Da mesma forma que a proposta de se considerar Sedna como um planeta extra-solar gera enorme polêmica, duas outras novas evidências surgem com idêntico potencial. Só que ao invés da astronomia, elas balançam conceitos ligados à origem dos mamíferos e dos seres humanos.
A primeira dessas descobertas vem da China e a segunda envolve um pesquisador brasileiro e seu colega argentino. Cientistas chineses descobriram fósseis de dois mamíferos do tamanho de um cachorro, similares, atualmente, ao Diabo da Tasmânia, um agressivo marsupial.
Para entender o que isso significa, é preciso dizer que a tese mais aceita diz que os primeiros mamíferos eram animais pequenos, como ratos, e que vivam escondidos em tocas. Somente após a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos, eles teriam crescido e se diversificado.
Porém, essa tradicional visão está, agora, irremediavelmente abalada. De cara, um dos fósseis descobertos na China é de um mamífero com mais de um metro de comprimento e 12 quilos. Já o segundo fóssil reservou uma surpresa ainda maior: restos de ossos e dentes em sua barriga.
"A princípio achamos que talvez fosse um embrião na barriga da mãe", disse o cientista Jin Meng. "Mais tarde ficou claro que se tratavam de dentes de um dinossauro, e que o lugar onde eles estavam correspondia ao local onde ficava o estômago do mamífero", disse Meng.
Negróide
Rapidamente, a descoberta agradou a alguns e desagradou a muitos, um processo muito conhecido pelo pesquisador brasileiro Walter Neves. É dele, em parceria com o argentino Hector Pucciarelli, a polêmica hipótese de que os primeiros habitantes da América tinham traços semelhantes aos dos atuais aborígines australianos e negros africanos.
Ao longo dos últimos 20 anos, a dupla foi duramente criticada, principalmente por cientistas norte-americanos. O debate, que incluiu até trocas de ofensas pessoais, se deve ao fato da teoria atual defender que a América teria sido colonizada por seres humanos com feições orientais.
Nesse sentido, a principal crítica contra Neves e Pucciarelli era a de que eles basearam seus estudos num único crânio, encontrado pelo brasileiro nas proximidades de Belo Horizonte (MG) e batizado com o nome de Luzia.
Mas, agora, a dupla sul-americana reaparece com novas e desta vez variadas provas. Ao invés de um fóssil, eles encontraram nove, todos com evidências negróides.
"Luzia não é uma aberração", disse Neves à Agência FAPESP, numa clara alusão aos duros ataques recebidos nas últimas décadas.
Neste ano, ele quer provar, definitivamente, que "Luzia não estava sozinha", ou seja, ela fazia parte de um grupo que migrou há mais de 12 mil anos, atravessando o estreito do mar de Bering (que separa a Rússia do Alasca), mas que há milhares de anos no passado estava coberto pelo gelo.
Caso tenha sucesso, sua tese, que já era aceita por vários outros especialistas internacionais, poderá, enfim, reescrever um pedaço da odisséia humana, que teria começado no sul da África e, após sucessivas migrações, teria alcançado o leste da Ásia e daí a América. Mas, até lá, o debate permanece, evidenciando que para a Ciência, nada é definitivo, nem a história planetária, dos dinossauros ou dos seres humanos.
O enigma dos flabelíferos
Cientistas alemães descobriram o mais antigo fóssil de um inseto, que viveu há 39 milhões de anos, informou um acadêmico da Universidade de Jena, na Alemanha. O inseto, encontrado em uma pedra de âmbar (resina fossilizada, de cor amarelada - foto), foi adquirido de um colecionador por mil euros e batizado com o nome de Protoxenos janzeni. Ele pertence à classe dos flabelíferos, por suas asas em forma de leque, informou o professor Hans Pohl. O animal media oito milímetros de comprimento e tinha dentes para se alimentar, diferentemente dos seus descendentes atuais, que parasitam outros insetos e medem apenas seis milímetros, vivendo apenas duas horas - o suficiente para se reproduzir, explicou o cientista. Falta, agora, descobrir a origem dos flabelíferos, "o mais enigmático de todos os insetos", segundo Pohl.
A primeira dessas descobertas vem da China e a segunda envolve um pesquisador brasileiro e seu colega argentino. Cientistas chineses descobriram fósseis de dois mamíferos do tamanho de um cachorro, similares, atualmente, ao Diabo da Tasmânia, um agressivo marsupial.
Para entender o que isso significa, é preciso dizer que a tese mais aceita diz que os primeiros mamíferos eram animais pequenos, como ratos, e que vivam escondidos em tocas. Somente após a extinção dos dinossauros, há 65 milhões de anos, eles teriam crescido e se diversificado.
Porém, essa tradicional visão está, agora, irremediavelmente abalada. De cara, um dos fósseis descobertos na China é de um mamífero com mais de um metro de comprimento e 12 quilos. Já o segundo fóssil reservou uma surpresa ainda maior: restos de ossos e dentes em sua barriga.
"A princípio achamos que talvez fosse um embrião na barriga da mãe", disse o cientista Jin Meng. "Mais tarde ficou claro que se tratavam de dentes de um dinossauro, e que o lugar onde eles estavam correspondia ao local onde ficava o estômago do mamífero", disse Meng.
Negróide
Rapidamente, a descoberta agradou a alguns e desagradou a muitos, um processo muito conhecido pelo pesquisador brasileiro Walter Neves. É dele, em parceria com o argentino Hector Pucciarelli, a polêmica hipótese de que os primeiros habitantes da América tinham traços semelhantes aos dos atuais aborígines australianos e negros africanos.
Ao longo dos últimos 20 anos, a dupla foi duramente criticada, principalmente por cientistas norte-americanos. O debate, que incluiu até trocas de ofensas pessoais, se deve ao fato da teoria atual defender que a América teria sido colonizada por seres humanos com feições orientais.
Nesse sentido, a principal crítica contra Neves e Pucciarelli era a de que eles basearam seus estudos num único crânio, encontrado pelo brasileiro nas proximidades de Belo Horizonte (MG) e batizado com o nome de Luzia.
Mas, agora, a dupla sul-americana reaparece com novas e desta vez variadas provas. Ao invés de um fóssil, eles encontraram nove, todos com evidências negróides.
"Luzia não é uma aberração", disse Neves à Agência FAPESP, numa clara alusão aos duros ataques recebidos nas últimas décadas.
Neste ano, ele quer provar, definitivamente, que "Luzia não estava sozinha", ou seja, ela fazia parte de um grupo que migrou há mais de 12 mil anos, atravessando o estreito do mar de Bering (que separa a Rússia do Alasca), mas que há milhares de anos no passado estava coberto pelo gelo.
Caso tenha sucesso, sua tese, que já era aceita por vários outros especialistas internacionais, poderá, enfim, reescrever um pedaço da odisséia humana, que teria começado no sul da África e, após sucessivas migrações, teria alcançado o leste da Ásia e daí a América. Mas, até lá, o debate permanece, evidenciando que para a Ciência, nada é definitivo, nem a história planetária, dos dinossauros ou dos seres humanos.
O enigma dos flabelíferos
Cientistas alemães descobriram o mais antigo fóssil de um inseto, que viveu há 39 milhões de anos, informou um acadêmico da Universidade de Jena, na Alemanha. O inseto, encontrado em uma pedra de âmbar (resina fossilizada, de cor amarelada - foto), foi adquirido de um colecionador por mil euros e batizado com o nome de Protoxenos janzeni. Ele pertence à classe dos flabelíferos, por suas asas em forma de leque, informou o professor Hans Pohl. O animal media oito milímetros de comprimento e tinha dentes para se alimentar, diferentemente dos seus descendentes atuais, que parasitam outros insetos e medem apenas seis milímetros, vivendo apenas duas horas - o suficiente para se reproduzir, explicou o cientista. Falta, agora, descobrir a origem dos flabelíferos, "o mais enigmático de todos os insetos", segundo Pohl.