A conclusão do Projeto Genoma sobre a Xylella fastidiosa, bactéria causadora do amarelinho, marcou a entrada do Brasil no seleto grupo dos países líderes em tecnologia biomolecular. Além de que o amarelinho, doença que atinge 30% dos laranjais brasileiros, agora está com os dias contados.
O trabalho foi desenvolvido pela Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo(Fapesp) e pelo Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), sob a coordenação do pesquisador inglês Andrew Simpson, do Instituto de Pesquisa Ludwig.
Foi a primeira vez que o genoma de uma bactéria patológica a plantas foi decodificado no mundo. O projeto consumiu investimentos de US$ 13 milhões, financiados pela Fapesp.
Andrew Simpson explica que o primeiro passo para o seqüenciamento de genoma foi isolar o organismo, no caso a bactéria. Os cientistas extraem o DNA (proteína que tem o código genético) é hoje uma ameaça a todos os produtores de laranja, já que pode atingir muitas variedades da fruta.
No Projeto Genoma. o DNA da Xylella foi quebrado em três milhões de pedaços, analisados por uma equipe de 200 profissionais em 35 laboratórios.
Detectada pela primeira vez em 1987, a Xylella fastidiosa disseminou-se rapidamente pelo país. A planta doente cresce pouco, os brotos e os ramos morrem e a copa reduz seu tamanho. As laranjas ficam pequenas e duras e produtividade cai em até 50%.
O Brasil é hoje o maior exportador mundial da fruta, tendo gerado US$ 1,6 bilhão em 1999 com o comércio internacional da fruta. Em 2000, o país deve produzir 400 milhões de caixas de 40,8 kg. São Paulo é responsável por 85% da produção brasileira. As lavouras e a indústria processadora geram 400 mil empregos diretos.
BIOINFORMÁTICA
Segundo o diretor científico da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), José Fernando Perez, o sucesso do projeto genoma foi em grande parte, resultado do uso do que há de mais moderno em trabalho de rede. "Montamos um instituto virtual com tecnologia de ponta, porque tudo tinha que ser muito preciso e rápido", explica.
A necessidade de se criar uma "cultura do genoma" no Brasil levou a Fapesp a criar o projeto. Ter equipes aptas a seqüenciar microorganismos em larga escala, segundo o diretor, trará resultados fantásticos não apenas para a agricultura, mais também no caso de patologias que afetam o homem.
O gerente do departamento científico da Fundecitrus, Antônio Juliano Brasileiro Ayres, classificou de brilhante a atuação da equipe do professor Simpson.
A instituição participou do projeto com US$ 300 mil e é uma das principais interessadas na erradicação do amarelinho. "Agora que nós já conhecemos o inimigo, vamos estudar a melhor forma de eliminá-lo", disse Ayres.
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O Tempo