As mudanças bruscas de temperatura têm causado estranheza entre os adultos, mas as crianças é que estão entre o grupo dos mais prejudicados.
Segundo o pediatra, professor do departamento de pediatria e chefe do serviço de emergência do Hospital Universitário (HU), Saulo Duarte Passos, um novo vírus provocado pela inversão do clima tem vitimado crianças entre 8 meses e 1 ano, provocando febre alta de 2 a 3 dias e vermelhidão no corpo. Trata-se do herpes 6. O especialista acrescenta que o vírus pode causar inclusive convulsão febril na criança.
Saulo integra a equipe de pesquisa do projeto Genoma Vírus, que tem o patrocínio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e reúne aproximadamente 12 centros, entre eles o Hospital Universitário, único da região a integrar o projeto.
Outro ponto destacado por Saulo refere-se à mutação dos vírus. "Existem vírus específicos para cada época do ano, mas atualmente eles não estão respeitando muito essa regra, especialmente numa região como a nossa, que tem as quatro estações do ano em um único dia", salienta.
O pronto-socorro infantil do Hospital Universitário de Jundiaí registrou o pico de 11.824 atendimentos nos meses de maio e junho deste ano, sendo a maioria vítima do vírus causador da bronquiolite, doença que atinge crianças abaixo dos 5 anos de idade, provoca corisa nasal e chiado no peito e, em casos graves, leva à internação para tratamento com oxigênio.
"As mães devem manter a criança saudável, com as vacinas em dia e acompanhamento médico, para poder enfrentar as famosas viroses", orienta Saulo.
Outro ponto destacado pelo especialista é que as mudanças dos vírus têm causado confusão e provocado equívoco no diagnóstico. "Tivemos muitos casos de crianças que chegaram ao hospital como se tivessem pneumonia e que tinham sido tratadas com antibióticos, quando na verdade o que tinham era uma virose", acrescenta.
O pediatra explica que o tratamento para as viroses é sintomático, ou seja, tratando dos sintomas isoladamente para evitar complicações.