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Diário de Natal

O caminho da cura de doenças

Publicado em 30 janeiro 2005

Ao desmembrar o DNA no laboratório de Biologia Molecular e Genômica da UFRN, pesquisadores estão no caminho de evitar infecções em aves produzidas para exportação, combater doenças em seres humanos, produzir plásticos biodegradáveis, reduzir impactos da poluição em garimpos e até mesmo impedir que bactérias se alimentem de petróleo. Trata-se de estudos ligados ao projeto Genoma, realizado aqui no Estado em parceria com cientistas de outras localidade do Brasil e do mundo.
O estudo mais recente, realizado pelo laboratório de Biologia Molecular e Genômica da UFRN (LBMG), dentro da Rede Nacional do Projeto Genoma Brasileiro, trata da bactéria Mycoplasma synoviae. Esse organismo é um patógeno (causador de doenças) em aves. O trabalho com o Mycoplasma pretende principalmente criar sistemas para permitir o diagnóstico rápido da doença para amenizar prejuízos às exportações brasileiras.
Segundo bióloga Lucymara Fassarella, coordenadora do laboratório, quanto mais rápido for indentificada a presença do patógeno, é possível intervir e evitar que a infecção se espalhe. O seqüenciamento do DNA, que é a parte da pesquisa que faz conhecer o DNA, da bactéria de aves já está pronto e o artigo será submetido à publicação científica este ano. O próximo passo da pesquisa vai ser a genômica funcional. Essa etapa compreende o estudo das funções dos genes que foram encontrados.
No laboratório da UFRN, a primeira bactéria a ser estudada através da Rede Nacional, foi a Chromobacterium violaceum. Das oito proposta de organismos, o Projeto Genoma escolheu a Chromobacterium pelo potencial biotecnológico. O organismo já era conhecido por cientistas pela capacidade de combater doenças como o Mal de Chagas e a Leishmaniose, produzir plásticos biodegradáveis ou reduzir impactos da poluição em áreas de garimpo.
Além do projeto Genoma Brasileiro, O LBMG-UFRN firmou parcerias com a Petrobrás, como também está no projeto Genoma camarão e cana-de-açúcar. No trabalho ligado ao petróleo, segundo a professora Fassarella, o estudo tem interesse em bactérias que ajam sobre o óleo. A bactéria usa a fonte de combustível como alimento quando não tem açúcar disponível, principal fonte de sobrevivência do organismo.''É possível encontrar bactéria num reservatório de petróleo e se essa bactéria estar se alimentando do óleo, ela vai alterar as características químicas, o ph, a viscosidade, diminuindo o valor de venda'', afirma a pesquisadora. Lucymara acrescenta que a descoberta de que a bactéria pode degradar o óleo, possibilita limpar áreas atingidas por derramamento.
O LBMG-UFRN foi escolhido entre 75 laboratórios para participar da Rede Nacional do Projeto Genoma Brasileiro. Desse total, apenas 25 foram selecionados. A pesquisa com DNA no Brasil começou a partir de um trabalho bem sucedida sobre a bactéria Xylella fastidiosa, conhecida como amarelinho-praga que dá em laranja. O estudo foi publicado na capa da revista Nature, publicação científica bastante reconhecida no meio científico internacional.
O sucesso do trabalho realizado com o amarelinho por um consórcio de laboratórios paulistas apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP, fez com que o CNPq e o Ministério da Ciência e Tecnologia criasse o Projeto Genoma Brasileiro.