Balanço do Ministério da Saúde aponta que 240 casos foram descartados e dois confirmados
O número de casos suspeitos de infecção pelo novo coronavírus, o Covid-19, no Brasil aumentou de 433 para 488, divulgou o Ministério da Saúde em coletiva à imprensa nesta terça-feira (3).
O país segue com dois casos confirmados, de um homem de 61 anos e outro de 32 anos, ambos em São Paulo. Das notificações suspeitas, 240 foram descartadas. A maioria dos casos suspeitos está em São Paulo, com 130, em seguida vem Rio Grande do Sul, com 82, e em Rio de Janeiro, com 62.
No mundo, são 88.948 casos confirmados, sendo 1.804 novos. Os quadros estão em 64 países, com seis novos. Chile e Argentina confirmaram casos na América do Sul. O número de óbitos chegou a 3.043.
Lista de países
O Ministério da Saúde vai incluir até a quarta-feira (4) novos países na lista de alerta para casos suspeitos do novo coronavírus, incluindo os Estados Unidos, informou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis.
Com isso, segundo ele, aproximadamente 30 países estarão na lista. Se enquadram em casos suspeitos as pessoas que regressam desses países e apresentarem febre e mais um sintoma gripal, como tosse ou falta de ar. Em função da ampliação, a pasta destacou que, a partir de agora, a preocupação do ministério é mais direcionada a prevenção e assistência, e menos as estatísticas. "Com inclusão dos EUA, número de suspeitos tende a crescer muitas vezes", disse Gabbardo.
Com isso, o secretário-executivo afirmou que a orientação do ministério é de que, pessoas que venham da lista de países em alerta, não procurem o sistema de saúde quando tiverem apenas "sintomas leves ou estiverem quase assintomáticas".
Temos que desmobilizar esse movimento. Se não vamos encher unidades de saúde. Não precisamos impor que as pessoas se dirijam a unidades de saúde com sintomas leves", afirmou Gabbardo.
O secretário explicou que não há necessidade das pessoas que apresentam tosse ou febre leve corram para as unidades de saúde. Ele recomenda que se o cidadão apresenta alguns dos sintomas, pode ligar para o 136 para tirar dúvidas.
“Nós não precisamos impor as pessoas que procurem as unidades de saúde com sintomas leves. Vamos deixar para ir à unidade médica quem está com sintomas mais graves”.
O governo estuda aumentar a capacidade de atendimento nas Unidades de Atenção Básica de Saúde. “Unidades básicas de saúde terão uma nova política de incentivo para ampliar a oferta de atendimento para evitar a sobrecarga nas emergências dos hospitais.”
Gabbardo também explicou que à medida que o vírus se espalha pelo mundo, será mudado o critério para dizer se o paciente é um caso suspeito de coronavírus. “Em breve será: tem sintomas e tem viagem internacional entra para lista de suspeito. Não será mais necessário fazer lista de países suspeitos.” E antecipou que chegará um momento em que será adotada a vigilância sentinela, que monitora a tendência de aumento da circulação do vírus na região.
Exames do novo coronavírus
Ministério de Saúde ampliou o número de laboratórios capazes de detectar o Covid-19. Além de São Paulo, Rio Grande do Sul, Amazonas, Espírito Santo, Paraná e Santa Catarina estão preparados para fazer exame que detecta o novo coronavírus. “Temos que ter resposta laboratorial condizentes a nova demanda”, afirmou Gabbardo.
Genoma
O genoma do novo coronavírus de amostra coletada do primeiro paciente diagnosticado no Brasil é diferente do genoma do segundo paciente que teve confirmação para a doença no país. Além disso, eles são diferentes do sequenciamento feito em pacientes na China. Isso é o que confirmou a pesquisa feita por cientistas do Instituto Adolf Lutz em parceria com o Instituto Tropical da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Isso indicaria, segundo os pesquisadores, que está ocorrendo transmissão interna nos países da Europa.
“O primeiro isolado se mostrou geneticamente mais parecido com o vírus sequenciado na Alemanha. Já este segundo genoma assemelha-se mais ao sequenciado na Inglaterra. E ambos são diferentes das sequências chinesas. Tal fato sugere que a epidemia de coronavírus está ficando madura na Europa, ou seja, já está ocorrendo transmissão interna nos países europeus. Para uma análise mais precisa, porém, precisamos dos dados da Itália, que ainda não foram sequenciados”, disse Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP.
O primeiro caso do novo coronavírus em um morador do Brasil foi identificado no dia 26 de fevereiro. Dois dias após a confirmação, os pesquisadores conseguiram fazer o primeiro sequenciamento genético do novo coronavírus (o Covid-19) da América Latina. O segundo caso do novo coronavírus no Brasil foi confirmado no dia 29 de fevereiro. Ambos os pacientes são moradores de São Paulo, mas estiveram recentemente na Itália.
Segundo a Fapesp, o sequenciamento completo do segundo caso isolado viral foi concluído em 24 horas.