Por Roberto Rodrigues
OS GRANDES saltos de competitividade alcançados pela agropecuária brasileira se devem essencialmente aos avanços tecnológicos, seja com novas variedades cultivadas ou práticas de cultivo, seja com o uso racional de insumos, novos equipamentos etc., e é reconhecido o extraordinário papel da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) no processo de geração de conhecimento para o campo. Criada em 1973, ela é hoje referência mundial em excelência tecnológica.
No entanto, muito antes dela, instituições hoje centenárias deram início à moderna agricultura brasileira extensiva substituindo o velho modelo extrativista ou de subsistência pela nossa atual competência alicerçada em conhecimentos científicos. É histórico o papel desempenhado pela Esalq/USP e pelo IAC, fundado em 1887, entre outras importantes instituições paulistas de ensino, pesquisa e extensão rural.
O legado do Instituto Agronômico de Campinas é extenso: o estabelecimento da cultura diversificada em contraposição à monocultura do café; a importância do conhecimento do ambiente agrícola (solo, clima, recursos hídricos); a adubação em bases científicas; o melhoramento genético de culturas de interesse econômico e a expansão do cultivo de espécies de clima temperado no ambiente tropical são exemplos notáveis.
Hoje, o IAC trabalha no melhoramento genético de espécies de interesse energético, como cana-de- -açúcar, mandioca, mamona, amendoim, girassol, pinhão-manso, soja; e de espécies de interesse alimentício, como arroz, feijão, trigo, mandioca, batata e frutas cítricas. Esse melhoramento genético é um trabalho de longo prazo e de extrema precisão e envolve a resistência às doenças existentes no Brasil, estresses do ambiente, limitações de fertilidade do solo etc. Isso tudo é auxiliado pelo estudo do ambiente agrícola, como dados meteorológicos, recursos hídricos disponíveis, a aplicação das ferramentas de biologia molecular para o conhecimento das características genéticas, seja das plantas, seja dos organismos causadores de doenças.
Há esforços na calibração do uso de macro e micronutrientes, permitindo maior economia, menor desperdício de insumos e menor agressão ao ambiente. A Secretaria da Agricultura e o governo do Estado de São Paulo reconhecem a excelência do trabalho desenvolvido no IAC e estão aportando recursos crescentes na infraestrutura para pesquisa. Agências de fomento, como o CNPq e a Fapesp, fazem o mesmo.
Todo esse trabalho corre o risco de ser interrompido caso permaneçam as condições atuais de remuneração dos cientistas. Dos 196 pesquisadores do IAC, 190 têm pós-graduação, mas em três anos cerca de 40% deles terão tempo para aposentadoria, o que já é um problema para a continuidade dos trabalhos. Pior: o salário inicial de um pesquisador do IAC é de R$ 2.700,00, enquanto na Embrapa chega a R$ 6.900,00. Viva a Embrapa, que fará um concurso no final deste ano para contratar cerca de 700 pesquisadores.
Seria natural que os excelentes técnicos do IAC mudassem de time, rompendo a bela história que nos lançou no cenário agrícola global. Temos um extraordinário secretário da Agricultura em São Paulo, jovem, entusiasmado, lutador, que se preocupa com esse cenário. É preciso dar a ele todo o apoio para fortalecer o IAC e os outros órgãos de pesquisa e extensão do Estado, base do nosso progresso.
ROBERTO RODRIGUES, 67, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp - Jaboticabal, foi ministro da Agricultura (governo Lula).
No entanto, muito antes dela, instituições hoje centenárias deram início à moderna agricultura brasileira extensiva substituindo o velho modelo extrativista ou de subsistência pela nossa atual competência alicerçada em conhecimentos científicos. É histórico o papel desempenhado pela Esalq/USP e pelo IAC, fundado em 1887, entre outras importantes instituições paulistas de ensino, pesquisa e extensão rural.
O legado do Instituto Agronômico de Campinas é extenso: o estabelecimento da cultura diversificada em contraposição à monocultura do café; a importância do conhecimento do ambiente agrícola (solo, clima, recursos hídricos); a adubação em bases científicas; o melhoramento genético de culturas de interesse econômico e a expansão do cultivo de espécies de clima temperado no ambiente tropical são exemplos notáveis.
Hoje, o IAC trabalha no melhoramento genético de espécies de interesse energético, como cana-de- -açúcar, mandioca, mamona, amendoim, girassol, pinhão-manso, soja; e de espécies de interesse alimentício, como arroz, feijão, trigo, mandioca, batata e frutas cítricas. Esse melhoramento genético é um trabalho de longo prazo e de extrema precisão e envolve a resistência às doenças existentes no Brasil, estresses do ambiente, limitações de fertilidade do solo etc. Isso tudo é auxiliado pelo estudo do ambiente agrícola, como dados meteorológicos, recursos hídricos disponíveis, a aplicação das ferramentas de biologia molecular para o conhecimento das características genéticas, seja das plantas, seja dos organismos causadores de doenças.
Há esforços na calibração do uso de macro e micronutrientes, permitindo maior economia, menor desperdício de insumos e menor agressão ao ambiente. A Secretaria da Agricultura e o governo do Estado de São Paulo reconhecem a excelência do trabalho desenvolvido no IAC e estão aportando recursos crescentes na infraestrutura para pesquisa. Agências de fomento, como o CNPq e a Fapesp, fazem o mesmo.
Todo esse trabalho corre o risco de ser interrompido caso permaneçam as condições atuais de remuneração dos cientistas. Dos 196 pesquisadores do IAC, 190 têm pós-graduação, mas em três anos cerca de 40% deles terão tempo para aposentadoria, o que já é um problema para a continuidade dos trabalhos. Pior: o salário inicial de um pesquisador do IAC é de R$ 2.700,00, enquanto na Embrapa chega a R$ 6.900,00. Viva a Embrapa, que fará um concurso no final deste ano para contratar cerca de 700 pesquisadores.
Seria natural que os excelentes técnicos do IAC mudassem de time, rompendo a bela história que nos lançou no cenário agrícola global. Temos um extraordinário secretário da Agricultura em São Paulo, jovem, entusiasmado, lutador, que se preocupa com esse cenário. É preciso dar a ele todo o apoio para fortalecer o IAC e os outros órgãos de pesquisa e extensão do Estado, base do nosso progresso.
ROBERTO RODRIGUES, 67, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp - Jaboticabal, foi ministro da Agricultura (governo Lula).