Diretor do Instituto Butantan e membro do Comitê de Contingência ao Coronavírus de São Paulo, o médico Dimas Covas projeta aumento de casos confirmados de Covid-19 no estado até outubro, com desaceleração a partir de novembro.
A quantidade de mortes deve continuar em um patamar considerado alto até o início de 2021.
A avaliação foi feita durante o webinar "Quatro meses de pandemia da Covid-19 no Brasil: balanço e perspectivas para o futuro", promovido pela Agência Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa de São Paulo) e pelo Canal Butantan na última terça-feira (14).
"Embora muitos tenham a falsa sensação de que estamos em um momento de inflexão da curva epidêmica no estado, a realidade é que o número de novos casos ainda deve continuar aumentando pelo menos até outubro, considerando o nível de isolamento atual, entre 45% e 50%", afirmou Covas.
"A queda só deve ocorrer de fato a partir de novembro e isso se não houver alguma mudança na tendência".
Na avaliação dele, a curva de óbitos parece ter se estabilizado no estado, mas em um patamar elevado -- em torno de 300 por dia -- e tal situação deve se prolongar até o início de 2021.
"Alguns dirigentes têm usado o platô como argumento para relaxar as medidas de isolamento social. Mas, na realidade, o platô é a assinatura do fracasso das políticas de contenção", disse Eduardo Massad, professor e pesquisador da Escola de Matemática Aplicada da FGV (Fundação Getúlio Vargas) e participante do webinar.
"Toda curva epidêmica que se preze tem de atingir o pico e começar a cair. Mas, como há evidências de que a adesão ao isolamento está diminuindo, muito provavelmente a curva de novos casos vai se manter. Na cidade de São Paulo, por exemplo, ela deve se estabilizar em 17 mil novas infecções por dia até, possivelmente, novembro", acrescentou..