Agência Fapesp
Cerca de 609 mil brasileiros com mais de 20 anos de idade eram obesos mórbidos em 2003. A cifra indica um crescimento de 255% no número de pessoas nessas condições nas últimas três décadas no Brasil, de acordo com um estudo que acaba de ser concluído por pesquisadores das universidades de Brasília (UnB) e de São Paulo (USP).
Os autores do trabalho são Isabella Vasconcellos de Oliveira e Leonor Maria Pacheco Santos, do Departamento de Nutrição da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB, e Wolney Conde, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Os resultados foram obtidos a partir de três inquéritos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
São eles o Estudo Nacional de Despesa Familiar (Endef), realizado em 1974 e 1975, a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), de 1989, e a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), cujas informações foram coletadas em 2002 e 2003 e divulgadas em 2004. As pesquisadoras se concentraram nos dados sobre medidas antropométricas presentes nos inquéritos nacionais.
"Diagnosticamos a obesidade mórbida com base nas informações de peso e altura coletadas nos bancos de dados dos três inquéritos, que constituem a amostra mais representativa do estado nutricional da população adulta brasileira", explicou Leonor, da UnB, à Agência FAPESP.
A obesidade mórbida ocorre quando o Índice de Massa Corporal (IMC), que é o peso do indivíduo dividido pela sua altura ao quadrado, é igual ou maior a 40. O peso normal corresponde à faixa entre 20 e 25. "Calculamos o IMC de todos os indivíduos dessa amostra e, para chegar à estimativa aproximada das 609 mil pessoas, fizemos uma extrapolação considerando o número de brasileiros adultos em 2003", acrescentou.
Segundo o trabalho, a prevalência de indivíduos com obesidade mórbida em 2003 era de 0,64% entre os brasileiros acima de 20 anos. Em 1999 o índice era de 0,33% e, em 1975, de 0,18%. "Apesar de não termos dados mais atualizados, essa evolução relativa de 255% desde a década de 1970 sinaliza uma tendência de crescimento do problema para os próximos anos", afirmou Leonor.