Testes em laboratório com o imunosensor mostraram sensibilidade de 88,7% para detecção de anticorpos e especificidade de 100%
Pesquisadores brasileiros do Centro de Ciências Naturais e Humanas da Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Paulo, desenvolveram um método rápido e relativamente barato de identificar a presença de anticorpos contra o coronavírus em amostras de sangue.
O resultado é apresentado em apenas cinco minutos e poderá auxiliar ações de saúde pública para monitorar a eficácia de diferentes programas e campanhas de vacinação, além de entender os índices de imunidade da população.
O trabalho da equipe do químico Wendel Alves, professor do UFABC e principal autor do estudo, foi publicado com destaque na edição de setembro da revista ACS Biomaterials Science and Engineering.
O imunosensor, como é chamado, foi desenvolvido a partir da combinação de óxido de zinco combinado com FTO, um vidro condutor de elétrons, com o acréscimo da proteína spike do vírus Sars-CoV-2, causador da Covid-19.
“Por meio dessa combinação inusitada e acrescentando uma biomolécula, a proteína viral spike, foi possível desenvolver uma superfície com capacidade de detecção de anticorpos contra o vírus Sars-CoV-2”, explicou Alves.
O eletrodo criado foi capaz de detectar os anticorpos contra o coronavírus presentes nas amostras de sangue em cerca de cinco minutos. A sensibilidade do teste foi de 88,7% e a especificidade, de 100%. Os pesquisadores observam que os resultados são melhores do que o convencional ensaio de imunoabsorção enzimática (Elisa), padrão-ouro empregado atualmente.
Além das altas taxa de sensibilidade e especificidade, os cientistas destacam o custo de fabricação relativamente baixo, além de fácil produção e utilização. Eles esperam conseguir adaptar a plataforma para uma versão portátil, que teria conexão com dispositivos móveis para facilitar a detecção de anticorpos contra a Covid-19 e outras doenças infecciosas.
Os testes foram feitos com 107 amostras de sangue separadas em quatro grupos: pré-pandemia (15); convalescentes de Covid-19 (47); vacinados sem resultado positivo anterior para a doença (25); e vacinados com resultado positivo anterior (20). Os vacinados haviam recebido duas doses de CoronaVac.
Os pesquisadores conseguiram identificar anticorpos desenvolvidos tanto pela resposta do organismo após a infecção do coronavírus quanto pela vacinação com a CoronaVac. Os cientistas informaram que pretendem expandir os testes para detectar a resposta imunológica gerada por outros fabricantes, como Pfizer e AstraZeneca.
O trabalho contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) por meio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Bioanalítica (INCTBio), e de um projeto temático.
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