Cálculo foi feito por pesquisadores brasileiros e publicado no site 'Covid-19 Brasil'. Apenas em São Paulo, seriam 526 mil registros da doença.
Cientistas brasileiros fizeram uma estimativa do número real de casos de coronavírus no Brasil: 1,6 milhão. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (7) no site "Covid-19 Brasil", sendo que 526 mil infecções estariam no estado de São Paulo.
Os dados do Ministério da Saúde divulgados até esta quinta-feira apontam 135 mil casos no país, número 12 vezes menor do que a estimativa do grupo de cientistas. Essa subnotificação é abordada por outros especialistas e, com base em dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e registros dos órgãos regionais, o G1 noticiou que os números reais da doença são maiores do que os apresentados pelo Governo Federal.
De acordo com os pesquisadores que calcularam esta nova estimativa, o novo número de 1,6 milhão de casos poderia colocar o Brasil como o novo epicentro da doença, já que os Estados Unidos têm 1,2 milhão de registros de Covid-19 e uma população maior.
"É sabido que existe uma grande subnotificação de casos no Brasil todo, pois só estão sendo testados os casos graves, de quem vai para os hospitais. Mas de quanto é essa distorção da realidade? A motivação deste estudo é, de alguma forma, contribuir para o planejamento da epidemia, pois com essa subnotificação tremenda só estamos vendo a ponta do iceberg", diz Domingos Alves, integrante do grupo COVID-19 Brasil e coordenador do Laboratório de Inteligência em Saúde (LIS) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP).
O grupo de cientistas que assina o trabalho está em mais de 10 universidades brasileiras para monitorar a epidemia por meio de técnicas de ciências de dados. Eles ressaltam que um número mais próximo da realidade permitiria um melhor planejamento contra a doença.
"Para ter uma noção real da dimensão, o ideal seria testagem em massa. Como não temos testes disponíveis para todos, as estimativas podem servir de base para o gerenciamento de medidas de confinamento, necessidade de novos leitos e da abertura de hospitais de campanha", diz Alves à Agência Fapesp.
Como chegaram à estimativa
Os pesquisadores usaram dados da Coreia do Sul, ajustaram fatores da pirâmide etária do Brasil, percentual de comorbidades e fatores de risco para a Covid-19 na população. O número de óbitos também foi levado em consideração.
"Aparentemente, o número de óbitos é um preditor para o número de casos. Já se sabe que a taxa de letalidade em diferentes países é mais ou menos fixa: 5,8% do total de casos", disse Alves.