consumidores. E se Brasil pode ser um grande espaço de consumo, ele também pode ser um grande espaço de fornecimento de materiais e a indústria pode ser atraída para cá”, disse. O diretor da CNI finalizou apontando para o envelhecimento da população. “O Brasil está envelhecendo e é preciso pensar numa ciência voltada às pessoas mais velhas”, concluiu.
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