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Novos insetos estão por vir

Publicado em 29 dezembro 2009

Mais de cinco anos de pesquisa (financiada pela Fapesp, dentro do projeto Biota), pesquisadores de três instituições (Unesp de Jaboticabal, Museu de Zoologia da USP e Universidade Federal do ABC), e um resultado surpreendente: o estudo pode revelar até mil novas espécies de insetos brasileiros. O trabalho, coordenado pelo professor Dalton de Souza Amorim, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCLRP) de Ribeirão Preto da USP, coletou exemplares desde o Estado de Santa Catarina até a Paraíba, passando pelo interior de São Paulo, Sul de Goiás, Oeste de Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. "Boa parte do material do estudo veio de outro Projeto Biota da Fapesp, com exemplares coletados basicamente ao longo da Serra do Mar", conta o professor Amorim.

Entre os milhares de insetos e moscas coletados, cerca de mil são de espécies e até de gêneros novos. Desses insetos, 50 revelaram-se como espécies totalmente novas e uma delas, de um gênero ainda desconhecido, surpreendeu também o pesquisador australiano Daniel Bickel, um dos colaboradores do projeto, pela beleza do exemplar. "Algumas (espécies) ainda não haviam sido encontradas no Brasil", reconhece o professor.

Uma das constatações feita pelos pesquisadores foi o fato de terem identificado diferenças de até 100% em determinadas espécies entre aquelas encontradas no litoral e as que vivem no interior. A partir desta realidade, o professor Amorim alerta que os programas de proteção das áreas de florestas não devem ser os mesmos. "As espécies que estão nas florestas do interior, que são mais secas, estão extremamente ameaçadas em função, principalmente, da cultura da cana de açúcar, da soja e da laranja. A monocultura praticamente dizimou essas florestas, existindo muito poucas áreas protegidas nas regiões em que vivem essas espécies", revela.

E vai mais longe: "Ainda não conhecemos a importância ecológica desses insetos, precisaremos de estudos mais detalhados. Contudo, eles fazem parte de um ecossistema". Para Amorim, "não temos noção da regionalização da fauna. Identificamos que cada região, como Espírito Santo e Rio de Janeiro, por exemplo, têm faunas muito distintas. Saber a distribuição dessas faunas vai apontar em qual local as reservas biológicas devem ser colocadas. O mais urgente é a criação de reservas de florestas no interior", destaca o professor.