Um tratamento inovador para pacientes que sofrem de diabetes tipo 1 baseado em altas doses de quimioterapia e no transplante de células-tronco extraídas de seus próprios organismos apresentou resultados promissores, segundo estudo realizado pela Universidade de São Paulo e publicado no Journal of the American Medical Association.
De um grupo de 23 pessoas que receberam o tratamento durante a pesquisa, 20 foram dispensadas das altas doses diárias de insulina, pois seus organismos voltaram a produzir a substância com bom controle glicêmico. Além disso, aqueles que precisaram voltar a injetar a substância precisaram tomar doses bem mais baixas. Os estudos foram realizados com pacientes em estágio inicial da doença.
– Mostramos que, apesar de verificar recaída em um número de pacientes, a produção endógena de insulina aumenta tanto no grupo que recai como naquele que se torna independente das injeções. É, sem dúvida nenhuma, um excelente re sultado – contou o coordenador Julio Voltarelli, Voltarelli à Agência Fapesp.
A diabetes tipo 1 atinge cerca de 1 milhão de pessoas no Brasil. Segundo Voltarelli, apesar de corresponder a no máximo a 10% dos casos da doença, é justamente o tipo mais grave, especialmente para crianças.
Segundo o professor titular do Departamento de Clínica Médica da USP, a estratégia consiste em submeter os pacientes à imunossupressão, isto é, injeção de altas doses de drogas que desativam o sistema imunológico, impedindo-o de atacar as células do pâncreas.
Isso é necessário uma vez que a diabetes tipo 1 faz com que as próprias células do sistema de defesa do corpo ataquem as que estão no pâncreas, que são especialistas na produção de insulina.